Fernanda Pedro e Maribela Freitas
A cultura portuguesa, a língua e o clima são os principais motivos que levam os estudantes estrangeiros a procurar Portugal. Estes interesses aliados à aventura de estudar no estrangeiro são motivos mais do que suficientes para que vários jovens optem por terras lusas para iniciar uma experiência única nas suas vidas.
De acordo com dados da Agência Nacional para os Programas Sócrates e Leonardo da Vinci — entidade que em Portugal coordena o Erasmus —, em 2005 mais de 1.300.000 estudantes participaram nesta acção, representando cerca de 2000 instituições de ensino superior. No Erasmus participam 25 Estados-membros da União Europeia, países em adesão (Turquia, Roménia e Bulgária) e os países do Espaço Económico Europeu.
A mobilidade de estudantes permite efectuar um período de estudos de três meses a um ano, numa instituição de um país elegível. No ano passado — e estes são os dados mais recentes da agência —, Portugal enviou 3853 estudantes, sendo a Espanha e a Itália os mais representados e acolheu 4166, dos quais a maioria proveio também de Espanha e Itália.
Kojan Gorguinpour, de Pádua, está no 5º ano de Direito e decidiu entrar no Erasmus para tomar contacto com uma língua e nova cultura. “É importante para todas as pessoas saírem de casa e aprender a viverem sozinhas, sem os pais para ajudar”, explica o jovem. Para Kojan a escolha de Portugal incidiu no facto de a namorada estar a estudar medicina veterinária na Universidade Técnica. “Ela gostava de vir para aqui, estava fascinada pela cultura e língua. Eu nunca tinha estado cá e achei que seria uma boa experiência”, revela. Relativamente ao curso, Kojan considera que existe uma grande semelhança entre o direito português e o italiano. Está a fazer a cadeira de Direito Penal II, Contencioso Administrativo e Introdução à Economia. “Em relação ao Direito Penal espero que existam muitas similitudes”, salienta.
Da Universidade de Pádua vem também o estudante de Direito Nicoló Giannesini. A escolha de Portugal prendeu-se pelo gosto dos países latinos, “muitas pessoas vão para Espanha mas eu queria mudar”. Outra das condições que o levaram a vir para cá foi o custo de vida, “em Lisboa é tudo muito barato”, salienta.
Já Giane Sgnegga é de L'Aquila, perto de Roma, e estuda Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade de Roma. Está no antepenúltimo semestre do 3º ano antes da graduação, que dá direito ao Mestrado e “necessito de mais três semestres para a graduação”, explica. Giane está a gostar tanto da experiência que vai pedir para fazer os trabalhos finais aqui. “Vou fazer a graduação em Julho e quero fazer o máximo em Portugal”, revela.
O jovem italiano já tinha passado pelo nosso país em férias e gostou tanto do clima que quis estudar cá. “O ser Erasmus permite vivermos sozinhos. Estudo em Roma onde mora o meu pai e a minha mãe vive em L'Aquila. Nunca estive verdadeiramente só. Não é fácil vir para outro país, mas no momento em que decidi vir, estava verdadeiramente contente. Com o passar do tempo comecei a ter algum medo mas, passados uns dias de ter chegado, comecei a sentir-me bem e conheci novos amigos de todo o mundo”, conta.
Mas se esta tem sido uma experiência muito positiva para todos eles, o único obstáculo tem sido a língua portuguesa. Consideram-na difícil, por isso a Universidade Lusíada, onde estudam, tem um programa especial para os ajudar a ultrapassar esta dificuldade. A Lusíada recebe anualmente cerca de uma centena de alunos de Erasmus. Este ano já tem a estudar nos seus cursos cerca de 70. As licenciaturas em que mais recebem estrangeiros são: Arquitectura, Direito, Ciência Política, Economia e Relações Internacionais.
Jessica Ligeiro é filha de pais portugueses mas nasceu em Inglaterra onde está a estudar tradução e interpretação de línguas modernas nas variantes de português e espanhol, na Universidade de Salford. Até Fevereiro vai estar na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (UP), no âmbito do Erasmus. “Na minha área de estudo por vezes tenho dificuldade em perceber algumas coisas do português. Daí ter escolhido Portugal”, explica.
A intenção de melhorar os seus conhecimentos linguísticos motivou a escolha, mas numa vertente profissional, uma vez que Jessica afirma que “estes seis meses serão uma mais-valia no meu currículo, pois mostra que quero aprender e melhorar o meu desempenho no português”. Esta estudante faz parte dos 649 alunos que a UP acolhe no primeiro semestre deste ano lectivo.
De acordo com dados do Serviço de Relações Internacionais desta instituição, 435 são do Erasmus e os restantes 214 pertencem a programas de mobilidade e acordos de cooperação universitária. A UP está à espera de mais 100 a 200 no segundo semestre.