Fernanda Pedro
APESAR de se registar uma tendência de crescimento
na economia na União Europeia, a maioria dos gestores de multinacionais
sediadas na UE afirma que decidiu efectuar cortes nos planos de criação
de novos empregos e realização de investimentos de capital.
Esta foi a conclusão do estudo efectuado pela PricewaterhouseCoopers
Management Barometer com base em inquéritos efectuados junto de
gestores de topo de grandes empresas multinacionais no segundo trimestre
deste ano.
Com base no inquérito, 64% dos gestores inquiridos consideram
que a economia da UE está a registar um crescimento sustentado,
face aos 54% que tinham a mesma opinião no trimestre anterior.
Contudo, no que respeita a novas contratações, o inquérito
antecipa uma quebra média de 1,6% do seu peso no total de empregados,
face à estimativa prévia de 1%. Já os principais
investimentos de capital deverão rondar em média 6,7%
das receitas, uma queda em relação às estimativas
anteriores de 7,9%.
De acordo com Ricardo Pinheiro, Territory Sénior Partner da PwC
em Portugal, os gestores europeus acreditam que estamos perante uma
recuperação sustentada. "Eles reviram em alta
os seus objectivos em termos de resultados, mas o seu sentido inato
de precaução pode estar a dizer-lhes que ainda é
cedo para começar a pensar em avançar com os planos de
investimento, em termos de contratações e dispêndios
de capital", explica o gestor.
Para Viriato Barreira, director de Recursos Humanos da multinacional
Nextiraone em Portugal, este estudo revela que "estamos perante
um efeito normal que é estudado pelos economistas e sociólogos,
é o chamado efeito de histerese do desemprego - é normal
que a criação de emprego não reaja ao mesmo tempo
que o crescimento da economia".
Segundo o especialista, o recurso "mão-de-obra" não
é o mesmo que o recurso "energia", já que neste
"basta desligar ou ligar um interruptor".Viriato Barreira
acrescenta ainda, que se por um lado os RH não são um
bem descartável também não são máquinas
de capacidade e função produtiva matematicamente definida:
"os RH possuem uma flexibilidade que não se encontra
nos outros recursos produtivos, que se reflecte numa capacidade de adaptação
das organizações a períodos de maior esforço,
especialmente à saída de períodos de crise".
O estudo revela também que os gestores salientam três factores
cruciais como potenciais ao crescimento nos próximos 12 meses:
concorrência dos mercados estrangeiros, pressões legislativas
e reguladoras e taxas de câmbio.