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Empresários na recruta

Durante cinco dias um grupo de empresários volta a sujeitar-se às agruras da vida militar para receber em troca ensinamentos muito válidos na arte de liderar. A ANJE e a Academia Militar têm já em marcha a segunda edição do Curso de Liderança em contexto militar
14.05.2009


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Cátia Mateus
Eles não precisaram de ir ‘à máquina zero' e a recruta durou apenas cinco dias, mas os resultados tiveram efeitos práticos e imediatos nas empresas que lideram. Fardados a rigor, entraram empresários, com a missão de aprender com as patentes militares o peso da liderança e as melhores estratégias para conduzir diariamente o seu exército empresarial. Saíram com a certeza de que há mais semelhanças do que diferenças entre a vida militar e uma empresa e que, em ambos os casos, a guerra pela vitória é uma arte nem sempre fácil de gerir e um caminho árduo de trilhar. Foi este o balanço do primeiro Curso de Liderança promovido em parceria pela Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) e a Academia Militar. O sucesso da iniciativa foi tal que as instituições avançam já em Julho (de 27 a 31) com a segunda ‘fornada' desta recruta de empresários.

Fátima Marcos, empresária e líder da empresa de estudos de mercado Indícios, abraçou sem receios o desafio de integrar a primeira recruta de empresários neste curso de liderança. Fê-lo pelo desafio e pelo facto de se tratar de um modelo de formação diferente. “A maioria dos cursos de liderança que o mercado oferece são muito centrados em teoria, embora já comecem a surgir alguns modelos mais arrojados. Este implicava cinco dias de actividade muito prática e ser confrontada com uma realidade que é um exemplo em matéria de liderança, como é a vida militar”, explica Fátima.

Foi e não tem dúvidas de que desta experiência retirou ensinamentos muito válidos. “A primeira coisa que aprendi a fazer foi uma auto-análise constante e a ter cuidado na linguagem que utilizo com a minha equipa. A forma como se operacionaliza a linguagem é muito importante em termos militares e pode fazer a diferença em contexto empresarial”, relata.

Para Fátima Marcos foi igualmente importante aprender a gerir as emoções e a delegar, remetendo-se ao papel de liderança. E só lamenta que no quotidiano das empresas as normas não sejam interiorizadas tão facilmente como são no contexto militar.

Companheiro de recruta de Fátima, Pedro Pinto subscreve o desabafo. O empresário, mentor da Coralmat, SA e membro da ANJE, confessa que encarou com curiosidade esta imersão em ambiente militar. “Na minha geração poucos foram à tropa e apesar disso todos temos alguma curiosidade com a rigidez militar e eu queria saber em que pontos pode existir semelhança com o mundo empresarial, fosse ao nível da estratégia, dos constrangimentos, dos pensamentos”, confessa.

Da sua participação faz um balanço muito positivo. “O curso está muito bem conseguido porque é muito prático e a própria teoria, ao contrário do que normalmente acontece, é uma reflexão sobre os exercícios práticos”, frisa. Entre os principais ensinamentos que transportou desta formação para a sua empresa, o líder salienta “a noção dos vários tipos de liderança, a gestão dos conflitos internos, a capacidade de delegar trabalho respeitando e confiando nas várias estruturas da empresa e a forma como gerimos o stresse e situações-limite”.

Na verdade, o curso está pensado exactamente para dar resposta a uma questão muito concreta “até onde vai o seu perfil para liderar?” A resposta a estas questões surge em formato de testes práticos, no terreno. Como se de uma guerra se tratasse e, provavelmente, o quotidiano de uma empresa não estará assim tão longe disso. Gerir medos e obstáculos, liderar em situações de risco, enfrentar provas de sobrevivência e entreajuda, tudo isto enfrentando as agruras do treino militar é a proposta deste curso que regressa aos campos da Academia Militar já em Julho.

O modelo é semelhante ao da última edição. Cinco dias, cerca de 15 participantes e a meta de formar gestores e executivos rumo à liderança, tendo como exemplo comandantes e demais chefes militares que os prepararão para as duras batalhas do meio empresarial.

Segundo a ANJE, “o curso de liderança contará uma vez mais com a experiência formativa dos oficiais da Academia Militar, cujas metodologias de ensino assentam na alternância entre sessões teóricas e práticas, bem como entre actividades de indoor e outdoor”. Tal como recrutas, os empresários serão testados em sessões de treino físico e psicológico onde estão subjacentes lições de gestão de stresse e de conflitos ou equipas, inteligência emocional, autocontrolo, motivação, comunicação assertiva, planeamento e processos de tomada de decisão”.

Com inscrições já a decorrer, “este curso tem uma duração de 50 horas, procurando promover o culto de valores que sendo geradores de atitudes, contribuam para um desempenho comportamental pró-activo nas organizações”.





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