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A aposta no terciário

O sector secundário já teve melhores dias na cidade Invicta, que assenta agora a sua actividade económica na área do serviços.
29.06.2007


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Marisa Antunes
Em tempos uma cidade fervilhante de indústria diversa, o Porto não foge actualmente ao destino das grandes urbes, maioritariamente concentradas no sector terciário. A pouco e pouco, as fábricas ligadas à metalurgia, ao têxtil, ao calçado, às gráficas, foram desaparecendo do centro da cidade, transitando para os concelhos limítrofes, ou simplesmente fecharam as portas.

“Este processo, que se arrasta ao longo das últimas três décadas, levou, de facto, a uma forte desindustrialização da cidade do Porto, que neste momento nem sequer tem uma zona industrial no sentido literal do termo. As empresas que estavam no Porto e que não faliram — e até precisavam de se expandir — optaram pelas zonas industriais de Vila Nova de Gaia, Matosinhos ou Valongo”, explica Ernesto Silva, da direcção da União dos Sindicatos do Porto.

Banca, comércio, seguros, actividade imobiliária e serviços em geral foram ocupando esses antigos espaços destinados à produção. “Os jornais, por exemplo, que estavam instalados mesmo no centro da cidade, e não só a actividade editorial mas também a parte gráfica e de impressão, deram lugar a serviços. O ‘Jornal de Notícias' mudou de instalações e na antiga sede está agora a Caixa Geral de Depósitos; o ‘Comércio do Porto' fechou portas e está lá instalado o Banif; e onde era o ‘Primeiro de Janeiro' é agora o Via Catarina”, exemplifica o dirigente sindical.

Com 13.454 desempregados inscritos nos centros de emprego da cidade, o Porto é o segundo concelho do distrito a concentrar maior número de pessoas à procura de uma oportunidade profissional, logo a seguir a Vila Nova de Gaia, lembra Ernesto Silva.

Para ajudar a minimizar esse problema, a Associação Porto Digital lançou, em Outubro do ano passado, o projecto ‘Cidade das Profissões', que nasceu da parceria entre a Câmara Municipal do Porto, Associação Empresarial de Portugal, Universidade do Porto, Metro do Porto, Instituto de Emprego e da Formação Profissional e Associação Nacional de Jovens Empresários, entre outras entidades.

“Quem nos procura recebe um acompanhamento personalizado por psicólogos, para o aconselhamento nas diversas áreas de intervenção, seja na procura de emprego, seja no caso de reconversão profissional, seja na procura de soluções de empreendedorismo. Além disso, damos preparação para as actividades de busca de postos de trabalho — como a construção de currículos, entrevistas de emprego ou resposta a anúncios por meios electrónicos — através de «workshops» específicos, em tecnologias de informação, entre outros”, explica Luís Pinto, um dos coordenadores da equipa da ‘Cidade das Profissões', presidida por Vladimiro Feliz, vereador da Juventude e Inovação, na autarquia da Invicta.

Como lembra o responsável, “entre 40 e 50% das ofertas de emprego só estão disponíveis «on-line», através das empresas de recrutamento ou de outras bases de dados de registo de currículos. Oportunidades de trabalho que não passam pelos anúncios nos jornais”. Integrado no projecto ‘Cidade das Profissões' estão ainda outro tipo de acções, que visam não só quem procura trabalho mas quem está ainda a decidir que tipo de formação académica pretende. Além dos acessos «on-line», cerca de 3000 pessoas passaram já pela sede da associação, num ritmo de 25 por dia.

Para a execução deste artigo, o ExpressoEmprego tentou insistentemente ao longo de cinco dias entrar em contacto com a assessora de imprensa da Câmara do Porto no sentido de obter declarações de um representante da autarquia sobre as potencialidades económicas da cidade. Lamentavelmente, e apesar das múltiplas tentativas, não obtivemos qualquer resposta.

Net ajuda têxteis em crise

Dar competências às empresas têxteis, de forma a que possam resistir à crise que assola o sector, é o grande objectivo de um serviço «on-line», acessível através do endereço www.infortextil.com e a funcionar há escassos dias. Este projecto reuniu um conjunto de 14 consultores com espírito empreendedor, a grande parte deles oriundos do Grande Porto, todos especializados na área têxtil mas em diferentes vertentes, do produto ao «marketing», da gestão à área financeira.

A iniciativa surgiu após o encerramento do portal Portugal Têxtil, há mais de doze meses — uma experiência bem sucedida que durou cerca de cinco anos, suportada por verbas comunitárias. Quando encerrou tinha cerca de 40 mil utilizadores por mês.

Partindo desse conceito, um grupo de 14 profissionais resolveu criar a ‘infortextil', destinada a um universo de aproximadamente dez mil PME, a grande maioria delas localizada no eixo Famalicão, Barcelos e Guimarães.

“Disponibilizamos informação nacional e internacional dirigida ao sector, como a realização de eventos e feiras, elaboramos estudos conjunturais, damos formação e consultoria em várias áreas como a tecnológica ou de gestão estratégica e queremos funcionar como facilitadores de negócios”, explica Nuno Silva, um dos coordenadores deste novo projecto.

Acessíveis através do «site» estão neste momento, por exemplo, várias solicitações de empresas estrangeiras, a maioria francesas, para escoar produtos têxteis nacionais. Como lembra Nuno Silva, “a produção têxtil pode estar em crise, mas existem muitas empresas que estão agora a tentar dar os primeiros passos na criação da marca própria ou que querem simplesmente reposicionar-se ao nível da promoção e do «marketing» e que precisam de apoio especializado em consultoria e formação”.

Radiografia da cidade

Localização: Norte Área: 41,66 km2
N.º de freguesias: 15 freguesias
N.º de habitantes: 233.465 hab/Censo 2001
N.º de desempregados: 13.454 (em Abril)/dados IEFP
Sectores-chave: Comércio e serviços




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