Portugal está na moda e na rota das multinacionais. Nos últimos anos, a economia nacional e o mercado de trabalho têm beneficiado da vaga de deslocalização de serviços e centros de inovação de empresas internacionais, de múltiplos sectores de atividade. A excelência da formação técnica dos profissionais portugueses, a sua facilidade no domínio de vários idiomas e os custos associados ao trabalho, posicionam Portugal como um destino de eleição para os investimentos das empresas em matéria de nearshoring. Mais de 15 mil postos de trabalho deverão ter sido criados em solo nacional nesta área. Tiago Henriques, responsável pela unidade de negócio de Shared Shervices da consultora de recrutamento Michael Page (PageGroup), fala de um incremento da procura e recrutamento de profissionais para estas plataformas na ordem dos 35% e assegura que a tendência é para que a procura de profissionais continue a aumentar nos próximos anos. ?
Desde 1999 que a consultora Deloitte analisa, num registo bianual, as principais tendências mundiais na área dos serviços partilhados. A edição deste ano do estudo 2015 Global Shared Services Survey revela que a Europa é o destino preferencial das organizações para implementar os seus centros de serviços partilhados e de competências. Segundo o relatório, 37% das organizações internacionais escolhem a europa para implementar os seus centros nearshore. A radiografia agora traçada confirma a tendência já identificada pela consultora em 2014, altura em que o “Estudo de Implementação de Plataformas de Desenvolvimento de Centros de Serviços Partilhados”, posicionava o velho continente como o destino de eleição para este tipo de centros e colocava Portugal no radar dos investimentos internacionais nesta matéria, pese embora o facto de na altura da divulgação do estudo, Sérgio Oliveira, partner da Deloitte responsável pela sua elaboração, tenha salientado que além dispor de “boas infraestruturas, resultando em excelentes localizações para a instalação de centros de serviços partilhados, a custos competitivos, uma boa localização e proximidade geográfica a importantes centros de negócios a nível internacional”, era na área dos recursos humanos, a mais relevante para o negócio, que Portugal se apresentava “mais competitivo”.
O lado 'sexy' de Portugal
O estudo que comparava Portugal, República Checa, Polónia, Espanha e Irlanda, enquanto destinos de localização de centros de serviços partilhados, colocava ênfase nas vantagens nacionais no campo das qualificações da mão-de-obra disponível e das suas competências linguísticas, mas também na “elevada qualidade do ensino” e no “custo dos salários”. Fatores que, na hora de decidir investimentos desta natureza, são considerados de extrema relevância por parte dos investidores estrangeiros.
Multinacionais de vários sectores como a Fujitsu, Microsoft, Cisco, Gfi, CGI, Accenture, Ericsson, Siemens, Sitel, SAP, Reditus, Xerox, National Oilwell Varco, Subsea7, e muitas outras, identificaram nos últimos anos este potencial.
Para o especialista da Michael Page, Tiago Henriques, “o sector dos Centros de Serviços Partilhados encontra-se em profunda fase de crescimento” e é fonte de múltiplas oportunidades profissionais, seja para perfis mais seniores ou júniores, tendo representado também, nos últimos anos, um importante aliado ao desemprego de longa duração, por via das possibilidades de reconversão profissional que tem assegurado no país, através de programas programas promovidos pelas multinacionais.?Entre os sectores que mais investem em Portugal nesta área estão a Engenharia, as Tecnologias de Informação, Indústria, Telecomunicações, Banca e Call Centers. Tiago Henriques realça a procura de “perfis de todos os níveis de senioridade, com especial enfoque em perfis de middle management com formação em engenharia, TI e finanças”.
O responsável da Michael Page realça que as empresas “dão preferência a skills com domínio de diferentes idiomas, capacidade analítica, espírito crítico e boa formação académica” para funções ligadas com a contabilidade, collections, controllers financeiros, programadores, financeiros, gestores de projeto, comerciais, mas também inside sales ou virtual account managers, gestores de contas, líderes de equipa e de operações e diretores de site. O próximo ano, garante Tiago Henriques, será uma janela de oportunidade neste sector já que “existem alguns players a iniciar a sua operação em Portugal e outros a reforçarem a sua estrutura, num processo contínuo de migração de funções de outras geografias para Portugal”.