Vítor Andrade
vandrade@mail.expresso.pt
NESTA semana o Governo veio lembrar-nos que somos um país
de fraca produtividade.
O excesso de burocracia e a existência de uma forte economia paralela
(aquela em que as empresas não passam facturas e não pagam
impostos nem segurança social) foram apontados como os principais
entraves ao desenvolvimento económico do país.
No entanto, e de acordo com um estudo agora divulgado pelo Instituto Nacional
de Estatística (ver texto nesta página), há ainda
um outro factor igualmente preocupante que tem de ser considerado.
É que cerca de 80% dos directores e gerentes de pequenas e médias
empresas - que constituem a maioria esmagadora do tecido empresarial nacional
- possuem um nível educacional inferior ao 9º ano de escolaridade.
Ora, isto é gravíssimo, pois coloca o nível de exigência
destes agentes num patamar bastante inferior ao que seria desejável.
Todos nós sabemos que uma das maiores falhas do país é
a educação dos portugueses, e não é difícil
deduzir que pessoas menos formadas serão seguramente profissionais
menos exigentes, menos habilitados e menos produtivos.
Igualmente sintomático desta falta de exigência por parte
do patronato português é o facto de o recrutamento de mão-de-obra
continuar a dar pouca importância aos candidatos com licenciatura,
como se pode comprovar em cada edição do EXPRESSO/Emprego.
Ainda esta semana isso ficou claro, pois metade das ofertas de trabalho
não mencionavam aquele requisito.