Cátia Mateus
NUMA altura em que o Instituto Nacional de Estatística
aponta para a existência de cerca de 130 mil desempregados na região
Norte do país, a Associação Metropolitana de Serviços,
com sede no Porto, lança uma iniciativa pioneira com o intuito
de minimizar o impacto da carência de emprego na região:
a "Agência Metropolitana de Serviços" (AMS).
Trata-se de uma bolsa de prestadores de serviços em várias
especialidades, que integra apenas profissionais em situação
de desemprego e residentes na Área Metropolitana do Porto. Até
à data, a agência já deu formação
a mais de 80 profissionais. Dos mesmos, apenas 40 integram a bolsa de
serviços.
O conceito é simples mas pode fazer a diferença. Quantas
vezes já não se perguntou onde encontrar um canalizador
para solucionar o problema da torneira? Ou onde encontrar alguém
de confiança a quem entregar a tarefa de limpar a sua habitação?
Pois a Associação Metropolitana de Serviços pensou
nisso na altura de criar a agência de serviços. A ideia
era apoiar os profissionais em situação de desemprego
no acesso ao mercado de trabalho pela via empresarial. Através
da AMS, estes profissionais recebem formação em áreas
vastas mas úteis a quem se lança no mercado por sua conta
e risco.
Através deste projecto, ensina-se aos desempregados de longa
duração a "arte" de empreender. Nem todos têm
perfil para trabalhar por conta própria, mas a verdade é
que, depois da formação, a AMS já integra 40 profissionais.
O projecto de criação da agência de serviços
começou há cerca de 10 meses, como parte integrante do
Programa Regional de Emprego para a Área Metropolitana do Porto.
"A Área Metropolitana do Porto sofre há muito
de um problema de desemprego de longa duração. Pessoas
acima dos 35 anos, com poucas qualificações e a quem a
formação não chega de forma muito fácil",
explica Luísa Salgueiro, uma das coordenadoras da AMS.
Na génese da iniciativa estava a necessidade de apoiar estes
casos "com uma solução de formação
que permitisse aos profissionais a quem é difícil regressar
ao mercado laboral por contra de outrem fazê-lo por iniciativa
própria", adianta.
E, na realidade, o processo é simples. A AMS funciona em ligação
estreita com o Instituto de Emprego e Formação Profissional
(IEFP) e oito instituições de solidariedade locais. A
partir daqui são seleccionados os potenciais formandos: profissionais
desempregados (preferencialmente de longa duração) que
residam na Área Metropolitana do Porto.
"A formação abrange áreas tão distintas
como o empreendedorismo, o contacto com o cliente ou a contabilidade.
A meta é autonomizar estas pessoas e dar-lhe ferramentas para
a criação do auto-emprego", defende Luísa
Salgueiro.
Depois de formados, os profissionais que manifestarem interesse em trabalhar
por conta própria integram a AMS, um canal que centraliza a oferta
dos serviços prestados. Para a responsável, "o
objectivo desta estrutura é funcionar como uma ponte entre os
profissionais e o mercado". Até aqui existiam muito
prestadores de serviços, mas nenhuma entidade que os agrupasse,
que os formasse e de alguma forma atestasse a sua credibilidade.
Por outro lado, passa também a ser mais fácil, para quem
necessite de recorrer a estes serviços, saber onde se dirigir.
A AMS tem página na internet -
www.servicos.ams.pt -, o que facilita o processo. Aqui pode encontrar
profissionais habilitados a exercer actividades tão distintas
como: reparação de electrodomésticos, limpezas,
animação de eventos, fotografia, tratamento de roupas,
arranjos florais, decoração, pinturas, conserto de calçado,
electricidade, entre outras.
Até à data, 40 dos 80 profissionais formados integram
a bolsa de serviços, enquanto parte dos restantes terão
conseguido emprego por conta de outrem. De acordo com Luísa Salgueiro,
o perfil do formando contempla "muitas mulheres, com faixas
etárias que rondam os 35 anos".
Apesar de só agora o projecto estar a dar os primeiros passos
na centralização dos serviços, a responsável
faz um balanço bastante positivo da actividade, destacando a
continuidade da iniciativa e evidenciando o interesse social da sua
replicação para outras zonas do país.