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‘Design’ com traços nacionais

06.06.2003


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Cátia Mateus

Três jovens, outras tantas ideias, uma ambição empresarial e uma paixão comum: o "design". Eis os "ingredientes" de uma receitade negócio - a MOIOdesign - que promete despertar emoções num futuro próximo







BI Empresarial


CADA objecto do nosso quotidiano tem uma vida própria, gera emoções, desencadeia atitudes, sentimentos de afeição ou rejeição. O "design", as proporções, a cor, o tamanho, tudo conta na altura de escolher determinada peça. Para o "designer" o desafio é quase o de "esculpir" o dia a dia, de moldar os objectos às necessidades do homem, de fazer deles algo interno à sua própria existência.

Ana Nobre, João Caldeira Cunha e Palmira Leiria responderam a este desafio. São jovens "designers" com vontade de deixar a sua marca, com vontade de mudar o "design" "moldado" em português. Com toda a garra de quem não se acomoda, enfrentaram as dificuldades e lançaram-se num negócio próprio. Por sua conta e risco lançaram no início deste ano a MOIOdesign. O objectivo é criar uma nova identidade cultural de objectos. Uma identidade nacional.

Foi nos bancos da universidade que Ana Nobre, João Caldeira Cunha e Palmira Leiria sentiram pela primeira vez o apelo do mundo empresarial. São peremptórios em afirmar que "a ideia de criar o próprio ateliê é sempre o ideal de qualquer criativo", mas reconhecem que nem todos passam da teoria à prática.

Contrariaram a tendência de acomodação e enfrentaram "um tecido empresarial que insiste em não dar valor ao trabalho do 'designer' na cadeia de desenvolvimento e produção de objectos".

No início de 2003 criaram a MOIOdesign, mas o mérito do projecto já havia sido reconhecido antes quando a equipa ganhou os Eurowards 2002, a nível nacional, na categoria de "seed".

Um prémio que para Ana Nobre foi o princípio de tudo. Com esta distinção, refere, "começamos de facto a acreditar na viabilidade do projecto que havíamos delineado. Aproveitámos o valor do prémio e demos início à constituição formal da empresa", explica Ana Nobre.

A ideia era criar uma empresa que concentrasse os vários "mundos" do universo do "design" nacional: a criação/edição de objectos; "design" de equipamentos/produto; "design" de interiores; prototipagem; "design" gráfico e edição de conteúdos e organização de eventos. "Queríamos unir diferentes serviços com um mesmo objectivo: o produto", afirma João Caldeira Cunha.

A meta é despertar as emoções, sabendo que "os objectos despertam sentimentos afectivos". E se no momento o ateliê MOIO ainda se encontra numa fase embrionária, sendo precoce definir investimentos e retornos, a realidade é que para os três empreendedores este ano e o próximo asseguram-se positivos.

"No início da nossa actividade, o investimento é necessariamente elevado dadas as metas que nos propomos alcançar. Contudo, é esperado um lucro, ainda que reduzido, no final do primeiro ano", perspectivam. Na sua fase de lançamento, a empresa criou uma linha de produtos inovadora, para uso doméstico: o serviço de mesa XS.

O objectivo foi reduzir ao máximo as peças existentes num serviço de mesa convencional criando peças de cerâmica que são as páginas de um livro, cuja forma quadrangular remete para o quadrado de uma banda desenhada. "Neste projecto envolvemos quatro autores que desenvolveram cada colecção: Francisco Vidal, Pedro Zamith; Pitchu e Rita Cortez Pinto", refere Palmira Leiria.

A industrialização deste serviço é uma das metas a atingir em 2004. Mas a esta outras se juntam. Os empreendedores esperam nos próximos dois anos desenvolver novas linhas de produtos - "utilizando o lucro esperado com a industrialização do XS como capital para estes investimentos" - ao mesmo tempo que seguem o desafio de criar objectos que respeitem os valores éticos e ambientais que se impõem na sociedade actual.

"Design" para todas as bolsas


Para Ana Nobre, "os objectos exibem cada vez mais a sua falta de qualidade e raramente satisfazem as nossas necessidades reais, transparecendo a ausência de 'alma' e retirando-lhes a sua possibilidade de envelhecerem dignamente". Talvez por isso, a MOIOdesign insista na ideia de criar produtos de qualidade concebidos para atingir as massas e não apenas o segmento alto da população, como acontece com grande parte das peças de "design".

Actualmente, a equipa que lidera este projecto mantém ainda actividades paralelas por conta de outrem. É que se o desafio de "ser dono do que se faz" é grande e muito aliciante, a necessidade de sobreviver dita as regras.

Sem ilusões nem deslumbramentos, porque o mundo empresarial é feito de gente que sonha com os pés bem assentes na terra, os três jovens confessam que "é difícil sobreviver no primeiro ano apenas do trabalho do ateliê".

E frisam, "já é bom que no seu primeiro ano de vida a empresa não dê prejuízo". Por isso, mantêm a força de vontade para ir criando sempre mais e melhor.




BI Empresarial

Nome: MOIOdesign

Ano de criação: 2003

Responsáveis:
Ana Nobre (25 anos); João Caldeira Cunha (28 anos) e Palmira Leiria (27 anos)

Área de actuação:
Concentra numa só empresa os vários "mundos" do universo Design: criação/ediçãode objectos; "design" de equipamentos/produtos; "design" de interiores; prototipagem;"design" gráficoe edição de conteúdos; organização de eventos

Principais clientes:
variáveis em função do projecto. Podem ser particulares ou empresas

Postos de Trabalho criados:
Três em tempo permanente

Lema:
Há sentimentose emoções contidos em cada objecto!

Objectivos:
Criar umanova identidade cultural de objectos e mudaro "design" em português









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