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Escócia recruta engenheiros em Portugal

Escócia recruta engenheiros em Portugal

No último ano emigraram cerca de 150 mil portugueses, segundo os dados da secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. A saída dá-se pela escassez de empregos em território nacional, mas também pelo crescente reconhecimento que a qualificação dos profissionais portugueses tem vindo a alcançar entre as empresas estrangeiras. A prová-lo está a missão de recrutamento escocesa, que esta semana rumou ao Porto para contratar engenheiros portugueses.
29.03.2012 | Por Cátia Mateus


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O CACE Cultural do Porto acolheu esta semana uma comitiva da TalentScotland que rumou a Portugal com o intuito de dar a conhecer a jovens engenheiros portugueses, altamente qualificados, algumas das empresas que estão atualmente a recrutar para o mercado escocês. O evento, dinamizado em Portugal em parceria com a Rede Eures e o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), reuniu centenas de candidaturas para 50 vagas de emprego na Escócia.
Repsol, EDP Renováveis, FMC Technologies. Howden, Hydrasun, Wood Group PSN e Technip estiveram presentes no evento sob a chancela da TalentScotland para detetar e recrutar candidatos para as suas posições na Escócia. No local, as empresas recolheram centenas de candidaturas, mostrando que apesar de Escócia não figurar entre os destinos top do momento, para os portugueses, o país atraí quem procura uma oportunidade de carreira.

Segundo César Ferreira, delegado regional Norte do IEFP, entidade dinamizadora do evento, “a TalentScotland, uma agência governamental escocesa, veio a Portugal recrutar 50 engenheiros em várias especialidades desde a engenharia mecânica, elétrica, eletrónica, civil, de software e outras para sete empresas com posições na Escócia”. O responsável reconhece que esta missão de recrutamento, na qual o IEFP interveio em representação da Rede Eures - que desde 1993 presta apoio a cidadãos comunitários na procura de emprego - está também sustentada pelo crescente reconhecimento que os profissionais portugueses, sobretudo nas áreas técnicas, têm vindo a alcançar no estrangeiro.

Portugal tem vindo a tornar-se um fornecedor de mão-de-obra altamente qualificada e com facilidade de domínio de idiomas estrangeiros. Os engenheiros estão nas posições cimeiras do ranking das profissionais que mais procura têm por parte de empresas estrangeiras. Mas para César Ferreira, é preciso alguma cautela quando se pensa em trabalhar no estrangeiro. Partir sem trabalho e condições asseguradas não é boa política e o responsável do IEFP adianta mesmo que “quando queremos ter alguma experiência de trabalho internacional, é fundamental fazê-lo em segurança e existem mecanismos próprios para isso”. A Rede Eures é uma dessas ferramentas, centralizando atualmente mais de 1,3 milhões de ofertas de emprego para todos os países do espaço europeu.

Não foi através desta rede que Rui Andrês rumou à Escócia, mas o engenheiro também não saiu na incerteza. O atual investidor de Venture Capital da EDP, aceitou uma proposta de trabalho da empresa naquele país e durante um ano foi executive investor em Venture Capital na Escócia. Está há duas semanas de regresso a Portugal e da experiência guarda os benefícios próprios de alguém que nasceu com claras aspirações de uma carreira global.

“O mercado do Reino Unido em geral, e da Escócia em Particular, tem várias oportunidades atualmente, nomeadamente no que respeita à área de offshore (tanto no petróleo como no eólico), mas também nas áreas da medicina dentária, eficiência energética e noutras áreas menos exploradas como os vinhos (onde há uma falta de conhecimento grande dos novos produtos)”, explica Rui Andrês.

Entre os sectores mais dinâmicos daquele mercado, o engenheiro aponta o petróleo e o gás mas adianta que “devido à cultura empreendedora, aos vários tipos de apoios para a criação de empresas (Scottish Enterprise) e à exportação (Scottish Development International) e à existência de investidores sofisticados é relativamente fácil iniciar negócios noutras áreas”, explica acrescentando que “se o empreendedor for capaz de mostrar que há mercado para o seu produto ou serviço, não é difícil encontrar um investidor mesmo que o acesso ao crédito esteja neste momento bastante restrito e as empresas optem por crescimentos sustentados por aumentos de capital ”.

Rui Andrês reconhece que podem alguns fatores que limitem a capacidade de adaptação dos portugueses, mas na generalidade a adaptação não é complexa. Os escoceses apreciam o “espírito de desenrasca dos portugueses” e as hipóteses de progressão na carreira são inúmeras. “A capacidade de gerar dinheiro pauta quase tudo no mercado de trabalho e a progressão na carreira na Escócia está muito elencada à performance e o mérito é, em geral, reconhecido e remunerado”, enfatiza Andrês.

Ter mente aberta para ultrapassar as questões culturais, capacidade de adaptação às diferenças, procedimentos e formas de pensar e sobretudo muita vontade de vencer e ser bem-sucedido, são para Rui Andrês requisitos fundamentais para triunfar na Escócia. Até porque neste país “quando se trabalha, é a sério e sem grandes pausas ou conversas”, conclui.

Vencer numa carreira global

Na Escócia ou em qualquer outra parte do mundo, vingar com sucesso no universo profissional exige determinação, capacidade de adaptação e alguns cuidados adicionais que podem fazer toda a diferença na sua missão de emigração. Os principais especialistas em recrutamento alertam para os riscos de uma partida mal preparada e para a necessidade extrema de emigrar em segurança e já com destino e emprego certos. Tanto mais que estão a aumentar os casos de portugueses que acabam defraudados na sua decisão de construir uma nova vida além-fronteiras.

O primeiro passo a dar é perceber que tipo de vistos necessitará para trabalhar e residir no país que escolheu. Se for trabalhar para fora da Europa, necessitará de um visto de trabalho, mas isso pode não ser suficiente. Há países onde é também pedido um título, carteira profissional ou certificado de aptidão. E nestes casos terá de solicitar a equivalência ao que tem em Portugal.

Para que tudo corra bem, deverá ainda ter a capacidade de antecipar eventuais dificuldades. Se lhe for possível, procure viajar com uma pequena reserva financeira extra, que lhe permita fazer face a primeiras despesas inesperadas no país de destino. Deve ainda ter em mente que, apesar dos portugueses serem conhecidos pela sua capacidade de adaptação às circunstâncias, há contextos que podem gerar dificuldades acrescidas. A adaptação a uma nova cultura, um novo idioma e uma lei laboral distinta são sempre desafios a considerar.

No caso específico da Escócia, o clima e a alimentação podem dificultar um pouco a adaptação de muitos portugueses. O tempo frio e sombrio contrasta com as temperaturas amenas de Portugal e nos primeiros tempos, pode ser difícil para um português encontrar alguns dos bens essenciais a que está habituado. Mas o tempo e a convivência com os locais do país resolvem a questão. Os escoceses são, no geral, um povo afável e a adaptação torna-se por isso mais fácil.

Rui Andrês aconselha os portugueses que ponderam trabalhar na Escócia a, antes de se mudarem, procurar falar com outros portugueses que lá estejam. “A comunidade portuguesa na Escócia suporta bastante os recém-chegados e pode ser uma importante ajuda, caso as coisas se compliquem”, explica o português. A experiência que teve no território foi extremamente positiva e acrescenta que “a grande diferença da Escócia quando comparada com Portugal, é que aqui quando se trabalha, trabalha-se à séria. Não há grandes pausas, nem grandes conversas. Os escoceses gostam de entrar à hora certa e quando chega à saída terem tudo pronto para ir embora. Não arrastam as horas de trabalho e o almoço é passado em frente ao computador, a comer algo muito rápido”. A parte boa deste destino é, por exemplo, ter um sistema de saúde gratuito para a maioria dos problemas, sendo apenas necessário estar inscrito junto de um médico de clínica geral, que encaminha os doentes para as consultas da especialidade.



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