Um mercado em movimento e com necessidades cada vez específicas. Assim se poderia resumir a radiografia nacional realizada pelo BCSD - Conselho Empresarial para o desenvolvimento Sustentável em parceria com o Hay Group, especializado em consultoria de gestão de recursos humanos, esta semana apresentado publicamente. O relatório, sustentado nas intenções de contratação e nas necessidades de 47 empresas a operar em Portugal, traça um cenário que prevê a criação em três anos (de 2017 a 2020), de um volume de novos postos de trabalho que pode superar as 11 mil contratações nas empresas inquiridas. Os 47 empregadores que participaram no estudo empregam atualmente mais de 240 profissionais e faturam 67 mil milhões de euros na sua atividade global.
A análise revela ainda o que vão procurar estas empresas nos seus futuros profissionais. ?“A importância de ter as pessoas certas para fazer crescer as empresas, o emprego e o bem-estar no país, é demonstrada neste estudo, com a identificação das áreas que são críticas para que isso possa suceder”. Assim resume Fernanda Pargana, secretária geral do BCSD Portugal, o contributo do estudo conduzido pela instituição para o conhecimento do mercado de trabalho nacional, das oportunidades que estão a ser criadas e das novas áreas de empregabilidade futura. Entre as empresas participantes do estudo estão nomes como a Accenture, ANA Aeroportos, AXA, BPI, Banif, Abreu Advogados, Lactogal, Galp Energia, IBM, Jerónimo Martins, José de Mello Saúde, Metropolitano de Lisbo, Nestlé, Grupo Pestana, Portucel Soporcel, PwC, Randstad, REN, Solvay, Sonae, Unicer, Xerox e outras com ambições de contratação, mas elevado grau de exigência.
Competências analisadas à lupa
Um dos objetivos do estudo realizado era identificar as competências que se revelam vitais para as empresas e aquelas em que há, sem solo nacional, maiores dificuldades de contratação e carência de perfis qualificados (ver caixa). Para Fernanda Pargana, “a análise foi o ponto de partida partida para o que virá a ser um posterior trabalho de sensibilização dos jovens em idade de decidir o seu futuro, possivelmente para as profissões identificadas no estudo”. ?Uma missão que para Rui Luz, head of Consulting do Hay Group Portugal, se reveste de particular relevância. “è extremamente importante termos dado um primeiro passo, para identificar de modo claro e quantificado quais vão ser as competências que uma parte representativa do tecido empresarial português necessitará a curto médio prazo”.
O responsável da empresa que integra a Ação1 do plano do BCSD Portugal, relativa à adequação dos perfis de comeptências entre as empresas e a formação escolar nacional, acrescenta que “estes resultados forçam empresas e entidades públicas a, tão rapidamente quanto possível, aprofundar a cooperação no sentido de mitigar o gap entre a oferta educativa e de desenvolvimento profissional e as reais necessidades das empresas”. ?Já no próximo ano, as 47 empresas analisadas deverão reforçar a sua força de trabalho em 1,5% criando cerca de 3600 postos de trabalho. Cerca de 1200 dos profissionais a contratar serão especialistas em engenharia informática.
Segundo Rui Luz, as empresas consideram prioritário adequar o ensino profissional (do 10º ao 12º ano) às suas necessidades de recrutamento e elencam como competências comportamentais mais críticas para o desenvolvimento do negócio a orientação para o cliente e para os resultados da organização. O líder da área de Consulting do Hay Group relembra que “só co-construindo a solução poderemos transformar a economia portuguesa e vencer o desafio de crescimento das empresas nacionais” ampliando o seu potencial de contratação.
O que falta às empresas nacionais
O estudo do BCSD Portugal referencia entre as áreas onde se detetam dificuldades de contratação de perfis com algumas competências específicas, a engenharia tecnológica, as ciências económicas, o sector das operações e logística, a automação e até a àrea comercial, de marketing e comunicação de informação. Nestas áreas cabem, por exemplo, profissionais como técnicos de redes, programadores e analistas de sistemas (engenharia tecnológica), técnicos de CRM/Marketing Relacional e E-commerce (comercial, marketing e comunicação de informação), gestores de risco e controllers de gestão (ciências económicas), técnicos de operações logísticas e responsáveis de entreposto logístico (operações e logística) e os técnicos de robótica, programadores CNC (máquinas robotizadas) e programadores de automação (automação). Áreas onde nos próximos anos, o número de oportunidades de emprego deverá evoluir positivamente.
?Além das competências mais escassas em território nacional, as 47 empresas participantes do estudo, identificaram ainda as áreas mais críticas para a evolução dos seus negócios e desenvolvimento da sua atividade a nível local e global. Gestão logística, operações, planeamento industrial, compras e negociação, marketing relacional e prospeção comercial são áreas core para as organizações inquiridas e com boas possibilidades de contratação. De forma transversal, seja qual for a área de atividade, as organizações valorizam soft skills como a capacidade de liderança, orientação para o cliente e para os resultados da empresa. São estes os perfis que abrem portas no mercado de trabalho.