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Algarve precisa de ferradores

05.09.2003


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Fernanda Pedro

A CÂMARA Municipal de Vila Real de Santo António, através da Associação para o Desenvolvimento do Baixo Guadiana-Odiana, está neste momento a formar ferradores de cavalos.


Numa altura em que antigas profissões entraram em desuso, estas duas instituições resolveram apostar na formação profissional desta secular actividade. Tudo porque na região não existem profissionais na área para cobrirem um nicho de mercado emergente.

De acordo com Filomena Sintra, directora da Associação para o Desenvolvimento do Baixo Guadiana, a utilização do cavalo na região tem vindo a aumentar e neste momento já são três os centros hípicos existentes no concelho algarvio.

Com a expansão desta actividade é natural que seja necessário recorrer a profissionais do sector equestre, mas, segundo aquela responsável, "para ferrar os animais não temos mão-de-obra com formação, é necessário recorrer a ferradores espanhóis"
.
Para colmatar esta falha, a associação em colaboração com a Coordenação Concelhia do Ensino Recorrente e Extraescolar está a desenvolver um curso de formação de ferradores de cavalos.

Esta acção decorre no âmbito do Projecto "Europa para inovar o Baixo Guadiana" gerido pela Odiana e com financiamentos do Fundo Social Europeu e do Estado português, através da iniciativa comunitária EQUAL.

Segundo Filomena Sintra, o curso com 35 horas semanais e com a duração de um ano foi dirigido essencialmente a elementos de etnia cigana.

"São jovens que apresentam formação escolar baixa mas que culturalmente estão muito ligados aos cavalos, quer na utilização quer do tratamento", refere a responsável.

Os alunos após o curso ficarão com a equivalência ao 2º ciclo do ensino básico, pois a formação compreende ainda uma formação geral na qual são leccionadas disciplinas como o Português, a Matemática ou uma Língua Estrangeira.

Depois na formação técnica, os alunos têm aulas práticas sobre os cuidados e tratamento relativos ao cavalo e na preparação da ferradura na forja.

Na verdade, a directora da associação pretende que estes jovens se motivem para desenvolverem actividades na área dos cavalos, mesmo ao nível da criação de microempresas.

"É de realçar que o sector equestre configura-se como factor de dinamização de diferentes economias locais, nomeadamente como complemento à actividade balnear, e isso exige um conjunto de saberes, entre os quais o tratamento de cavalos", explica Filomena Sintra.

Com quatro anos de existência, a Associação para o Desenvolvimento do Baixo Guadiana consegue abranger diversas áreas de formação, sobretudo naquelas onde a região apresenta mais lacunas em termos de técnicos especializados.

Dessa forma, é co-financiada por três municípios; para além de Vila Real de Santo António, fazem parte Alcoutim e Castro Marim.

Entre os cursos que a associação desenvolve destacam-se: técnicas tradicionais de construção, formação em algas e cestaria e olaria. Tal como o curso de ferradores de cavalos, também o de licores e bebidas espirituais é uma das inovações em termos de formação.

"Mas para além do leque variado de cursos, realizamos também acções de formação para os técnicos das autarquias", remata a directora da instituição Odiana.





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