A escolha de um curso superior pode alterar por completo a vida de um futuro profissional. Um má escolha pode deitar tudo a perder. Para a generalidade dos 80 diretores de recursos humanos inquiridos pelo Kaizen Institute Portugal, no âmbito da segunda edição do Barómetro Kaizen/ RH Magazinedas, os candidatos ainda escolhem investir a sua vida académica em áreas de qualificação de que o mercado e as empresas não necessitam. Para 79% dos inquiridos este é o principal problema do desemprego e a grande justificação para as elevadas taxas de desemprego que afectam as camadas mais juniores da população portuguesa. Mas há outros factores que nos últimos anos têm contribuido para o atual cenário nacional nesta matéria.?
Áreas como a engenharia, onde se tem observado uma transferência de candidatos, por exemplo, da engenharia civil para outras áreas de formação com maior dinâmica de contratações, como as tecnologias de informação ou as energias renováveis, poderíam levar a concluir que os jovems portugueses, candidatos ao ensino superior, já têm em conta a empregabilidade no momento de realizar as suas escolhas de formação. Mas como explicar a contínua aposta dos candidatos em áreas há muito identificadas como problemáticas em matéria de oportunidades profissionais, como sejam o marketing, a comunicação, o direito, as línguas ou outras?
A equação não é fácil e a vocação talvez não possa deixar de ser um valor determinante nas escolhas, sob pena de se desperdiçarem talentos.?Facto é que á luz das conclusões do barómetro, o sistema de qualificação nacional peca por inadequação em várias vertentes. Uma delas é a do ensino profissionalizante que, apesar de em muitas áreas registar taxas de empregabilidade superiores às de alguns cursos de formação superiores - muito por força da sua elevada vertente prática e proximidade às empresas - continua a ser pouco escolhida pelos jovens portugueses e pouco fomentada em contexto familiar e profissional. Para 69% dos diretores de recursos humanos a fraca vertente profissionalizante do sistema de ensino nacional é um dos problemas da elevada taxa de desemprego jovem nacional.
A crise é apontada por 73% dos gestores como um dos problemas que contribuem para o desemprego jovem, mas não o principal. Os líderes de recursos humanos queixam-se também (37%) da ineficácia dos programas governamentais para a dinamização do emprego jovem. De igual modo, para o agravar da estatística do desemprego luso nesta faixa etária, contribuem a aposta excessiva nos contratos a prazo por parte das entidades empregadoras e o foco exacerbado no recrutamento de profissionais com experiência.