Cátia Mateus
Há dez anos, a primeira edição do Prémio Jovem Empreendedor do Ano distinguia o esforço e ambição dos portugueses na conquista do espaço. E embora Portugal não tenha particular tradição na indústria aeronáutica, a verdade é que o júri da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) — entidade mentora do prémio — conseguiu ver mais além e arriscou acreditar que a Critical Software conquistaria o espaço a partir deste rectângulo chamado Portugal. Arriscou e bem, porque hoje a empresa é símbolo de uma nova geração de empresários capaz de mostrar que o país é tecnologicamente competitivo e que, com esta postura, conseguiu o patamar internacional e trabalhar directamente com a NASA. Uma década depois este prémio prossegue a ‘caça' e o reconhecimento do que de melhor se faz no empreendedorismo nacional.
Estão abertas as candidaturas para mais uma edição do Prémio Jovem Empreendedor, num ano em que Armindo Monteiro, presidente da ANJE, abre novas perspectivas para o futuro deste galardão que já faz parte das ambições de muitos jovens empreendedores. “Este prémio teve como principal missão estimular a cultura do mérito e penso que o consegui”, argumenta o líder da ANJE acrescentando que “as ideias que surgiram ao longo destes anos, em áreas tão diversas como as criopreservação de células estaminais, a domótica entre outras, tiveram o mérito de motivar os jovens portugueses para pensarem e fazerem mais além, mais à frente”.
O presidente dos jovens empresários acredita que ao longo dos anos, o prémio conseguiu demonstrar que a inovação não é apenas uma característica da alta-tecnologia e que é possível inovar com novas fórmulas, posturas e procedimentos até em conceitos e ideias que já existem.
“A inovação não é uma coisa de outra galáxia. Ela existe desde que lhe demos condições para surgir. Naturalmente que ela é mais frágil do que a rotina e por isso não é fácil fomentá-la. Se eu tenho algo que já conheço, torna-se mais difícil investir no novo e no incerto”, explica o líder. Contudo, em dez anos foram muitas as empresas que o fizeram. Tantas que além dos vencedores anuais do galardão, a ANJE atribuiu várias menções honrosas e distinguiu inúmeros projectos que vingaram e ajudaram a construir a imagem de um Portugal Empreendedor.
Recorde-se, por exemplo, o projecto Long Play que se assumiu no mercado como fabricante de embalagens de alta resistência, ou o Portal de Bolsa, na área da consultoria para os negócios e gestão ou até a Dry Car Wash que inovou apresentando um sistema de lavagem automóvel sem utilização de água. Todos estes projectos não alcançaram o título de Empreendedor do Ano, mas garantiram distinções de mérito e, segundo Armindo Monteiro, deram um importante contributo à comunidade nacional, enquanto fonte inspiracional.
O presidente da ANJE não tem dúvidas de que este prémio serve de exemplo à sociedade já que torna pública a capacidade de inovar e concretizar, vencendo todos os obstáculos, dos portugueses e isso, refere, “é um contributo muito válido e positivo”. Talvez por isso encare com bons olhos a “concorrência” de outros prémios que entretanto foram sendo criados pelas mais variadas instituições.
Nesta última década o fomento ao empreendedorismo deixou de ser uma batalha meramente associativa, para se tornar uma questão nacional que começou a ser até fomentada no quotidiano empresarial. Uma batalha pela mudança de mentalidade que coloca novas ambições ao Prémio Jovem Empreendedor.
“Este prémio foi primeiro e é ainda hoje o que tem um prémio mais elevado, 19500 euros”, explica Armindo Monteiro. Na sua essência, o conceito deste galardão permanece inalterado mas existem na edição deste ano algumas inovação. Pela primeira vez, o concurso final será precedido de concursos e prémios locais. “Cada núcleo da ANJE seleccionará o seu empreendedor local que concorre depois à final nacional, de onde sairá o Jovem Empreendedor do Ano”, explica o presidente. Além desta inovação, Armindo Monteiro acrescenta que “o processo de triagem é rigoroso e o vencedor passa pelo crivo de um júri rigoroso e de grande excelência. A meta é que o negócio vencedor seja capaz de representar Portugal nos principais concursos deste género que se realizem no estrangeiro. O que obriga os empreendedores de hoje a pensarem os seus negócios a uma escala global”.
O vencedor da edição 2007 está ainda nas mãos de um júri presidido por Daniel Bessa e integrando também nomes como Jorge Martins (administrador do BES), Rui Guimarães (director-geral da COTEC), Manuel Ferreira da Silva (BPI), entre outros.
Potencial reconhecido
Em dez anos de existência, o Prémio Jovem Empreendedor reconheceu o mérito a inúmeros projectos empresariais. Muitos deles atravessaram já fronteiras e materializaram no terreno a expressão: de Portugal para o mundo.
1ª edição (1998) A equipa da Critical Software inaugura o galardão sagrando-se Jovem Empreendedor do Ano.
2ª edição (1999) As produções digitais online da Prodígio são as vencedoras desta edição.
3ª edição (2001) Depois de um ano de interrupção, a Glogal Clip distingue-se como Jovem Empreendedor do Ano com o seu sistema de sistematização e disponibilização de informação noticiosa.
4ª edição (2002) A Radionetics sagrava-se vencedora com o seu projecto de distribuição de discos, promoção e contagem do «airplay» nacional.
5ª edição (2003) A criopreservação das células estaminais chegava a Portugal e levava a Crioestaminal a arrecadar o título de Jovem Empreendedor do Ano.
6ª edição (2004) A Central Casa e o seu projecto de domótica conquistavam o prémio.
7ª edição (2005) A medicina cativa o júri e a Biosurfit (especializada no desenvolvimento e comercialização de uma nova plataforma de testes médicos) sagra-se vencedora.
8ª edição (2006) A indústria aeronáutica e espacial leva a Active Space Technologies a alcançar o Prémio Jovem Empreendedor neste ano.