Ruben Eiras
A CONQUISTA de um lugar entre as melhores escolas de negócios
do mundo é o objectivo da forte aposta na internacionalização
que o departamento de formação de executivos da Faculdade
de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Católica
Portuguesa (UCP) está a realizar no momento.
De acordo com Luís Cardoso, director daquela unidade universitária,
as linhas de acção para concretizar a meta centram-se
no aprofundamento da cooperação com escolas europeias
e americanas de renome, no estreitamento das parcerias com o mercado
brasileiro e no desbravar das oportunidades em emergência no mercado
chinês.
Em relação ao nosso país-irmão do continente
sul-americano, Luís Cardoso avança que a UCP está
em vias de celebrar formalmente com a Confederação da
Indústria Brasileira (organização que está
presente nos 27 Estados do Brasil) um acordo para leccionar um curso
internacional de Top Management.
Esta iniciativa envolve outras duas escolas de negócios europeias
com prestígio mundial, o Insead e o Institute for Management
Development (IMD).
"Este curso dirige-se a executivos de topo de grande qualidade
- vamos ter a 'nata' da gestão brasileira neste programa de ensino",
sublinha o responsável. O curso tem uma duração
de duas semanas nas escolas em que é leccionado e funciona num
regime intensivo e residencial.
Na rota da China
O outro mercado no qual a UCP está a desenvolver esforços
para criar uma oferta de formação para executivos é
o chinês. Segundo Fernando Cardoso, fazer um curso numa escola
europeia é um factor "muito valorizado" no a
zona laboral do Império do Meio.
"Além disso, há uma 'fome' por parte dos chineses
para conhecer as realidades europeias. A oferta deste tipo de conhecimento
na China ainda é escassa e há oportunidades a desbravar",
refere aquele docente.
Como tal, a UCP está a efectuar uma avaliação no
terreno para criar um curso de gestão com incidência nos
negócios do mercado europeu. De acordo com Luís Cardoso,
o curso será baseado em Hong Kong e em Guang-Zhou, uma província
situada no sul da China.
A janela de Macau
Mas em Macau também existem janelas de oportunidades. "O
Governo chinês está a redireccionar muitos projectos de
investimento para a zona de Macau, com o objectivo de criar um contrapeso
à influência de Hong Kong. Isto significa que a procura
de competências de gestão irá aumentar",
considera aquele responsável.
Neste plano, a UCP - que em conjunto com a Diocese de Macau, criou o
Instituto Universitário de Macau - irá alargar a oferta
de MBA naquela região. Outra iniciativa a levar a cabo no médio
prazo é a deslocação de empresários chineses
para fazer um curso de Top Management em Lisboa.
Para Portugal, Luís Cardoso refere que a colaboração
com escolas europeias irá continuar, principalmente com o Insead.
Ensinar o risco na Polónia
NO QUE respeita à estratégia de internacionalização
no continente europeu, Luís Cardoso avança também
que será criado, em conjunto com uma universidade sedeada em
Barcelona, um curso na área de distribuição automóvel.
A UCP também está a apoiar a internacionalização
das empresas portuguesas. Por exemplo, a empresa de construção
civil Mota & Ca internacionalizou-se recentemente para a Polónia
e deparou com uma força de trabalho com um alto nível
de aversão ao risco.
Para inverter esta situação, a UCP foi contratada para
dar formação aos quadros polacos da empresa sobre o espírito
de risco. A Universidade Católica Portuguesa foi classificada
líder do mercado português no ensino de gestão no
último "ranking" elaborado pela extinta revista "Fortunas
& Negócios".
Em 1992, este segmento de ensino representava apenas 1% das receitas
geradas pela Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais.
Doze anos volvidos, os produtos educativos já pesam quase 60%
no bolo total das receitas daquela instituição de ensino.
Para Luís Cardoso, a tendência deve-se à necessidade
que as pessoas sentem de "reciclar os seus conhecimentos, como
das próprias empresas em aperfeiçoar as competências
de gestão dos seus quadros".