Fernanda Pedro
A CÂMARA Municipal de Vila Real de Santo António,
através da Associação para o Desenvolvimento do Baixo
Guadiana-Odiana, está neste momento a formar ferradores de cavalos.
Numa altura em que antigas profissões entraram em desuso, estas
duas instituições resolveram apostar na formação
profissional desta secular actividade. Tudo porque na região
não existem profissionais na área para cobrirem um nicho
de mercado emergente.
De acordo com Filomena Sintra, directora da Associação
para o Desenvolvimento do Baixo Guadiana, a utilização
do cavalo na região tem vindo a aumentar e neste momento já
são três os centros hípicos existentes no concelho
algarvio.
Com a expansão desta actividade é natural que seja necessário
recorrer a profissionais do sector equestre, mas, segundo aquela responsável,
"para ferrar os animais não temos mão-de-obra
com formação, é necessário recorrer a ferradores
espanhóis"
.
Para colmatar esta falha, a associação em colaboração
com a Coordenação Concelhia do Ensino Recorrente e Extraescolar
está a desenvolver um curso de formação de ferradores
de cavalos.
Esta acção decorre no âmbito do Projecto "Europa
para inovar o Baixo Guadiana" gerido pela Odiana e com financiamentos
do Fundo Social Europeu e do Estado português, através
da iniciativa comunitária EQUAL.
Segundo Filomena Sintra, o curso com 35 horas semanais e com a duração
de um ano foi dirigido essencialmente a elementos de etnia cigana.
"São jovens que apresentam formação escolar
baixa mas que culturalmente estão muito ligados aos cavalos,
quer na utilização quer do tratamento", refere
a responsável.
Os alunos após o curso ficarão com a equivalência
ao 2º ciclo do ensino básico, pois a formação
compreende ainda uma formação geral na qual são
leccionadas disciplinas como o Português, a Matemática
ou uma Língua Estrangeira.
Depois na formação técnica, os alunos têm
aulas práticas sobre os cuidados e tratamento relativos ao cavalo
e na preparação da ferradura na forja.
Na verdade, a directora da associação pretende que estes
jovens se motivem para desenvolverem actividades na área dos
cavalos, mesmo ao nível da criação de microempresas.
"É de realçar que o sector equestre configura-se
como factor de dinamização de diferentes economias locais,
nomeadamente como complemento à actividade balnear, e isso exige
um conjunto de saberes, entre os quais o tratamento de cavalos",
explica Filomena Sintra.
Com quatro anos de existência, a Associação para
o Desenvolvimento do Baixo Guadiana consegue abranger diversas áreas
de formação, sobretudo naquelas onde a região apresenta
mais lacunas em termos de técnicos especializados.
Dessa forma, é co-financiada por três municípios;
para além de Vila Real de Santo António, fazem parte Alcoutim
e Castro Marim.
Entre os cursos que a associação desenvolve destacam-se:
técnicas tradicionais de construção, formação
em algas e cestaria e olaria. Tal como o curso de ferradores de cavalos,
também o de licores e bebidas espirituais é uma das inovações
em termos de formação.
"Mas para além do leque variado de cursos, realizamos
também acções de formação para os
técnicos das autarquias", remata a directora da instituição
Odiana.