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Enfermeiros pedem especialização

Os enfermeiros perioperatórios portugueses querem que seja criada no país uma especialização para os profissionais que desempenham a sua actividade em bloco cirúrgico. Na maioria da Europa ela já existe
16.02.2007


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A Europa celebrou durante esta semana o Dia Europeu dos Enfermeiros Perioperatórios, profissionais de enfermagem que desenvolvem a sua actividade no bloco operatório dos hospitais nacionais. Segundo a consultora da Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses (AESOP), Dias Pinheiro, existem em Portugal cerca de 3500 enfermeiros de bloco, mas em matéria de formação, o país ainda não possuiu nenhuma especialização a pensar nestes profissionais. Uma realidade que a AESOP considera urgente mudar. Até porque “na Europa existem apenas quatro paises que não têm formação específica para enfermeiros perioperatórios. Um deles é Portugal”.

São licenciados em enfermagem, mas em acréscimo às funções normais de qualquer enfermeiro “possuem conhecimentos e habilidades que lhes permitem ajudar o doente, no bloco operatório, a manter a estabilidade, segurança e bem-estar, antes, durante e imediatamente após a cirurgia”. À falta de uma definição científica, esta será a melhor forma de definir estes profissionais, sob os quais recai a responsabilidade de cuidar de doentes em estado de total dependência e fragilidade, perante uma cirurgia.

“Os enfermeiros perioperatórios são profissionais com um perfil de saberes muito específico. A sua responsabilidade é grande já que são eles que gerem em sala de operações o apoio ao médico na instrumentação e controlo de infecções, através da esterilização de materiais, mobilização da equipa na sala, além do apoio ao doente”, explica Dias Pinheiro.

A responsabilidade destas funções leva a consultora a defender que, além da formação de base superior é necessária uma formação específica para estes enfermeiros. Tanto mais que, segundo Dias Pinheiro, “as várias licenciaturas em enfermagem que existem no país tem muito pouco de perioperatório. A abordagem desta vertente e a preparação dos alunos neste campo fica muito ao critério das escolas”. Uma lacuna que a AESOP tem tentado colmatar organizando cursos de formação pensados para as necessidades destes profissionais de saúde.

Esta organização profissional tem também tentado obter o apoio do Parlamento Europeu na tentativa de criar em Portugal cursos de enfermagem perioperatória, para desta forma retirar o país da lista de quatro nações europeias que ainda não reconhecem a especificidade destes profissionais.

E se uma das batalhas da AESOP é a aposta na formação e no aprofundamento contínuo dos saberes e aptidões laborais dos seus associados, outra das bandeiras é acabar com a insuficiência de enfermeiros em sala de operações. É que, como refere, “para o correcto funcionamento de uma cirurgia, o número ideal de enfermeiros perioperatórios em sala é de três, mas a norma nem sempre é cumprida tendo como resultado o desgaste para o enfermeiro e, mais grave ainda, o risco para o doente”.

A associação tem procurado sensibilizar as organizações hospitalares para esta questão, mas para Dias Pinheiro “a consciência muitas vezes só surge quando acontece algo ao doente. Aí são repostos os procedimentos normais”. Uma tendência que a AESOP vai continuar a tentar inverter, para lá das comemorações deste Dia Europeu do Enfermeiro Perioperatório, através de cursos, «workshops», formação em bloco e actividades de sensibilização para o desempenho profissional destes enfermeiros.

Entre os objectivos basilares da associação estão a promoção da qualidade dos cuidados prestados no bloco operatório, o desenvolvimento da investigação na área dos cuidados perioperatórios, assegurar a formação contínua dos seus sócios e salvaguardar os interesses profissionais e deontológicos do associados





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