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Formação retém profissionais

08.02.2003


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Cátia Mateus

A MAIORIA das empresas portuguesas (67%) aposta na formação e no desenvolvimento profissional para reter os seus trabalhadores. A conclusão é avançada pela empresa Executive Search MRI WorldWide e tem por base o "Hiring Survey 2003", um estudo realizado nos vários países onde a multinacional se encontra representada.

Segundo o mesmo documento, os incentivos e os sistemas de recompensa são a segunda "estratégia" mais utilizada pelas empresas portuguesas e apenas em terceiro lugar do "ranking" das formas de retenção de colaboradores surgem o bom ambiente de trabalho e o salário, com 45% e 42% das empresas a apostarem nestes factores.

Mas para Ana Luísa Teixeira, "managing partner" da MRI WorldWide para Portugal, apesar da formação e os sistemas de recompensa serem para as empresas nacionais duas importantes ferramentas na retenção de colaboradores, "há outras formas de retenção e motivação das pessoas que vão além das recompensas materiais".

A responsável cita como exemplos o envolvimento dos funcionários nas decisões, a sua responsabilização e o aumento da autonomia no posto de trabalho.

Embora em Portugal estas ideias só agora começem a ganhar força, as empresas nacionais não estão apenas vocacionadas para os benefícios materiais. Na realidade, 65% das organizações inquiridas no estudo confirmaram oferecer aos seus funcionários seguros de saúde e formação contínua como "complementos" à remuneração.

Os bónus em função do desempenho são adoptados por 63% das empresas, enquanto 55% das firmas nacionais preferem complementar o salário dos seus colaboradores com outros benefícios relacionados com a saúde.

São 53% as empresas que garantem uma viatura de serviço aos seus funcionários e só 30% afirmam favorecer a presença em conferências.

Os dados do inquérito realizado em Portugal revelam ainda que há mesmo organizações que optam por beneficiar os seus trabalhadores assegurando as despesas com seguros de viaturas (22%), fornecendo descontos em produtos ou serviços (18%) ou promovendo o aconselhamento dos trabalhadores no que respeita ao planeamento das suas carreiras (11%). As empresas que apostam nas "share options" como benefício não atingem os 10%.

Benefícios sem escolha possível

E apesar do leque de benefícios adoptados ser vasto, a verdade é que aos beneficiários não é permitido optar pela "oferta" mais vantajosa para eles. A flexibilidade na escolha dos benefícios é negada ao funcionário por 58% das empresas inquiridas e apenas 42% das firmas concedem a liberdade de escolha aos trabalhadores.

Uma estratégia que segundo Ana Luísa Teixeira deveria ganhar mais adeptos já que "cada ser humano é único e com pontos de interesse particulares". A responsável acredita que "por razões de equidade podemos traduzir os benefícios em valor, sendo que com o mesmo investimento é possível à empresa construir pacotes motivacionais personalizados".

Ana Luísa Teixeira não tem dúvidas em afirmar que "o ideal é que a esta flexibilidade se estenda a toda a organização, mas caso não seja possível - nomeadamente nas empresas de grande dimensão - pode definir-se um grupo-alvo que seja a chave para o negócio, ao qual se oferecem soluções costumizadas, à medida das suas necessidades e motivações".

O "Hiring Survey" foi realizado durante o mês de Outubro de 2002 e os seus resultados têm vindo a ser divulgados, por temas, pela MRI.

Ao todo foram inquiridas 428 empresas a operar em Portugal, distribuídas pelos sectores mais importantes da economia nacional: Tecnologias Multimédia e Telecomunicações (TMT); Seguros; Turismo; "Franchising"; Farmacêutico, Hospitalar e Cuidados de Saúde; Grande Consumo; Publicidade; Distribuição e Logística; Indústria; Construção Civil e Obras Públicas e Financeiro.

Trata-se de um inquérito cujo objectivo é divulgar por antecipação as intenções de contratação dos empresários em matéria de empregabilidade e gestão de recursos humanos nas organizações.

A MRI efectua esta pesquisa com uma periodicidade semestral há mais de 20 anos em todos os seus escritórios espalhados pelo mundo. Globalmente são inquiridos pelo "Hiring Survey" 15 países e 1660 pessoas.

A curto prazo serão divulgadas as estratégias nacionais no que respeita à política de teletrabalho e contratação em geral.

 


 





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