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Empresas com inspiração artística

‘Emotização’ é a palavra-chave de um arrojado conceito de formação que surgiu recentemente no Porto. O desafio da Academia das Emoções é gerir a motivação dos trabalhadores e os resultados das empresas através de um modelo de formação comportamental baseado na arte
23.11.2007


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Cátia Mateus
Não é novidade que equipas motivadas fazem empresas de sucesso. A dificuldade reside em encontrar a ‘chave' da motivação e o segredo para perpetuá-la no tempo. As estratégias e as técnicas são muitas. Mas e se lhe disserem que um maestro, dois actores, um fotógrafo, um pintor, uma coreógrafa, dois psicólogos, um palhaço e uma mão-cheia de expressões criativas podem fazer milagres pela sua equipa e pela produtividade da sua empresa? Ora experimente encarar a arte como um aliado.

Podia perfeitamente chamar-se «Art at work», mas não. Embora o conceito não seja luso, o nome é. A Academia das Emoções nasceu em Setembro, na cidade do Porto, pela mão de João Abreu que foi “beber” a sua inspiração ao Brasil para materializar este conceito. Não, não lhe vamos sugerir que pendure alguns quadros na parede para tornar o ambiente mais agradável e motivar os seus colaboradores. O ambiente ajuda, é um facto, mas não chega e a Academia das Emoções extravasa esse conceito ao pegar em artistas de áreas diversas e colocá-los na sua empresa, junto dos seus colaboradores em acções de formação pensadas para melhorar os seus resultados.

O objectivo desta jovem empresa é “tornar as organizações positivas, criando pessoas positivas”, explica o mentor do projecto, João Abreu. Como? “Através de um modelo integrado de formação comportamental onde a arte é a peça principal”. O especialista que integra no seu currículo vários anos de intervenção nas empresas no domínio da formação, acredita que o estímulo à criatividade pode fazer milagres pelo desempenho profissional dos colaboradores e por isso delineou para a Academia das Emoções uma oferta formativa vasta que trabalha sobretudo o lado emotivo e sensorial, com recurso a um leque de formadores/parceiros de elevado potencial artístico e pedagógico.

“No campo da formação, as actividades propostas pela Academia assentam nas modernas técnicas de Gestão da Motivação das Pessoas a partir do estudo da Emotização, do Auto-Conhecimento e da aplicação dos Modelos de Optimismo, bem como no desenvolvimento de propostas de formação comportamental com recurso às artes plásticas e à dramatização”, clarifica João Abreu.

Na essência, a empresa que lidera actua junto as organizações apurando as necessidades específicas das suas equipas de colaboradores e propondo um modelo formativo capaz de optimizar os processos rumo às metas desejadas. Modelo esse “centrado numa intervenção artístico-pedagógica que fornece instrumentos operacionais em ambientes competitivos e criativos, promovendo a aprendizagem vivencial de técnicas, estilos ritmos e vibrações associadas à arte nas suas diversas manifestações”, enfatiza João Abreu.

O especialista não tem dúvidas de que é possível alcançar a equipa de trabalho ideal através das artes já que estas “têm benefícios directos ao nível da postura, do trabalho em equipa, da organização, da criatividade, da proactividade e da organização”. Segundo João Abreu, a expressão artística mexe com cinco campos fundamentais: conhecimento, imagem, responsabilidade social (interna às organizações ou aberta à comunidade), criatividade e ousadia.

A Academia das Emoções intervém sobretudo nos dois últimos domínios — criatividade e ousadia — “permitindo aos colaboradores estabelecer limites superiores aos que julgavam possuir, identificando talentos que julgavam não existir e desenvolvendo novas posturas pessoais e laborais”. Um processo que diz ter um impacto positivo e directo no quotidiano organizacional não só pela via do optimismo, como também da motivação e consequentemente da produtividade.

A empresa desenvolve várias acções de formação artística. Cada uma é pensada para trabalhar determinadas atitudes e ajudar a ultrapassar entraves específicos. João Abreu destaca a coreografia empresarial. Trata-se de uma intervenção em grupo, através da dança orientada por um coreografo que procura fomentar a coesão e a unidade da equipa e que tem, segundo o especialista, registado uma forte adesão por parte das empresas.

Além desta técnica, a Academia tem também outros programas específicos de «Team Building» e Gestão da Comunicação (técnicas lúdicas e expressivas, comunicação corporal, comunicação criativa, gestão das emoções, gestão de networking, marketing pessoal, gestão da imagem pessoal). Com a ajuda de artistas profissionais, de várias áreas (do teatro, à dança, passando pela fotografia, pintura ou escultura), a empresa promove também a expressão artística, o humor e o bem-estar através de uma ampla gama de jogos pedagógicos (jogo das palavras, dos movimentos, das cores, dos olhares, dos sabores, dos afectos, dos rituais) e «performances» sensoriais.

O objectivo, explica João Abreu, é que os participantes “experimentem várias linguagens e técnicas artísticas, materiais e ensaiem a criação num regime de discussão crítica permanente e de colaboração entre todos”. O especialista enfatiza ainda que “a meta é proporcionar um condensado de experiências vividas no processo criativo, em busca da valorização corporal, do ritmo, do colorido, das emoções, procurando desenvolver conceitos como a interdisciplinaridade, persistência, trabalho de equipa, autoconhecimento, partilha, sensibilidade e dar-lhes consciência da dicotomia treino/jogo, estudo/exame, privado/público, através de apresentações públicas”.

As Residências Artísticas, também promovidas pela empresa, são outra das formas que as empresas têm de colocar os seus colaboradores em contacto com a arte. Aqui o conceito é o de imersão de equipas em torno da arte e das suas várias expressões, fora do ambiente empresarial e em espaços próprios para o efeito, mas sem esquecer as metas e objectivos empresariais a atingir.

No mercado há poucos meses a Academia das Artes tem vindo a cativar o interesse de organizações de média e grande dimensão. O líder do projecto explica que o público-alvo destas acções são, sobretudo, os quadros médios e superiores de empresas com uma política muito orientada em matéria de recursos humanos, “muitas vezes em processo de reformulação ou crescimento”. Além da contextualização colectiva prevista nos modelos de formação concebidos para as empresas João Abreu revela que a Academia das Emoções está também pensada para actuar a nível individual. “O projecto prevê a elaboração de trabalhos de «personal assessment», «personal training», «coaching e mentoring», que suportam processos individuais de mudança”.





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