Cátia Mateus
Lá porque um sector de actividade é tradicional, entre a estrutura de colaboradores da empresa não tem de imperar a escassez de qualificações. Assim pensa Alexandra Godinho que conduz os destinos dos recursos humanos da Corticeira Amorim. A responsável deparou-se com um cenário onde a maioria dos recursos humanos não ia além do 4º ano e decidiu travar uma batalha pela conquista de qualificações. O projecto foi estruturado em 2004 (incidindo sobretudo ao nível da formação de base) e três anos mais tarde o número médio de horas de formação por colaboradores cresceu perto de 40%. Em 2008 a responsável quer superar esta fasquia e assegurar melhores índices de produtividade e competitividade para a empresa que assegura em território nacional cerca de 2700 postos de trabalho.
O objectivo é “promover o desenvolvimento e valorização das competências e qualificações dos colaboradores, pela via do aumento significativo do número de horas de formação” e Alexandra Godinho garante que o plano encontrado tem conseguido levar a empresa a bom porto neste seu desígnio. Segundo a directora de RH da Corticeira Amorim, “foi a preocupação crescente em, de forma estruturada, promover a adequação do capital humano aos novos contextos e desafios de toda a organização que esteve na base das mudanças, evoluções e consolidações das diferentes unidades da Corticeira Amorim”. A especialista acrescenta que, muito embora exista também um esforço para trabalhar activamente as competências comportamentais e de atitude, “o principal enfoque foi dado ao incremento das qualificações-base dos trabalhadores, através do Programa de Reconhecimento, Valorização e Certificação de Competências (RVCC) que registou um forte impulso com mais de uma centena de colaboradores a integrarem as fases que permitem a certificação do terceiro ciclo do ensino básico (9º ano de escolaridade) e do ensino secundário (12º ano)”. Um número que Alexandra Godinho espera que possa totalizar as três centenas já em 2008.
As acções são extensíveis a todos os perfis profissionais do grupo, mas é atribuída uma grande importância à qualificação de operadores, o segmento mais afectado com as baixas qualificações. Assim, a empresa iniciou na Amorim Revestimentos a primeira edição do Curso de Qualificação de Operadores. Um processo de desenvolvimento de competências dos operadores de produção estruturado e pensado para a obtenção de um perfil profissional completo e adequado às necessidades de um grupo que compete à escala global, tendo por isso necessidades de organização e gestão da produção muito específicas. Segundo Alexandra Godinho, “percebemos que era urgente intervir na qualificação de base destes operadores, sobretudo se quiséssemos de futuro aspirar a níveis de formação e desenvolvimento de competências técnicas mais específicas, daí esta ter sido desde logo a nossa primeira prioridade”.
A Amorim Revestimentos tem de facto absorvido a maior parcela deste investimento formativo que não se restringe, contudo, a esta unidade de negócio do grupo. No âmbito da população de operadores industriais destaca-se, por exemplo, o desenvolvimento nas unidades de Aglomerados Técnicos e Rolhas de projectos-piloto de formação na área da Melhoria Continua. E nesta matéria, Alexandra explica que “os resultados obtidos em termos de produtividade, melhoria das condições de trabalho, envolvimento e mobilização de equipas, indicam já que este tipo de acções são modelos a seguir”.
Para a concretização destas acções a Corticeira Amorim reuniu um leque de parceiros de onde se destacam a Associação Industrial Portuguesa e a CINCORC, especializada em formação na área da cortiça. Em 2007 a empresa prosseguiu um investimento nas áreas da gestão “quer através da realização de acções transversais às várias unidades, como a realização do Curso de Gestão Global e a organização interna de seminários e conferências sobre esta temática, quer através do patrocínio de pós-graduações”, explica a directora de RH. Dentro do grupo há ainda outros programas a merecer destaque, no domínio da valorização e desenvolvimento de competências, como é o caso do LEME e do Projecto de Desenvolvimento Estratégico RH, ambos na área da liderança. O grupo não descuida também as questões relacionadas com a formação na área da Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho, mantendo índices de sinistralidade muito baixo da média do sector.
Em termos globais, enfatiza Alexandra Godinho, “o volume de formação na Corticeira Amorim ascendeu, no ano passado, a 54.428 horas representando um aumento de 42% face ao ano anterior”. A responsável refere ainda que “este volume de formação representa uma média de 16 horas por colaborador ao ano, traduzindo-se num crescimento de 38% face a 2007”. Para 2008, a responsável quer continuar a apostar na formação e qualificação dos Recursos Humanos do grupo, antecipando um aumento do número médio de horas de formação por empregado e da qualificação escolar de 300 colaboradores entre 2007 e 2009.