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As universidades que dão trabalho

22.10.2004


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Cátia Mateus, Fernanda Pedro, Maribela Freitas e Ruben Eiras

A CONQUISTA de um emprego após a finalização de um curso superior é, para muitos estudantes, a crónica de uma angústia esperada. Com efeito, segundo os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional, perto de 40.000 licenciados estão votados ao desemprego. Para que o leitor saiba onde está a empregabilidade no ensino superior, o EXPRESSO Emprego consultou alguns dos principais recrutadores do mercado nacional para saber quais as universidades com maior preferência por parte das empresas nas áreas das engenharias, engenharia civil, marketing, gestão, economia e finanças.


Segundo Mário Ceitil, director associado da Cegoc, uma das determinantes das preferências dos empregadores por certas universidades é o perfil da formação ministrada aos alunos. De acordo com aquele especialista, as empresas valorizam o ensino com uma boa ligação à prática e que abra os horizontes do conhecimento das pessoas.

«Este último aspecto é importante, porque uma vez esses ex-alunos admitidos nas empresas, estes poderão constituir um factor de ‘regeneração genética', de que as empresas tanto necessitam para se desenvolverem», reitera. Outros factores que também influenciam a decisão de contratação são o nível de autoconfiança e de propensão para aceitar desafios manifestados pelos candidatos.

Portanto, há que escolher bem a instituição de ensino superior onde se vai tirar o curso — a «marca» das universidades no mercado é como um carimbo indelével no currículo do candidato.

Para Margarida Lousada, consultora sénior da Ray Human Capital, a notoriedade e prestígio da faculdade «têm peso», estando associadas a factores como «a qualidade de ensino, a antiguidade e prestígio do corpo docente e a visibilidade e importância da carreira profissional de ex-alunos no mercado de trabalho».

A marca da universidade

Mário Ceitil corrobora esta perspectiva: «O facto de os candidatos apresentarem um currículo com uma formação superior numa universidade cotada como uma ‘boa marca' é, sem dúvida, um factor de vantagem competitiva». Mas este factor, «por si só, também não chega».

Neste plano, Manuel Arroja, director-geral da Michael Page, uma empresa de «executive search», refere que a experiência profissional supera a «marca» da faculdade. «Quando as empresas procuram alguém com experiência profissional raramente mencionam uma faculdade ou universidade — o que importa é onde esse profissional trabalhou ou trabalha e quais as funções que executou ou exerce», esclarece.

Mas no caso do recrutamento de recém-licenciados, aquele responsável reconhece que a instituição de ensino de onde estes provêm «ganha de repente grande importância». Ou seja, a falta de experiência profissional é colmatada pela imagem de «marca» da universidade.

O valor dos MBA

Este factor também opera numa fase mais adiantada da carreira. Fernando Neves de Almeida, «senior partner» da Boyden Global Executive Search, alerta que para assegurar determinados cargos é fundamental os candidatos possuírem uma pós-graduação ou um MBA. «Neste caso, os MBA da Universidade Católica, da Universidade Nova de Lisboa e da AESE-Escola de Direcção de Negócios (a qual está ligada à Universidade de Navarra) podem ter algum peso na decisão quando os candidatos se apresentam com percursos profissionais semelhantes», remata.


ANALISE A 'COTAÇÃO' DAS ESCOLAS

ANA Cardoso, directora de Recrutamento e Selecção da Egor, não tem dúvidas de que os estabelecimentos de ensino funcionam como uma marca no mercado de trabalho. Uma realidade que considera «mais evidente ainda quando se tem o estatuto de jovem licenciado em busca do primeiro emprego». Para a responsável, nestes casos as empresas tendem claramente a privilegiar os estabelecimentos públicos, «não só por serem escolas mais conceituadas a nível nacional mas também porque o seu acesso só é possível aos alunos com as melhores médias».

A directora de recrutamento da Egor adianta que «as empresas valorizam uma formação em escolas de qualidade e de maior exigência, mas paralelamente a este factor são também importantes as competências pessoais na altura de admitirem determinado candidato».

Uma opinião também reforçada por Ana Luísa Teixeira, «managing partner» da empresa de «executive search» MRI Worldwide. A responsável refere que instituições de ensino como o Instituto Superior Técnico continuam a ser muito valorizadas no meio laboral, no domínio das engenharias. Mas, entre as instituições privadas, a Universidade Católica merece destaque em várias áreas como o Marketing, a Gestão, Economia e Finanças.

Ana Luísa Teixeira refere que «as universidades de prestígio são sempre um bom investimento, mas há uma crescente valorização por parte do mercado laboral para a formação no estrangeiro». Ao nível do «executive search», que pressupõe uma maior experiência laboral, «começa a ser determinante o local onde se tiram MBA e pós-graduações».

Neste domínio, a responsável cita instituições como a Universidade Católica, o ISCTE, a Universidade Nova, a Universidade Lusófona e a Universidade Autónoma de Lisboa. Mas Ana Luísa Teixeira alerta que «a componente prática do curso e o prestígio da universidade são importantes, mas a forma como a pessoa gere a formação que adquiriu e como esta lhe abriu os horizontes na prática diária de trabalho é ainda mais importante». De nada serve acumular cursos e não retirar deles aproveitamento prático.

AS UNIVERSIDADES QUE OS EMPRESÁRIOS PROCURAM Engenharia Instituto Superior Técnico, Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, Universidade do Minho, Universidade de Aveiro, Instituto Superior de Engenharia de Lisboa e Instituto Superior de Engenharia do Porto Engenharia Civil Instituto Superior Técnico, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e Instituto Superior de Engenharia do Porto Engenharia Informática Instituto Superior Técnico, Universidade Nova de Lisboa e Universidade de Aveiro Marketing Instituto Português de Administração e Marketing, Instituto Superior de Comunicação Empresarial, Universidade Nova de Lisboa, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, Universidade Católica Portuguesa, Instituto Superior de Administração e Gestão e Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing Gestão Universidade Católica Portuguesa, Universidade Nova de Lisboa, Instituto Superior de Gestão, Instituto Superior de Economia e Gestão, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, AESE - Escola de Direcção e Negócios e Faculdade de Economia da Universidade do Porto Economia Universidade Católica Portuguesa, Universidade Nova de Lisboa, Instituto Superior de Gestão, Instituto Superior de Economia e Gestão, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, Faculdade de Economia da Universidade do Porto e Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Finanças Universidade Católica Portuguesa, Universidade Nova de Lisboa, Instituto Superior de Gestão, Instituto Superior de Economia e Gestão, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa e Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais Fonte: Egor, Michael Page, MRIWoldwide, Ray Human Capital, Cegoc e Boyden Global Executive Search






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