Ruben Eiras
O ACTUAL modelo de formação pedagógica inicial
de formadores assenta em necessidades teóricas e gerais e não
no conhecimento das realidades concretas das empresas.
A conclusão é do estudo "O sistema
de formação de formadores", recentemente publicado
pelo Observatório do Emprego e Formação Profissional
(OEFP). Os autores elaboraram a pesquisa com base na análise do
sistema de certificação de formação, em inquéritos
a formadores e em 10 estudos de caso.
Do cruzamento de dados, uma conclusão foi unânime: as acções
de formação de formadores passam ao lado das novas tendências
laborais, como a gestão de grupos, o trabalho em equipa, a diferenciação
de públicos, a aprendizagem permanente e as novas tecnologias.
Além disso, os investigadores detectaram uma contradição
entre as orientações pedagógicas do sistema de formação
de formadores e o de formação profissional (que emprega
uma grande parte dos formadores).
É que enquanto o último está concebido para transmitir
competências a serem desenvolvidas pelos trabalhadores, o de formação
de formadores gira à volta de áreas temáticas gerais
em que o formador é o centro do processo de aprendizagem e não
o formando. "Estes diferentes modelos conceptuais não proporcionam
a coerência entre os dois sub-sistemas de formação",
refere o estudo.
Outra das críticas patentes na pesquisa é o facto das funções
de formador estarem muito restringidas às tradicionais funções
de formador em sala, quando o mercado reclama por um perfil mais alargado.
Neste respeito, a investigação salienta que "são
necessárias equipas formativas que identifiquem e analisem as necessidades
de formação equacionadas a partir da evolução
tecnológica e dos contextos onde se realizam as profissões".
Formar para inovar
Para inverter esta situação, no domínio da oferta
formativa de formadores, os autores sugerem o investimento na formação
contínua de formadores em moldes flexíveis e modulares.
Esta deverá ter como alvo o desenvolvimento de competências
de auto-formação e aprendizagem permanente, para que os
formadores assimilem metodologias inovadoras e activas.
Além disso, também defendem que o modelo de formação
inicial deverá ser mais coerente com o sistema de formação
profissional, incorporando as novas competências exigidas na função
de formador.
Quanto às metodologias de formação, o estudo considera
que deverão ser valorizados os métodos formativos de projecto,
a fim de reforçar as competências dos formadores a nível
da concepção e da acção.
Dada a necessidade de aproximar os formadores às novas tecnologias
de informação, o documento salienta que não só
deverá ser realizado um forte investimento na formação
de formadores através do "e-learning", como também
na criação e difusão de produtos e serviços
multimédia com este objectivo.
Para aproximar os formadores do mundo do trabalho, uma das medidas a tomar
será a promoção da formação em alternância,
modalidade que combina a aprendizagem em contexto laboral com a realizada
em sala.
Outra das linhas de força para concretizar esta meta é o
apoio a projectos que promovam a interacção e o intercâmbio
de experiências entre os vários tipos de formadores, a saber,
o consultor-formador (que combina a assistência técnica com
formação profissional), o formador "clássico"
ligado a instituições formativas e o tutor (ou "coacher")
que acompanha a formação nas empresas.