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Évora dinamiza empresas

27.06.2003


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Cátia Mateus e Maribela Freitas

ÉVORA é provavelmente a cidade do país com maior número de ideias de negócio por metro quadrado.






Criar a tradição de empreender



Não porque esta seja uma região particularmente dinâmica em matéria de empreendedorismo (ver caixa), mas porque "abriu" as portas à Feira do Empreendedor.

Um certame com a marca da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) que pela segunda vez desce até ao Alentejo, integrada na tradicional Feira de São João. A iniciativa conta com a parceria da Câmara Municipal de Évora e até ao próximo dia 30 de Junho promete desafiar o espírito empreendedor a sul do país.

Em 9500m2 de área coberta e 250 "stands", a Feira do Empreendedor propõe-se estimular o desenvolvimento económico-financeiro da região alentejana. Trata-se de um espaço concebido com o objectivo de permitir a partilha de experiências e a divulgação de produtos bens e serviços.

Local de eleição para quem procura uma oportunidade para se lançar no mundo empresarial, o certame já ganhou grande adeptos entre os empreendedores portugueses.

No ano passado, acolheu cerca de 200 mil visitantes entre empresários, fornecedores concessionários, investidores e clientes. Uma quota que o núcleo do Alentejo da ANJE espera ultrapassar este ano. O Rossio de São Brás, onde decorre a feira, combina num só espaço a binómio emprego-lazer.

Além de se assumir como um espaço de apoio à iniciativa empresarial, onde estão representadas as várias entidades necessárias à criação de um negócio, o certame assume-se também como ponto de contacto entre a experiência e a vontade de fazer.

Aqui é possível a um "candidato a empreendedor" tomar contacto com quem se movimenta no mercado. Uma partilha de resto benéfica quando o objectivo é criar uma empresa com o mínimo de risco possível.

E porque o empreendedorismo não termina na altura em que se formaliza a criação da empresa, a Feira do Empreendedor - Évora 2003 reserva também um espaço às empresas cujo "core-business" vai além das fronteiras regionais ou nacionais. Aqui a internacionalização é a palavra-chave. Dinamizar e promover as marcas tradicionais da planície é um objectivo a atingir.

Talvez por isso este seja, na opinião de Manuel Caleiro, presidente da comissão-executiva da Associação Nacional de Jovens Empresários - Núcleo do Alentejo (ANJE-NA), "um certame direccionado para vários públicos-alvo distintos: empreendedores, expositores institucionais, visitantes, público em geral e todos aqueles que pretendem informações e apoio na criação de empresas".

Para este responsável, o sucesso da iniciativa pode explicar-se pela crescente procura de soluções de auto-emprego entre os jovens que visitam a feira. Manuel Caleiro acredita que o certame ajudará a fazer de Évora um importante centro de promoção de projectos empresariais.

Mais do que isso, "ambiciona projectar o Alentejo e a cidade de Évora para lá desta região, demonstrando ao investidor que é fácil e oportuno sediar empresas fazendo excelentes negócios no Alentejo, captar nichos de mercado muitos deles ainda por descobrir". Uma "imagem" dinâmica e aberta à iniciativa que cativou a autarquia local.

Parceira de eleição neste projecto, a Câmara Municipal de Évora (CME) não hesitou em "repetir a dose" da Feira do Empreendedor. Para José Ernesto Oliveira, presidente da autarquia, "a parceria com a ANJE e a Associação Comercial de Évora ajuda a dinamizar o empreendedorismo e potencia o desenvolvimento do tecido económico do município".

Numa região onde a taxa de desemprego é elevada, a criação de emprego é uma prioridade. "Só em Évora o sector do turismo e serviços emprega cerca de 30% da população activa", explica o autarca. Para o presidente da CME este é um dos sectores com maior dinâmica empreendedora.

A par com o sucesso alcançado pela iniciativa na cidade do Porto - onde o certame já soma seis edições - o núcleo do Alentejo da ANJE tem fortes ambições para a Feira do Empreendedor. Para Manuel Caleiro, "este é actualmente um dos mais importantes certames económicos realizados na região e beneficia toda a sociedade".

O responsável da ANJE-NA acredita que "quando se promovem eventos desta natureza eleva-se a auto-estima do empreendedor. Da concretização de novos negócios resultam novas ideias de investimento, criam-se postos de trabalho e renova-se o tecido empresarial".

Razões mais do que suficientes para que Manuel Caleiro olhe já para a edição do próximo ano. O responsável espera que à semelhança do que acontece na cidade Invicta, a Feira do Empreendedor - Évora 2004 possa também promover em paralelo com a exposição um ciclo de conferências direccionadas para quem empreender é acima de tudo uma forma de estar na vida.





Criar a tradição de empreender

SE "O ALENTEJO é riquíssimo em oportunidades de negócio. Todavia não existe nesta região uma forte tradição empreendedora".


Assim define Manuel Caleiro, presidente da comissão-executiva da Associação Nacional de Jovens Empresários - Núcleo do Alentejo (ANJE-NA), uma das regiões que mais sofre com as limitações da interioridade. Uma realidade visível que o responsável da ANJE-NA quer inverter através da criação daquilo que designa de "nova tradição empresarial".

A meta é atenuar o atraso económico da região através da criação de meios que possibilitem a difusão de informação e abertura às novas tecnologias, técnicas e conceitos de gestão. Um objectivo que a actual edição da Feira do Empreendedor se propõe materializar.

"É necessário apostar num aumento das iniciativas empresariais, apoiar as existentes e promover o contacto e cooperação entre empresários e potenciais empreendedores, possibilitando a transmissão de ideias e experiências", explica Manuel Caleiro.

O responsável acredita que, embora ainda exista um longo caminho a percorrer, "estão reunidas as condições para que nasçam e se fixem mais e melhores empreendedores no Alentejo".

A grande maioria das empresas existentes na região opera no sector dos serviços e do comércio. Contudo, para o presidente da ANJE-NA, a Universidade de Évora tem vindo a criar uma massa crítica de jovens licenciados com projectos inovadores e conceitos de negócio bem elaborados.

E mesmo numa região em que a actividade empresarial sempre foi maioritariamente masculina, o sexo feminino mostra que em matéria de empreendedorismo tem algo a dizer. Embora, como refere Manuel Caleiro, "ainda são os homens quem materializa mais projectos".

Como quem apela à iniciativa, o responsável refere que "existem no Alentejo nichos de mercado muito interessantes e viáveis". Turismo e lazer, desporto e saúde, ambiente, aeronáutica, organização de eventos, produção e comercialização de produtos regionais são alguns dos sectores onde vale a pena apostar nesta região do país.





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