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Centros de serviços recrutam em Portugal

Centros de serviços recrutam em Portugal

A mão-de-obra qualificada a custos acessíveis e com forte aptidão para o domínio fluente de vários idiomas está a levar várias multinacionais a deslocalizarem para Portugal os seus centros de serviços. São cada vez mais as operações internacionais a trabalhar a partir do país em regime de proximidade (nearshore), gerando um número crescente de empregos.
22.02.2013 | Por Cátia Mateus


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O exemplo mais recente é da Altran que contratará este ano 40 a 60 novos colaboradores para a sua estrutura no Fundão. O sector dos serviços de outsourcing tem sido notícia pelo seu potencial de criação de emprego em Portugal, em contraciclo com a conjuntura económica. O número de empresas que a partir do país prestam serviços para vários pontos do mundo está a ganhar expressão e Portugal é já apontado como um destino de excelência para a fixação de centros de serviços internacionais, sobretudo numa perspetiva de outsourcing de proximidade (nearshore). Somam-se no país os exemplos de sucesso de um sector cujo potencial de crescimento e criação de emprego é muito relevante. A francesa Altran escolheu o Fundão para instalar o seu centro de serviços nearshore na área das tecnologias de informação, consolidando assim uma presença nacional de 15 anos. Com a nova estrutura que atuará à escala europeia, a empresa viabilizará até 2015 a criação de 120 novos postos de trabalho. Entre a 40 a 60 serão criados este ano, estando as candidaturas em aberto. Célia Reis, diretora geral da Altran Portugal, explica que “os processos de recrutamento vão depender dos projetos a iniciar e das necessidades que vão surgindo” acrescentando que a região do Fundão foi escolhida também pela “proximidade com universidades e politécnicos de referência que formam excelentes profissionais”. No processo de recrutamento atualmente em curso a empresa procura perfis na área da engenharia informática, de telecomunicações ou eletrotécnica. Perfis recém-licenciados com um mais de um ano de experiência são admitidos como candidatos desde que possuam sólidos conhecimentos de francês (preferencial) ou inglês. A diretora geral esclarece que todo o processo está a ser conduzido a partir do site da empresa (www.altran.pt) e que “para além das competências técnicas, a Altran procura candidatos altamente motivados para projetos completos, aliciantes e com extraordinários skills pessoais e de comunicação”. No ano passado a empresa recrutou 125 colaboradores, a maioria para projetos nacionais, uma vez que foi nomeada como centro nearshore de todo o grupo. Célia Reis admite que além das 120 vagas a criar até 2015, outras possam surgir uma vez que a Altran Portugal está a desenvolver outras áreas de negócio para as quais tem igualmente necessidades de recrutamento. Em Portugal, a empresa já integra uma equipa de 400 elementos, assumindo como ambição ser um empregador de referência de innovation makers, consultores e profissionais que têm nas TI o seu principal enfoque. A partir de Portugal a Altran tem dado resposta às necessidades de clientes localizados em geografias próximas como França, Holanda ou Suíça. O alargamento a outros países faz parte dos planos da empresa que em 2012 somou com os projetos nearshore, liderados a partir de Portugal, cerca de um milhão de euros. Valor que deverá duplicar já este ano levando Célia Reis a reforçar a total aposta da empresa em Portugal como “plataforma de nearshore para deslocalizar projetos em sistemas de informação da Altran para toda a Europa”. Uma estratégia que é comum a outras empresas que também apostaram no país com a mesma finalidade. A HP, IBM, Axa, Fujitsu, Reditus, Xerox, Degetel, Siemens, Cisco ou Microsoft são bom exemplos de implementação de centros de serviços europeus e mundiais na área das tecnologias de informação. Outros há, em setores tão distintos como o farmacêutico, seguros ou banca, com semelhante potencial de crescimento nacional. A francesa Artamis, a incubadora de empresas alemã Rocket Internet, a britânica Blip e francesa Lusotechnip estão com Portugal na mira e poderão criar várias centenas de empregos a médio prazo. Na rota mundial do outsourcing Portugal tem potencial para se tornar uma indústria de exportação mundial no domínio dos serviços de outsourcing, alavancando dessa forma os níveis de emprego no país. A conclusão é avançada no estudo “Portugal como Destino de Nearshore Outsourcing”, recentemente divulgado pela Asssociação Portugal Outsourcing que desde 2008 reúne as principais empresas do sector a operar em território nacional. Nos últimos anos, esta área de atividade tem vindo a ganhar maturidade no país com aplicação direta em setores tão diversos como as tecnologias de informação, a segurança, os recursos humanos, o trabalho temporário entre outros. O crescimento destes serviços e o aumento da aposta das empresas em Portugal está sobretudo relacionado com as elevadas qualificações dos portugueses, os salários competitivos, a facilidade com que se encontram profissionais com fluência em línguas estrangeiras, os custos competitivos, o facto das empresas estarem focadas no mercado externo e nas exportações, para contrariar a crise interna. No país somam-se os exemplos de implantação de estruturas bem sucedidas nesta área e, segundo o relatório, o aumento do desemprego pode ser aproveitado como uma oportunidade, devido à maior disponibilidade da mão-de-obra qualificada. Mas o relatório alerta para a importância de que esta maior disponibilidade, potenciadora da redução do preço do trabalho, não seja vista como uma vantagem, já que não é possível competir no radar internacional através de baixos salários.


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