“Aproximam-se momentos de enorme dinamismo no mercado de trabalho português, mas também de desafios inéditos”. É desta forma que Paula Baptista, managing director da Hays Portugal resume as principais conclusões do levantamento realizado pela Hays, focando as perspetivas de evolução do mercado nacional de recrutamento para 2015. Para a especialista, o Guia para o Mercado Laboral 2015, revela que os recrutadores podem estar decididos a contratar, mas há menos profissionais dispostos a arriscar uma mudança em Portugal.
Comerciais, engenheiros e especialistas em tecnologias de informação serão, sem grande novidade ou mudança em relação ao último ano, os perfis mais procurados pelas empresas portuguesas durante este ano. A intenção de contratação das empresas portuguesas registou uma subida animadora fixando-se nos 70%, mas Paula Baptista realça o outro prato da balança para justificar a necessidade de alguma contenção nas análises: “a percentagem de profissionais que consideram a hipótese de mudar de emprego caiu para 75%, o valor mais baixo alguma vez registado nestes inquéritos”.
A especialista em recrutamento elenca as hipóteses de progressão na carreira, a procura por projetos mais interessantes e o pacote salarial como os fatores que mais pesam na vontade de procurar novos desafios profissionais e admite que, à luz dos resultados do Guia para o Mercado Salarial 2015, agora divulgado, “há menos profissionais dispostos a mudar de emprego, e muitos pensam mesmo sair do país”. Para Paula Baptista, é por demais evidente que “as empresas que queiram crescer terão de competir já este ano para atrair e reter os melhores”.
Na definição das melhores estratégias de atração e retenção de talento em Portugal será necessário ter em linha de conta outras conclusões, igualmente relevantes, que resultam do inquérito conduzido este ano pela Hays junto de 700 empresários. O estudo destaca, por exemplo, que 48% dos profissionais portugueses estão insatisfeitos com o seu pacote salarial o que poderá acentuar a fuga de talento para países estrangeiros que se tem vindo a fazer sentir, e que é particularmente notória em duas das áreas onde está previsto este ano maior enfoque nas contratações: a engenharia e as tecnologias de informação.
As empresas que procurarem perfis na área do marketing ou das vendas poderão ter a tarefa de deteção de talento mais facilitada já que este profissionais figuram entre os que demonstram maior interesse em mudar de emprego. Outro dos aspetos destacados pelo estudo da Hays está relacionado com a negociação salarial, critica para a atracão e retenção de talento. Segundo Paula Baptista, só 37% das mulheres portuguesas negoceiam o seu pacote salarial, enquanto a percentagem de homens que o fazem é muito superior. A líder da Hays em Portugal destaca ainda que “as empresas da região Norte, Centro e Sul têm preferências de recrutamento distintas” e que é “a dificuldade em encontrar os profissionais certos já levou 46% das empresas a contratar pessoas menos adequadas para a função”. Sinal de otimismo é, por exemplo, o facto de 75% dos profissionais que emigraram declararem neste inquérito ter a ambição de regressar a Portugal e voltar a trabalhar no país.
Neste estudo, onde se conclui também que 36% dos profissionais no desemprego admitem ter já recusado oferta de trabalho, a Hays inquiriu 3701 profissionais qualificados e 705 empregadores, tendo ainda realizado milhares de entrevistas e reuniões ao longo do último ano junto de candidatos e empresas de todo o país. As políticas retributivas e as médias salariais, bem como as motivações dos profissionais foram os aspetos analisados no estudo que visa traçar uma radiografia do mercado de trabalho nacional.