Cátia Mateus
CATIVAR as mulheres para os desafios do mundo empresarial
é a mais recente bandeira da Associação Nacional
de Jovens Empresários (ANJE)
Consciente das dificuldades que persistem na conciliação
da actividade empresarial com a componente familiar, a instituição
lança no mercado um projecto ambicioso destinado a atenuar as dificuldades
sociais e familiares que tradicionalmente afastam as mulheres da construção
de carreiras profissionais de sucesso.
O PIAF - Programa de Informação Apoio e Formação
tem um investimento estimado de 1250 euros e deverá arrancar até
ao final do corrente ano. "Este é um projecto de empreendedorismo
no feminino", assim define o PIAF, de forma concisa e directa,
Armindo Monteiro, presidente da ANJE. Com o entusiasmo próprio
de quem se lança num novo desafio, explica que os homens ainda
dominam no mundo dos negócios.
Um domínio que para Armindo Monteiro se deve, em parte, ao facto
de as mulheres ainda terem grandes dificuldades em conciliar a vida profissional
com a familiar, vendo-se obrigadas a optar pela família em detrimento
da carreira.
O programa PIAF surge então como forma de minimizar o impacto desta
tomada de decisão. A iniciativa "visa reunir de forma integrada
um conjunto de instrumentos capazes de atacar as diferentes dificuldades
e apetências de jovens mulheres com dificuldades de integração
na vida activa, na qualificação e promoção
profissional ou no próprio acesso à função
e actividade empresarial", explica Armindo Monteiro. Através
do PIAF, a ANJE fará, segundo o seu responsável, "uma
aposta há muito esperada no empresariado feminino".
Mais do que uma mera incubadora
Embora a incubação de empresas não seja de todo a
valência determinante neste projecto, a concretização
do PIAF engloba a construção de um Centro de Apoio ao Investimento
e Incubação de Empresas (CAIIE), na zona da Foz, no Porto.
Uma infra-estrutura que se encontra neste momento em fase de conclusão
e que servirá para albergar algumas iniciativas empresariais, sagrando-se
o palco do desenvolvimento de todo o programa. O CAIIE incluirá
uma incubadora de empresas, com capacidade para dez iniciativas, onde
as empreendedoras poderão desenvolver o seu projecto até
um período máximo de dois anos.
Neste centro, as empresárias "terão ao seu dispor
um vasto leque de informações, que vão desde a formação
ao aconselhamento empresarial, assegurado por consultores experientes
que darão apoio avaliação e execução
inicial do seu projecto", refere Armindo Monteiro.
Além desta valência, a infra-estrutura contempla um Centro
de Acolhimento. Trata-se de um espaço cuja razão de ser
se centra em três funções basilares: "Acolher
os filhos das mulheres que já desenvolvem ou pretendem vir a desenvolver
uma actividade profissional, ajudando a promover a harmonização
da vida profissional e familiar; promover a formação e estágios
profissionais ligados a esta área (educadores infantis e auxiliares
de educação); incubação de projectos empresariais
ligados à área educativa".
Na opinião de Armindo Monteiro, o grande trunfo deste programa
- financiado pelo Plano Operacional de Emprego, Formação
e Desenvolvimento Social (POEFDS) - "é a interactividade
entre os vários instrumentos que o integram".
Com arranque previsto para os próximos meses, o PIAF não
será limitado pela sua localização a norte do país.
Segundo Armindo Monteiro, "o projecto beneficia da rede de delegações
que a ANJE tem em todo o país para atingir o seu público-alvo".
Os critérios de selecção, garante Armindo Monteiro,
serão os mesmos utilizados com os empreendedores masculinos - inovação,
exequibilidade financeira, etc. -, ou não estivesse em causa a
igualdade de oportunidades.