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Custo da formação sobe 325%

04.06.2004


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Ruben Eiras

O CUSTO médio da formação na agricultura passou de 400 euros por pessoa, em 1998, para cerca de 1300 euros por participante em 2001. Os dados foram calculados no balanço social, uma publicação anual realizada pelo Departamento de Estatística do Trabalho, Emprego e Formação Profissional (DETEFP), do Ministério da Segurança Social e do Trabalho, e dizem respeito a acções formativas com uma duração média de 64 horas (em 1998) e 56 horas (em 2001). A análise é efectuada através de um inquérito enviado a empresas com mais de 100 trabalhadores.


O mesmo documento constata que a formação na agricultura registou o maior aumento no valor do custo médio por formando. Para se ter um termo de comparação, basta referir, por exemplo, que em 2001 os investimentos formativos no sector da saúde situavam-se nos 300 euros por formando e nas actividades financeiras nos 224 euros.

"Que eu saiba, não existem empresas com mais de 100 trabalhadores na agricultura - a Companhia das Lezírias, que é a maior, tem 97", afirma Luís Mira, secretário-geral da Confederação de Agricultores de Portugal, organização responsável pela gestão dos fundos para o sector.

Mas, ao que parece, aquelas empresas existem mesmo, já que o DETEFP regista cerca de 11 nas suas estatísticas. "Se existem, eu não as conheço, nem sei quais são", contrapõe aquele responsável.

Para Firmino Cordeiro, presidente da Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), muitas destas acções de formação possuem um carácter mais "social", do que de "cariz prático" na agricultura. Isto porque, segundo aquele dirigente, muita da formação "a pacote" serve para "fins de subsistência de algumas populações do interior do país".

Um dos resultados é a criação de vários "catedráticos da formação, que já tiraram cursos de todas as áreas possíveis". Firmino Cordeiro acrescenta ainda que existem empresas que "montam esquemas de 'caça' aos subsídios de formação profissional com estes fins, escapando ao controlo das associações empresariais".

Luís Mira não compartilha desta opinião, frisando, no entanto, que "tais esquemas eram prática no passado", mas que agora é mais difícil de os efectuar, devido à maior fiscalização. "Por exemplo, a CAP proíbe que as pessoas frequentem mais do que dois cursos na mesma empresa", refere aquele responsável.

Além disso, Luís Mira aponta como uma das razões para o aumento do custo médio de formação a alteração dos conteúdos dos cursos e a população a que se dirigem. "Muitos dos cursos actuais são sobre operação de máquinas agrícolas e normas europeias agro-ambientais e de protecção do ambiente, dirigidas a um público com formação superior. Também existe um grande esforço de formação na agricultura biológica, que é uma área formativa com um custo mais elevado", explica.

Embora Firmino Cordeiro concorde com este argumento, volta a frisar que qualquer organização agrícola "faz cursos que é um disparate", sem ter em conta a formação que é útil para a autonomia económica do interior do país.

"Devia apostar-se muito mais em pequenas acções de formação sobre turismo ecológico, rural e como saber viver a partir dos recursos rurais", remata. Contactado pelo EXPRESSO, o Ministério da Agricultura remeteu o assunto para a CAP.





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