Cátia Mateus
A criação de um
negócio em regime de 'franchising' pode ser uma boa opção
para empreendedores que procuram minimizar o risco
Deficientes com emprego assegurado
EASY Bus, Onebiz e Viagens Gheisa. O que têm em comum estes três
projectos? Além da visão e capacidade empreendedora dos
seus empresários, o factor de todos eles serem conceitos desenvolvidos
em regime de "franchising".
Numa altura em que a conjuntura económica aconselha a prudência
e necessidade de minimizar os riscos, este modelo empresarial poderá
ser uma boa oportunidade de negócio.
Por se tratar de uma fórmula já testada, a possibilidade
do projecto fracassar é menor. Todavia, desengane-se quem pensa
que neste tipo de negócios é só escolher o conceito
que mais lhe agrada e depois esperar pelos lucros. Leonor Gomes, Pedro
Santos e Luís Lima são três empreendedores que encontraram
no "franchising" o modelo ideal de negócio.
Em 1998 o projecto das irmãs Leonor Gomes e Dulce Mendes dava os
primeiros passos. A necessidade do mercado motivou a criação
de uma empresa vocacionada para o transporte personalizado.
Em Lisboa nasceu a primeira Easy Bus, essencialmente voltada para a vertente
de transporte escolar. Um conceito nacional, criado de raiz e cuja estratégia
de expansão passou pela replicação do conceito em
regime de "franchising".
Hoje, a marca Easy Bus está solidamente implementada no mercado.
Além da expansão geográfica e de unidades, Leonor
Gomes explica que "a marca expandiu-se também ao nível
dos serviços que presta". A Easy Bus actua também
junto de empresas, grupos e presta serviço de "baby-sitting".
Leonor Gomes acredita que "as pessoas interiorizam, por vezes
em excesso, que o 'franchising' é um facilitador de negócio
e acham que já está tudo feito havendo apenas que recolher
os lucros".
Sem rodeios diz que este é primeiro grande erro que se pode cometer.
"Num negócio, qualquer negócio, nunca se pode dar
nada como feito. É uma luta constante", explica.
A vontade de criar uma empresa ligada à área da consultoria
que agregasse um conjunto de empresas com serviços complementares
levou Pedro Santos e o seu sócio António Godinho a lançar
os pilares do grupo Onebiz.
"Holding" de nove marcas
Seis anos depois da sua criação o sonho está concretizado
sob a forma de "franchising". "A Onebiz é uma 'holding'
que gere um conjunto de nove empresas na área da consultoria e
serviços", explica Pedro Santos.
As marcas geridas pelo grupo - Benvico, Fiducial, NBB, ExChange, Teamvision,
Bioqual, Active, Elevus e Esinow - prestam serviços de consultoria
a mais de duas mil empresas e tem cerca de 100 escritórios "franchisados"
em Portugal.
Pedro Santos não tem dúvidas de que o "franchising"
é um elemento facilitador para quem se quer lançar no mundo
empresarial, mas assegura que "embora minimize o factor risco,
exige o mesmo empenho do que um negócio criado de raiz".
Na estratégia deste grupo sedeado em Matosinhos está a "oferta
de serviços de valor acrescentado, sendo que cada marca trabalha
apenas o seu "core business". O empreendedor afirma que existem
vantagens óbvias em desenvolver um conceito neste modelo. "O
'franchising' permite ter um negócio testado, com uma imagem conhecida
no mercado e metodologias já testadas", explica.
Todavia, o responsável da Onebiz não nega que "todas
estas vantagens caem por terra se o empreendedor escolher um conceito
apenas em função da rentabilidade e que não se adeque
ao seu perfil".
Um 'franchising' com vocação turística
Em apenas três anos Luís Lima, um empresário nortenho,
trouxe para Portugal o "master franchising" da agência
de Viagens Gheisa, implementou o conceito, ganhou cota de mercado e lançou-se
na expansão do negócio no Brasil e nos países de
língua oficial portuguesa.
Empresário por vocação cujo segredo do sucesso é
"gerir com rigor, escolher bem os parceiros e dedicar-se a 100%".
É que para Luís Lima, "o facto do modelo 'franchising'
constituir um importante apoio ao empreendedor não significa que
este não enfrente dificuldades" (ver caixa).
Neste modelo de negócio, como em todos os outros, "é
importante aferir se o mercado necessita mesmo do serviço que vamos
oferecer, conhecer a realidade local, a concorrência e saber posicionar-se
de forma competitiva mostrando o valor do nosso conceito", explica
o empreendedor.
Para Luís Lima, empreender em "franchising" não
é muito diferente de investir na criação de um projecto
de raiz. "A dedicação e determinação
são as mesmas - o que o 'franchising' dá é uma maior
segurança por se tratar de conceitos já testados",
conclui.
Um investimento mais seguro
APESAR da aposta no "franchising" reduzir significativamente
o risco de fracasso de um projecto empresarial, o empreendedor que optar
por este sistema tem de assegurar alguns factores. Existem erros que jamais
deve cometer. Registe!
- Jamais parta do pressuposto de que num negócio em "franchising"
já está tudo feito e que a sua função é
recolher os lucros! A capacidade de entrega terá de ser a mesma
que aplicaria na criação de um projecto de raiz;
- Nunca seleccione um projecto com base no lucro que gera. A escolha do
conceito tem de ser feita com base no seu perfil;
- Se a sua aposta for implementar em Portugal um conceito inovador, nunca
o faça sem uma análise prévia do mercado. Um negócio
de sucesso no estrangeiro não o é necessariamente em Portugal;
- Nunca importe um conceito sem conhecer a legislação vigente
no país onde o quer implementar. Poderão existir entraves
à implementação do projecto;
- Se for "master", não coloque a necessidade de realizar
direitos de entrada rapidamente à frente da selecção
correcta dos "franchisados" que admite. Um mau elemento na equipa
pode minar o seu negócio.
- Jamais deixe ao acaso a escolha dos seus colaboradores! O segredo do
sucesso são as pessoas.