“Há uma tendência natural por parte das empresas para procurar, cada vez mais, perfis com grande nível de especialização”, explica António Costa, líder da divisão de Information Technologies (IT) da Michael Page, a consultora especializada no recrutamento de quadros médio e superiores. O diretor justifica a crescente busca pela especialização com o “aumento da internacionalização de projetos que até hoje eram desenvolvidos exclusivamente em outsourcing”. E quando falamos de especialização, do que falamos em concreto? Segundo o especialista, profissionais especializados em SAP e Programadores estão entre as prioridades de contratação das empresas tecnológicas em Portugal.
A Michael Page analisou os processos de recrutamento que conduziu em Portugal na área de IT, durante este ano, para analisar as opções de contratação das empresas. “Durante 2016, quase 50% dos processos de recrutamento que passaram pela unidade de IT da Michael Page procuraram profissionais especializados em SAP (23,5%) e Programadores (23,5%)”, explica António Costa adiantando que “os restantes processos absorveram profissionais nas áreas de Segurança da Informação e Auditoria (11,8%), Project Managers (11,8%) e Telecomunicações (11,8%). O líder da divisão de IT confirma um aumento das solicitações do mercado por profissionais com competências e especialização tecnológica, “seja por parte de empresas já implantadas no mercado nacional ou de empresas que estão a deslocalizar áreas técnicas para Portugal”.
Um sector em mudança
A procura por Programadores não é novidade e, na verdade, as contas da Michael Page até demonstram que a contratação destes profissionais se manteve relativamente estável face a 2015, registando este ano uma variação negativa de 0,5%. É na procura por especialistas SAP que se dá o grande crescimento. De 6% em 2015 passou para 23,5% dos processos conduzidos pela consultora de recrutamento durante este ano. E esta não é a única mudança. A análise da Michael Page permitiu concluir que há novas funções a emergir na área tecnológica.
Com o aumento, por parte das empresas, da procura de perfis mais transversais e com capacidades de comunicação e relação interpessoal, abrem-se novas oportunidades aos profissionais do sector ou até a perfis de outras áreas de formação que apostem numa reconversão profissional. A contratação de perfis de Full Stack Develeoper e de Data Scientist está em crescimento e regista médias salariais mensais (para perfis intermédios, com quatro a seis anos de experiência) que podem rondar os €1800 e €1600, respetivamente. Outros profissionais, com especializações nas áreas de testes automáticos, DevOPs, Internet das Coisas, análise de dados, machine learning e mobile, estão também a registar forte procura notando-se, segundo a consultora, já alguma dificuldade em “contratar profissionais para algumas funções com elevados níveis de especialização, como programadores web e mobile e perfis juniores”.
Além de mudanças no cenário das funções mais procuradas pelas empresas, há também alterações em matéria de localização geográfica. Andreia Pereira, consultora da Michael Page Porto, confirma que a região norte, nomeadamente o Grande Porto, tem vindo tornar-se cada vez mais apetecível para as empresas a atuar no sector, ainda que sejam, naturalmente, “os centros tecnológicos, em conjunto com as grandes software houses da região, que acabam por ser os grandes pólos de recrutamento”, refere. A par com a contratação, a retenção de profissionais é cada vez mais uma preocupação nas tecnológicas. E os especialistas da Michael Page acrescentam que já não são apenas os salários competitivos os grandes trunfos da s organizações para manter os melhores. A melhoria das condições de trabalho e a flexibilidade falam hoje mais alto quando o objetivo é reter talento.