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Currículo: é tudo relevante?

Currículo: é tudo relevante?

Há quem defenda que entre um bom currículo e a melhor das iguarias culinárias há mais semelhanças do que diferenças. Na verdade, em ambos os casos, o que se serve resulta de uma combinação harmoniosa de ingredientes que deve ser agradável à vista, mas sobretudo deve suprir uma necessidade. Se no primeiro caso ela é alimentar, no segundo trata-se de conjugar os vários elementos de modo a transmitir ao empregador que se é o ingrediente que faz a diferença na empresa. Mas tal como na gastronomia, os bons pratos não resultam de uma mistura aleatória e experimental de condimentos.

15.05.2015 | Por Cátia Mateus


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Muito mais do que a mera soma das partes, o currículo ideal tem de dar sentido às várias etapas de carreira cumpridas e demonstrar a capacidade do candidato e a sua adequação aos novos desafios que se perfilam. É desta forma que Jessica Holbrook Hernandez, CEO da Great Resumes Fast, especialista em redação de currículos e coach na área de personal branding, define a “ciência” implícita à redação de um currículo. Com base nesta premissa, muitos são os candidatos que se perguntam se devem colocar tudo no seu currículo e detalhar exaustivamente os diversos cargos por onde passaram, mesmo aqueles que nada têm a ver com a função a que se candidatam. A resposta Hernandez é clara: não. Mas, confessa, “algumas experiências marginais ao foco da candidatura devem ser elencadas, de forma aliciante, e se demonstrarem o perfil multifacetado do candidato”. Um aspeto que a especialista reconhece ser cada vez mais valorizado pelas empresas.?

“Muitos candidatos somam vários anos de experiência, mas muito do seu percurso nada tem a ver com a função a que se estão atualmente a candidatar”, explica Jessica Holbrook Hernandez acrescentando que a forma de tratar esta informação e de a apresentar aos recrutadores é uma preocupação de um número crescente profissionais, espelho de uma época em que muito poucos profissionais dedicam todo o seu percurso à mesma atividade. Omitir do currículo anos de trabalho que contribuiram para o seu desenvolvimento profissional certamente não será boa ideia. Mas, dispersar a atenção do recrutador oferecendo-lhe um CV que, a uma primeira vista, é marginal à função para a qual estão a contratar pode também revelar-se contraproducente. Há uma dose certa para esta receita? “Há”, garante. 

A frase certa faz a diferença
“É perfeitamente aceitável que um candidato congregue numa só frase várias etapas da sua carreira que não sejam core para a função a que se está a candidatar no momento”, explica a CEO da Great Resumes. Hernandez aconselha os candidatos a que elenquem as “funções vitais” tendo em conta o cargo para o qual se estão a candidatar remetendo para segundo plano as demais referências, a coberto de uma frase que ancore o tema, por exemplo, “a experiência adicional inclui funções de marketing na empresa X, entre 1990 e 2000”. Uma técnica que, realça, “pode também ser muito útil para candidatos que possam ter receios com a discriminação etária nos processos de recrutamento”. Concentrar os primeiros 15 anos de carreira de um candidato pode retirar o foco do facto deste ter mais de 55 anos. Contudo, “é importante não cometer excessos nesta matéria”, alerta.?

Segundo a especialista, a questão da experiência é vital a qualquer currículo e o inverso da situação anterior também pode suceder. Casos há em que em que um candidato regressa à universidade para concluir a sua formação vários anos depois de já ter chegado ao mercado de trabalho. Nessas situações, o recrutador, ao analisar a data de conclusão da licenciatura do candidato pode ser levado a pensar que se trata de um perfil junior, em busca de uma primeira oportunidade. “Importa aqui demonstrar todo o percurso anterior, mesmo que desenquadrado da função a que se candidata, para certificar a experiência do candidato no mercado”, realça. Estratégia e clareza são tudo para um candidato que se apresenta ao empregador. 



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