Cátia Mateus, Fernanda
Pedro, Maribela Freitas e Ruben Eiras
A CONQUISTA de um emprego após a finalização
de um curso superior é, para muitos estudantes, a crónica
de uma angústia esperada. Com efeito, segundo os dados do Instituto
de Emprego e Formação Profissional, perto de 40.000 licenciados
estão votados ao desemprego. Para que o leitor saiba onde está
a empregabilidade no ensino superior, o EXPRESSO Emprego consultou alguns
dos principais recrutadores do mercado nacional para saber quais as universidades
com maior preferência por parte das empresas nas áreas das
engenharias, engenharia civil, marketing, gestão, economia e finanças.
Segundo Mário Ceitil, director associado da Cegoc, uma das determinantes
das preferências dos empregadores por certas universidades é
o perfil da formação ministrada aos alunos. De acordo
com aquele especialista, as empresas valorizam o ensino com uma boa
ligação à prática e que abra os horizontes
do conhecimento das pessoas.
«Este último aspecto é importante, porque
uma vez esses ex-alunos admitidos nas empresas, estes poderão
constituir um factor de ‘regeneração genética',
de que as empresas tanto necessitam para se desenvolverem»,
reitera. Outros factores que também influenciam a decisão
de contratação são o nível de autoconfiança
e de propensão para aceitar desafios manifestados pelos candidatos.
Portanto, há que escolher bem a instituição de
ensino superior onde se vai tirar o curso — a «marca» das
universidades no mercado é como um carimbo indelével no
currículo do candidato.
Para Margarida Lousada, consultora sénior da Ray Human Capital,
a notoriedade e prestígio da faculdade «têm
peso», estando associadas a factores como «a
qualidade de ensino, a antiguidade e prestígio do corpo docente
e a visibilidade e importância da carreira profissional de ex-alunos
no mercado de trabalho».
A marca da universidade
Mário Ceitil corrobora esta perspectiva: «O facto
de os candidatos apresentarem um currículo com uma formação
superior numa universidade cotada como uma ‘boa marca' é, sem
dúvida, um factor de vantagem competitiva». Mas este factor,
«por si só, também não chega».
Neste plano, Manuel Arroja, director-geral da Michael Page, uma empresa
de «executive search», refere que a experiência profissional
supera a «marca» da faculdade. «Quando as
empresas procuram alguém com experiência profissional raramente
mencionam uma faculdade ou universidade — o que importa é onde
esse profissional trabalhou ou trabalha e quais as funções
que executou ou exerce», esclarece.
Mas no caso do recrutamento de recém-licenciados, aquele responsável
reconhece que a instituição de ensino de onde estes provêm
«ganha de repente grande importância». Ou seja, a
falta de experiência profissional é colmatada pela imagem
de «marca» da universidade.
O valor dos MBA
Este factor também opera numa fase mais adiantada da carreira.
Fernando Neves de Almeida, «senior partner» da Boyden Global
Executive Search, alerta que para assegurar determinados cargos é
fundamental os candidatos possuírem uma pós-graduação
ou um MBA. «Neste caso, os MBA da Universidade Católica,
da Universidade Nova de Lisboa e da AESE-Escola de Direcção
de Negócios (a qual está ligada à Universidade
de Navarra) podem ter algum peso na decisão quando os candidatos
se apresentam com percursos profissionais semelhantes»,
remata.
ANALISE A 'COTAÇÃO' DAS ESCOLAS
ANA Cardoso, directora de Recrutamento e Selecção da
Egor, não tem dúvidas de que os estabelecimentos de ensino
funcionam como uma marca no mercado de trabalho. Uma realidade que considera
«mais evidente ainda quando se tem o estatuto de jovem
licenciado em busca do primeiro emprego». Para a responsável,
nestes casos as empresas tendem claramente a privilegiar os estabelecimentos
públicos, «não só por serem escolas
mais conceituadas a nível nacional mas também porque o
seu acesso só é possível aos alunos com as melhores
médias».
A directora de recrutamento da Egor adianta que «as empresas
valorizam uma formação em escolas de qualidade e de maior
exigência, mas paralelamente a este factor são também
importantes as competências pessoais na altura de admitirem determinado
candidato».
Uma opinião também reforçada por Ana Luísa
Teixeira, «managing partner» da empresa de «executive
search» MRI Worldwide. A responsável refere que instituições
de ensino como o Instituto Superior Técnico continuam a ser muito
valorizadas no meio laboral, no domínio das engenharias. Mas,
entre as instituições privadas, a Universidade Católica
merece destaque em várias áreas como o Marketing, a Gestão,
Economia e Finanças.
Ana Luísa Teixeira refere que «as universidades
de prestígio são sempre um bom investimento, mas há
uma crescente valorização por parte do mercado laboral
para a formação no estrangeiro». Ao nível
do «executive search», que pressupõe uma maior experiência
laboral, «começa a ser determinante o local onde
se tiram MBA e pós-graduações».
Neste domínio, a responsável cita instituições
como a Universidade Católica, o ISCTE, a Universidade Nova, a
Universidade Lusófona e a Universidade Autónoma de Lisboa.
Mas Ana Luísa Teixeira alerta que «a componente
prática do curso e o prestígio da universidade são
importantes, mas a forma como a pessoa gere a formação
que adquiriu e como esta lhe abriu os horizontes na prática diária
de trabalho é ainda mais importante». De nada
serve acumular cursos e não retirar deles aproveitamento prático.
AS UNIVERSIDADES
QUE OS EMPRESÁRIOS PROCURAM
Engenharia
Instituto Superior Técnico, Universidade Nova
de Lisboa, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Instituto
Superior de Engenharia de Coimbra, Universidade do Minho, Universidade
de Aveiro, Instituto Superior de Engenharia de Lisboa e Instituto
Superior de Engenharia do Porto
Engenharia Civil
Instituto Superior Técnico, Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto e Instituto Superior de Engenharia do
Porto
Engenharia Informática
Instituto Superior Técnico, Universidade Nova
de Lisboa e Universidade de Aveiro
Marketing
Instituto Português de Administração
e Marketing, Instituto Superior de Comunicação Empresarial,
Universidade Nova de Lisboa, Instituto Superior de Ciências
do Trabalho e da Empresa, Universidade Católica Portuguesa,
Instituto Superior de Administração e Gestão
e Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing
Gestão
Universidade Católica Portuguesa, Universidade
Nova de Lisboa, Instituto Superior de Gestão, Instituto
Superior de Economia e Gestão, Instituto Superior de Ciências
do Trabalho e da Empresa, AESE - Escola de Direcção
e Negócios e Faculdade de Economia da Universidade do Porto
Economia
Universidade Católica Portuguesa, Universidade
Nova de Lisboa, Instituto Superior de Gestão, Instituto Superior
de Economia e Gestão, Instituto Superior de Ciências do Trabalho
e da Empresa, Faculdade de Economia da Universidade do Porto e
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Finanças
Universidade Católica Portuguesa, Universidade
Nova de Lisboa, Instituto Superior de Gestão, Instituto
Superior de Economia e Gestão, Instituto Superior de Ciências
do Trabalho e da Empresa e Instituto de Estudos Superiores Financeiros
e Fiscais
Fonte: Egor,
Michael Page, MRIWoldwide, Ray Human Capital, Cegoc e Boyden Global
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