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Emprego público diminuiu em 2001

28.11.2003


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João Barreiros

PORTUGAL tornou-se nos últimos anos o país da Europa comunitária com uma menor proporção de emprego no sector público, segundo revela um estudo da empresa de consultoria em recursos humanos Manpower.


Com base nos dados do Eurostat relativos ao período 1995-2001, os autores desta investigação mostram que esse sector gera apenas 17% do emprego total português, abaixo da Espanha (17,1%) e da Grécia (18,4%), países que têm investido fortemente nas áreas ligadas às questões sociais.

Para o período referido, a Espanha, a Irlanda e o Luxemburgo foram os países com mais crescimento do emprego público, verificando-se que Portugal foi o único onde este diminuiu.

"Este caso sobressai porque, tendo partido de uma posição inicial com um dos pesos mais baixos do sector público em 1995, apenas superando a Espanha e a Grécia, Portugal passou a ser o membro da união com uma menor proporção de emprego público como resultado da diminuição deste", escreve Josep Oliver, autor deste relatório e catedrático de economia da Universidade Autónoma de Barcelona.

O tecido laboral da administração pública teve uma queda de 0,1%
O trabalho desenvolvido pela Manpower refere-se ao sector público num sentido lato, tal como ele é encarado pelo organismo estatístico da UE.

Assim, entram para a contagem os dados referentes quer à administração pública, quer aqueles que dizem respeito às áreas da saúde e da educação (somando nestes os empregos criados pelo público e pelo privado).

Esta forma de contabilização mostra que é sobretudo o sector educativo a penalizar os resultados finais: de 320 mil pessoas ocupadas neste sector em 1995, passou-se para um total de 285 mil em 2001, o que representa uma diminuição superior a 6%.

Também na área da administração pública houve, segundo os dados fornecidos pelo Eurostat, uma diminuição. Os 330 mil empregos foram reduzidos para 305 mil, o que representa um corte de aproximadamente 4,4%.

Pelo contrário, no sector da saúde e dos serviços sociais registou-se um acréscimo significativo, sendo criados sessenta mil novos postos de trabalho. Mesmo assim, o saldo é ligeiramente negativo (- 0,1 %), colocando Portugal no fim da lista elaborada por aquela empresa ligada à gestão de recursos humanos.

Estes números são, curiosamente, relativos a um período em que se verificou um crescimento contínuo do emprego em Portugal. Só no sector dos serviços verificou-se um acréscimo de 6,2%, correspondente a 153 mil novos postos de trabalho, o que no estudo é explicado pelo dinamismo do sector privado.

Como termo de comparação para os 17% de emprego gerado pelo sector público português (em 2001), assinale-se que a média comunitária é de 24%, sendo os melhores resultados atingidos pelos países do centro e do norte da Europa.

Surpreendentes são os resultados provenientes de Espanha, que naquele período de seis anos teve um assinalável crescimento do emprego neste sector (26,4%), o que parece estar indissociavelmente ligado ao processo de recuperação económica que colocou o país vizinho próximo dos membros estruturalmente mais fortes da UE.

Recorde-se que, no início da década de 90, a Espanha apresentava um fortíssimo problema de desemprego, tendo mesmo ultrapassado a taxa de 20% de desempregados, um recorde negativo na Europa comunitária.

A aposta no crescimento do emprego público é uma peça da estratégia política dos governos europeus.

De acordo com Josep Oliver, catedrático da Universidade Autónoma de Barcelona e autor deste trabalho, "a heterogeneidade da estrutura económica, especialmente no que diz respeito à dimensão do emprego público, por ser um sector não sujeito ao comércio internacional e no qual a mobilidade da mão-de-obra internacional é limitada, é uma das principais fontes de divergências entre países".

Os países nórdicos, onde é grande a tradição de fortes estruturas de apoio social - alavancadas em descontos mais elevados para a segurança social, por exemplo - apresentam uma estrutura do emprego público muito mais pesada que a existente nos países da Europa mediterrânica.





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