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As competências que Portugal quer

As competências que Portugal quer

Portugal é um dos quatro países do mundo que regista maior grau de desadequação entre as necessidades das empresas em matéria de qualificações profissionais e os perfis disponíveis no mercado. As conclusões resultam da edição anual do Global Skills Index, elaborado pela consultora Hays em colaboração com o Oxford Economics, e para Paula Baptista, managing director da Hays, podem em parte justificar-se com a crescente onda de emigração qualificada que afetou o país nos últimos anos.

02.10.2014 | Por Cátia Mateus


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Apesar do ainda elevado índice de desemprego registado em Portugal e do elevado número de profissionais que ativamente procura uma nova oportunidade no mercado de trabalho, o Hays Global Skills Index 2014 - um estudo anual realizado pela consultora de recrutamento Hays em parceria com a Oxford Economics para analisar as dinâmicas que influenciam o mercado de trabalho qualificado em 31 grandes economias mundiais - revela que os profissionais disponíveis no mercado não possuem as competências (skills), formação ou a experiência que os empregadores portugueses procuram neste momento. A conclusão, polémica, surge numa altura em que segundo Paula Baptista, managing director da Hays Portugal, a economia portuguesa começa a mostrar os primeiros sinais positivos e o mercado de trabalho parece estar a recuperar o seu dinamismo.

Que competências requerem hoje as empresas portuguesas? Especialista em recrutamento, Paula Baptista sintetiza a questão sustentando-se nas conclusões preliminares de um outro inquérito que a Hays realiza anualmente - o Guia do Mercado Laboral para 2015 - que desvendou ao Expresso em exclusivo: “dos resultados que já apurámos para a área das Tecnologias de Informação, por exemplo, constatamos que as competências que os empregadores mais procuram nos profissionais de são as hardskills, sobretudo competências Java, .net e Mobile”. A especialista destaca também softskills como a proatividade e a orientação para objetivos que, parecendo lineares para qualquer candidato, pode tornar-se entraves ao recrutamento.

As Tecnologias de Informação não são a única área onde há manifesto desajuste entre as competências dos profissionais disponíveis e aquilo que as empresas procuram. Paula Baptista, atribui esta dificuldade, transversal a outros sectores, à fuga de talentos qualificados portugueses para outros países que nos últimos anos se tornou prática corrente. Mas a especialista lança algum otimismo sobre esta questão. “Os dados preliminares do Guia do Mercado laboral 2015 apontam para que 70% dos profissionais portugueses que emigraram querem regressar ao ao país”. Nas TI, explica, “a percentagem é inferior ficando-se pelos 66%, mas ainda assim animadora”.

A managing director da Hays elenca entre as principais razões que levam os profissionais qualificados a regressar ao país os projetos profissionais relevantes, as questões familiares e as questões salariais, acrescentando que basta que as empresas e os governos se foquem nestes dados para trazer de volta os profissionais qualificados que sairam do país e, assim, ajudar a minimizar este desfasamento entre as necessidades das empresas e os perfis disponíveis no mercado.

Portugal é neste momento, de acordo com o estudo, um dos países com maior pressão salarial em sectores altamente qualificados, como o das tecnologias de informação, que “há vários anos enfrenta sérias dificuldades em identificar e atrair profissionais da área”, conclui.

Ultrapassar a falta de competências
Em todo o mundo, as empresas continuam a debater-se com dificuldades no recrutamento de profissionais qualificados em determinadas áreas-chave. Para Paula Baptista, minimizar o fosso que separa as necessidades reais das empresas em matéria de recursos humanos da oferta disponível no mercado exige uma estratégia bem definida em três áreas-chave: aproximação efetiva das empresas às universidades; cooperação entre os governos e as empresas e clara diferenciação das políticas de emigração por parte dos Governos.

Para a managing partner da Hays Portugal, o Global Skills Index 2014 permitiu identificar recomendações claras, capazes atenuar de forma eficaz o problema nacional do desajuste entre a oferta e a procura de competências, não só em Portugal como noutros países. A especialista refere em primeira instância a necessidade das empresas se unirem às universidades, “colaborando para criar sistemas educativos que assegurem que todos os países estão alinhados na formação de profissionais com as competências que o mercado efetivamente necessita”.

Paula Baptista aponta essencial nesta matéria a participação das empresas na elaboração dos currículos académicos – clarificando as universidades sobre as competências essenciais às empresas e as áreas onde está a ser difícil contratar por falta de candidatos - o apoio governamental a iniciativas das empresas orientadas para a qualificação e treino vocacional dos seus quadros ou a definição de incentivos financeiros para candidatos que decidam qualificar-se em áreas onde o mercado regista carência, como sejam as matemáticas, ciências, tecnologia e engenharias.

A edição 2014 do Global Skills Index destaca igualmente a necessidade de uma cooperação efetiva entre os Governos e as empresas, no sentido de assegurar que as medidas legisladas são desenvolvidas com o objetivo específico de assegurar a disponibilidade de profissionais com as competências requeridas, como seja a requalificação de profissionais mais seniores para áreas onde há carência de perfis ou realização de estágios ou formação on-job para jovens em início de carreira.

A questão da emigração é outro fator-chave. O estudo agora divulgado enfatiza que “as políticas governamentais devem fazer uma clara distinção entre a emigração em massa da emigração qualificada, de modo a garantir que as empresas têm acesso às competências profissionais de que necessitam”. 



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