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Empresas solidárias

Quando a conjuntura económica é adversa, a empresa pode ser um ponto de apoio. Muitas organizações estão a desenvolver programas que ajudam os seus colaboradores a ultrapassar a crise, seja pela via da conciliação familiar ou do alargamento dos benefícios sociais
29.04.2009


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Cátia Mateus
Ajudar a combater os efeitos da crise pode passar por gestos simples como apoiar os trabalhadores na conciliação entre a vida profissional e familiar. Muitas empresas já o perceberam e são cada vez mais as iniciativas do género em organizações nacionais. Assistência familiar, emocional, jurídica e até financeira são alguns dos apoios que já vigoram nas empresas portuguesas. Está em marcha o combate ao stresse e ansiedade gerados pela conturbada situação económica que o mundo atravessa.

Entre previsões e estatísticas sombrias fica muitas vezes esquecido, aos olhos da economia e dos analistas, que as principais dificuldades desta conjuntura são sentidas em casa dos trabalhadores, na sua vida familiar. Seja por questões puramente financeiras ou pelos efeitos psicológicos que as épocas de instabilidade e restrições sempre geram.

Conscientes de que a desmotivação é um dos principais inimigos da recuperação económica, muitas empresas encontraram na conciliação trabalho/família um importante factor de motivação laboral, cientes de que se os trabalhadores sentirem que a sua empresa é sensível à crise estarão dispostos a todos os esforços para ultrapassar em conjunto este mau momento económico.

No início do ano a espanhola Albenture entrou no mercado nacional com o que se poderá chamar “o negócio do equilíbrio no trabalho”. A empresa actua no designado employer branding, oferecendo serviços de apoio que facilitam a conciliação do trabalho/família, como sejam assistência doméstica, financeira, jurídica e lúdica. Os clientes da Albenture são as empresas que decidem oferecer este serviço facilitador aos seus trabalhadores e o conceito está cada vez mais em voga.

Segundo Pedro Oliveira, director da Albenture, “as empresas contratam-nos para melhorar o bem-estar dos seus empregados”. Face a uma conjuntura económica de crise as dificuldades nesta conciliação são acrescidas e, por isso, o líder da empresa acrescenta que “agora mais do que nunca necessitam da nossa ajuda e por isso mobilizamos toda uma equipa de especialistas financeiros e psicólogos que nos permitem ajudar os trabalhadores a reordenarem as suas economias domésticas (reestruturarem eventuais dívidas, procurarem financiamentos adequados, esboçarem orçamentos) e tratarem de possíveis estados de ansiedade e depressão gerados pela actual crise financeira”.

Paralelamente a estes serviços específicos, a Albenture cobre também as necessidades quotidianas dos empregados, com o tradicional apoio nas questões práticas e burocráticas do dia-a-dia como o apoio à família, organização das férias, pagamento de contas, etc. Serviços que são de custo zero para os colaboradores já que fazem parte de contrato entre a Albenture e a empresa que pode implicar para esta última um custo de cinco a seis euros por funcionário.

Mas para Pedro Oliveira as preocupações com o que ocorrerá amanhã estão a centrar todas as atenções e as dúvidas dos trabalhadores com a gestão das suas finanças e com a poupança merecem um cuidado especial por parte da empresa que lidera. “A crise está a converter-se numa obsessão com impacto grande nas empresas e reflexos no campo das relações pessoais e laborais: aumenta a tensão e irascibilidade, diminui a concentração e o rendimento dos trabalhadores e, o que é pior, afectam a sua qualidade de vida e saúde, chegando nalguns casos a provocar problemas como transtornos digestivos, alterações do sono, depressão, irritabilidade e agressividade”, explica.

Um cenário que urge inverter e no qual os serviços de apoio aos trabalhadores podem, de facto, marcar a diferença. Um apoio que pode não passar apenas pela questão económica, mas também pela forma como se exercer a paternidade. Nos dias que correm a expressão “trabalhar de sol a sol” ganha particular sentido e muitos são os colaboradores que face às exigências crescentes do cada vez mais competitivo mundo laboral se queixam de serem pais ausentes ou se questionam quando à forma como exercem a sua paternidade. Para o Banco Santander Totta, apoiar os seus trabalhadores também a este nível é, acima de tudo, uma questão de responsabilidade.

A instituição financeira já concedia aos seus colaboradores um vasto conjunto de facilidades que lhe asseguraram em 2008 o ‘Prémio Empresa RH', pela Associação Portuguesa de Gestores e já em 2009 o ‘Prémio Excelência RH', da revista “RH Magazine” e da Select Vedior. Agora, inseridas no âmbito do programa ‘Santander és Tu' (criado em 2007 com a meta de tornar o Santander um empregador de referência no mercado de trabalho através das suas condições laborais e de desenvolvimento pessoal e profissional), o banco têm em marcha sessões de coaching parental. “Trata-se de uma abordagem nova em Portugal que pretende ajudar os trabalhadores a tirarem o máximo de satisfação da sua vida familiar e assim, enfrentarem de uma forma mais positiva, o seu dia-a-dia”.

As acções são conduzidas por especialistas em coaching parental, decorrem em Lisboa, Faro, Porto e Coimbra e inserem-se num programa mais vasto que o Santander coloca aos dispor dos seus colaboradores como forma de os auxiliar a enfrentar com motivação o quotidiano profissional. Há muito que a instituição assume uma postura de proteccionismo em relação à vida familiar dos seus colaboradores através, por exemplo, da criação de seguros de saúde complementares ao SAMS, reduzindo os encargos com a saúde dos colaboradores.

Outra das iniciativas é possibilidade de trabalho em tempo parcial, sem redução de salário, para situações familiares específicas, a dispensa de trabalho na tarde de aniversário dos filhos, o alargamento do período de licença sem vencimento para apoio aos filhos de 36 para 42 meses, ou até a implementação de um programa de apoio aos colaboradores que pretendam ajuda para superar os problemas associados ao consumo de bebidas alcoólicas.

Factores que marcam a diferença no panorama nacional e na motivação necessária para fazer frente a conjunturas difíceis.





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