Ruben Eiras
ENTRE 2001 e 2004, o desemprego de longa duração aumentou 117%. O alerta é dado pela análise de Eugénio Rosa, economista, às estatísticas do emprego do INE daquele período.
De acordo com os dados, entre o segundo trimestre de 2001 e o segundo trimestre de 2004, o desemprego de «25 e mais meses» cresceu de uma forma contínua e sem oscilações: de 39.600 desempregados em 2001, subiu para 86 mil neste ano. As estatísticas mostram que esta tendência poderá agravar-se a breve prazo, já que o desemprego com duração entre sete e 11 meses cresceu 124,5% e aquele com mais de um ano aumentou 91%.
Para Eugénio Rosa, este comportamento do mercado de trabalho «indicia alteração gradual nas características do emprego e do desemprego no mercado laboral português». Isto porque, segundo dados do INE, entre o 2º trimestre de 2001 e o 2º trimestre de 2004, as profissões onde foram criados mais postos de trabalho (256.300) são as que exigem maior escolaridade e qualificações — quadros superiores, especialistas intelectuais e científicos, e técnicos profissionais de nível intermédio.
Por outro lado, as funções onde se verificou maior destruição de emprego foram essencialmente profissões de baixa escolaridade, como agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pesca, operários e trabalhadores similares, e trabalhadores não qualificados. Neste conjunto de actividades, contabilizaram-se cerca de 223.300 postos de trabalho destruídos.
«Estes dados mostram que, contrariamente ao que sucedeu no passado ainda recente, a economia portuguesa está a criar, embora ainda de uma forma lenta e insuficiente, empregos que exigem qualificações mais elevadas, e a destruir a um ritmo maior empregos de qualificações mais baixas, lançando no desemprego trabalhadores que depois muito dificilmente são reintegrados no mercado de trabalho», observa Eugénio Rosa.