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Desafios da gestão de executivos

O recrutamento visto por Charles Henri, da Michael Page
16.05.2008


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Marisa Antunes

Que qualidades devem ter os executivos que chegam ao topo? O que é proibitivo fazer numa entrevista de «executive search» e quais as tendências do mercado mundial ao nível de emprego qualificado? Estes foram alguns dos temas abordados por um dos maiores especialistas na matéria, Charles Henri Dumon, «managing director» da Michael Page, que esteve recentemente em Portugal e cedeu uma entrevista exclusiva ao ExpressoEmprego.

“Neste momento, existe, a nível mundial, uma grande guerra pelos melhores talentos e as empresas sentem uma dificuldade crescente em encontrá-los e retê-los. Os executivos mudam muito de emprego — existe até um estudo que estima que um jovem profissional mudará de local de trabalho 19 vezes até ao ano de 2030 — e muitos não ficam nos seus países de origem, procurando as melhores oportunidades em locais bem distantes”, salienta o «managing director» para os mercados europeu e americano da Michael Page, empresa que anualmente entrevista 80 mil candidatos e recruta mais de 8 mil profissionais no mercado de trabalho.

E quais são as qualidades imprescindíveis desta nova geração de executivos? “A técnica é importante mas cada vez mais realçam as capacidades humanas. Não é o diploma que faz um bom «manager». Em França dizemos que além do «savoir faire», é importante o «savoir être»”, justifica Charles Dumon.

O especialista revela ainda outra característica que faz a diferença na hora de recrutar a peso de ouro: “Eu aconselharia os jovens que ambicionam ascender profissionalmente para fazer uma carreira internacional. São estes que mais facilmente chegam ao topo”.

E o que pode deitar tudo a perder durante uma entrevista mesmo quando o candidato tem um bom currículo? “O pior que podem fazer é mentir em relação ao diploma ou à carreira. E falar mal da empresa onde trabalharam ou ainda trabalham. Temos candidatos que culpam as empresas ou os seus chefes, nunca admitindo as suas falhas. Isso é estúpido pois nós descobrimos sempre quando mentem porque confirmamos todas as referências”.

Falando de tendências no mercado de trabalho, o responsável da Michael Page lembrou que hoje a grande apetência incide na área financeira. “Há 20 anos toda a gente queria ir para o «marketing», mais tarde houve a fase da auditoria. Recentemente os ‘bons' querem ir para os mercados financeiros, porque é onde está o dinheiro, mas isso muda continuamente”.

Decidida a reforçar a sua posição no mercado nacional onde está há quase uma década, a multinacional vai abrir em breve uma filial no Porto. “Em Portugal apenas 8% do recrutamento é feito através de empresas especializadas, quando no Reino Unido, por exemplo, atinge os 80%. Aqui, quando as empresas contratam é quase sempre através da sua rede de contactos. Leva-se para a empresa um primo ou um amigo e isso é um erro grave pois pode ter custos elevadíssimos. Mas, apesar de tudo, o cenário tem vindo a mudar lentamente e a nossa carteira de clientes que no início era exclusivamente de multinacionais, tem agora cerca de 30% de empresas portuguesas”, rematou Charles Henri.





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