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Desmotivação elevada entre profissionais deficientes

08.02.2007


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Marisa Antunes
São mais de 630 mil, mas a expressividade do número não lhes dá a menor garantia de respeito pelos direitos mais básicos. Os portugueses contabilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) com algum tipo de deficiência batalham arduamente para conseguir algo tão simples como movimentar-se pela cidade ou para acederem aos edifícios, sejam eles públicos ou privados. Esta eterna e sempre esquecida falha com a mobilidade de quem tem incapacidades prolonga-se, claro, nos locais de trabalho. Mas às barreiras físicas, somam-se várias outras frustrações.

Um inquérito da Deco (Associação para a Defesa do Consumidor) publicado na edição de Fevereiro da revista ‘PROTESTE' revelou que as empresas, ao contratarem pessoas com deficiência “esquecem-se das adaptações necessárias e só olham aos subsídios que o Estado lhes concede.Condições para entrar no edifício, trabalhar menos horas ou dias por semana, casas de banho e local de trabalho adaptados são as principais necessidades por preencher”, sublinham os técnicos da Deco.

Perante tantas (más) condicionantes, não admira pois que a satisfação profissional seja um dado secundário. Entre os inquiridos, cerca de um terço tem profissão. Mas “metade diz ter no seu emprego actual poucas ou nenhumas oportunidades para aplicar a sua formação ou a sua vocação”, diz a Deco. Mais: 78% não têm a menor expectativa de conseguir algum dia mudar para um emprego melhor.

Este é o desalento de quem trabalha em espaços físicos inapropriados onde a sua formação não é tida em conta. Mas a grande maioria dos inquiridos é composta por reformados (52%). “Destes, mais de metade tem menos de 60 anos, sinal de que, por vezes, estas pessoas são obrigadas a encurtar a carreira, pela sua condição ou falta de oportunidades”, acrescenta-se ainda no estudo. A Deco associou-se às suas congéneres da Euroconsumers (Bélgica, Itália e Espanha) e contou com a colaboração da Associação Portuguesa de Deficientes e da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal para a distribuição dos inquéritos.

Para as conclusões do estudo que abrange não só a questão profissional, mas todas as áreas da vida dos deficientes, contaram as respostas de 1213 portugueses. Dos inquiridos 67% têm como principal deficiência as limitações ao nível físico ou motor e problemas de destreza (nos braços ou nas mãos) e 30% têm problemas ao nível da visão ou audição.





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