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Alentejo à espera de trabalho

A região do Alentejo foi onde se verificou o maior crescimento da taxa de desemprego no último ano. Mas com os projectos de Alqueva e do aeroporto de Beja espera-se um novo fôlego no mercado de trabalho
29.06.2007


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Fernanda Pedro
Durante o ano de 2006, o desemprego em Portugal aumentou 1,3% face a 2005. Só o ano passado a população desempregada foi estimada em 427,8 mil indivíduos. Segundo as estatísticas reveladas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), para o crescimento deste número contribuiu o aumento de mulheres desempregadas (11,4 mil), tendo em conta que o desemprego dos homens se manteve igual ao de 2005. Um aumento que se alargou a todos os grupos etários e a indivíduos com um nível de escolaridade completo correspondente ao ensino básico e ao superior. A par destes, também os desempregados à procura de novo emprego e os de longa duração aumentaram.

Relativamente às zonas onde se verificaram as maiores taxas de desemprego em 2006, a mais atingida foi a região do Alentejo com 9,2%, seguida da região Norte com 8,9% e em terceiro lugar ficou Lisboa com 8,5%. Apesar de a região do Alentejo ter sido a mais afectada pelo desemprego, Luís Serrano, presidente do Núcleo Empresarial de Beja (NERBE), refere que essa situação é extensível a todo o país, tendo o Alentejo algumas problemas específicos. “Mesmo que o desemprego tenha aumentado na região, não se verificaram encerramentos de empresas como aconteceu noutras regiões do país”, explica.

Na realidade, Luís Serrano acredita mesmo que o Alentejo vai num futuro próximo beneficiar de algum vigor empresarial, “já que Alqueva está em crescimento e que de certeza irá criar muitos postos de trabalho”. Para o responsável foram vários os factores que contribuíram para o aumento do desemprego nos últimos anos na região. Um deles passa pela agricultura que tem vindo a perder muita mão-de-obra e “os jovens já não estão motivados para esta actividade. Depois a construção de grandes superfícies comerciais também afectou o pequeno comércio, o que levou ao encerramento de alguns negócios”.

Outra das razões apontadas para o crescimento do desemprego diz respeito ao desempenho da economia e como consequência nas empresas. “As vendas e a facturação têm baixado substancialmente nos últimos anos e os empresários para conseguirem sobreviver reduzem o número de empregados”, adianta o responsável. E para agravar esta situação, Luís Serrano admite que no Alentejo as oportunidades de emprego são menores do que em outras regiões do país. “Além de não existirem muitas oportunidades, as pessoas habituaram-se muito aos cursos de formação subsidiados. Saltam de curso em curso e por vezes sem ganharem experiência profissional, porque muitos deles nem são compatíveis com as necessidades da região. Queremos pessoas mais qualificadas mas que sejam para as reais necessidades locais”, alerta o responsável.

Mesmo com um panorama difícil o presidente do NERBE tem uma visão optimista do futuro, devido a alguns projectos previstos para o Alentejo, nomeadamente o aeroporto de Beja. “Além de Alqueva, o novo aeroporto pode vir a dar um impulso grande no mercado de trabalho alentejano”, salienta o responsável.

A par destas expectativas concretas, Luís Serrano considera mesmo que o futuro da economia portuguesa irá melhorar e que o Alentejo apesar de ser a região que mais aumentou em termos de taxa de desemprego também poderá ser aquela que mais rápido poderá inverter a situação. “Não podemos esquecer que no Baixo Alentejo temos apenas 170 mil pessoas, o que comparado com outra região é muito pouco, por isso nota-se mais quando a crise se instala”, conclui o responsável.





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