PORTUGAL é o país da União
Europeia com mais mulheres licenciadas em ciências e engenharia.
No total deste segmento de diplomados, o sexo feminino já domina
uma fatia de 42%. Este é um dos principais resultados em destaque
num estudo elaborado recentemente pelo Eurostat. De acordo com aquele
documento, no espaço da UE-25, a média é de 30%.
O país com o valor mais próximo de Portugal é a Lituânia
, com 41% de mulheres que se licenciaram em ciência e engenharia.
Além disso, as mulheres perfazem quase metade da força de
trabalho de investigação no sector público: cerca
de 52% no sector estatal e 45% no segmento do ensino superior.
Todavia, apesar de estarem em paridade com os homens em termos de empregabilidade,
a maioria das investigadoras portuguesas exercem funções
com menor valor acrescentado.
Segundo o indicador Honeypot (pote de mel, em inglês) - método
de cálculo que mede o relacionamento entre a despesa em I&D
e as concentrações de homens e mulheres em determinados
campos científicos -, o diferencial entre o valor esperado da
despesa em I&D "per capita" para as mulheres e o valor
observado nesta categoria é de -5,8%. Isto significa que as investigadoras
estão localizadas nas zonas de menor investimento em I&D
e afastadas das áreas de investigação com maiores
recursos financeiros.
Confrontada com estes dados, Maria da Graça Carvalho, ministra
da Ciência e do Ensino Superior, refere que este "é
um problema estrutural que atravessa a sociedade portuguesa em todas
as áreas de actividade". E acrescenta que "temos
todos em conjunto de batalhar para que as mulheres, em igualdade de
circunstâncias, tenham igualdade de tratamento".
Para inverter esta situação, a responsável governamental
preconiza que "a educação dos filhos e a repartição
das tarefas domésticas sejam assumidas igualmente por homens
e mulheres", para que estas tenham "um acesso mais
imediato a cargos de chefia e ao topo de uma carreira. Mas é
um processo que levará o seu tempo", remata.