Ruben Eiras
O PROBLEMA da competência das elites políticas portuguesas não está na qualificação, mas sim no seu fechamento à renovação e à sociedade civil. Esta foi a principal conclusão da conferência «Por que os mais competentes não querem governar? – Estratégias de renovação das elites», organizada pelo Clube Henri Burnay, um movimento intelectual formado por estudantes do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, da Universidade Técnica de Lisboa, com o apoio do Colégio de Estudos Integrados daquela mesma instituição de ensino superior. O evento teve lugar na quinta-feira da semana passada, no Teatrinho do Palácio da Junqueira.
De acordo com os dados apresentados por André Freire, docente no ISCTE e um dos oradores convidados, desde a década de 80 do século passado, o parlamento português tem uma taxa de licenciados na ordem dos 90% e o valor das equipas governamentais chega quase aos 100%. «Temos um dos parlamentos mais elitistas da Europa, com uma qualificação superior ao da Suécia. O problema não é o nível de escolaridade, mas sim o fechamento do sistema político, que resulta no seu desligamento da sociedade», argumenta.
Uma posição corroborada por Marques Bessa, outro dos oradores e docente no ISCSP-UTL. «É indubitável que assistimos a uma oligarquização da classe política, a qual não quer ser incomodada. A única forma de combater este estado de coisas é reforçar o poder das instituições civis, como as universidades e as empresas, por exemplo», conclui.