Cerca de 60% das empresas não sabem onde procurar talento na área do digital. O número é avançado pela consultora especialista em gestão de capital humano, Ray Human Capital, que desenvolveu um estudo com o objetivo de compreender como estão as empresas a adaptar-se aquela que é, de forma unânime, apontada como a maior revolução dos últimos tempos: o digital.
A maioria das empresas portuguesas (82%) reconhecem que a transformação digital é importante e admitem que esta está cada vez mais a condicionar a forma como se fazem negócios. Segundo a Ray Human Capital, as empresas estão cada vez mais envolvidas em processos de transformação e adaptação a ambientes digitais, mas nem sempre o caminho é fácil. De acordo com os dados apurados pela consultora no estudo realizado e agora divulgado, são as empresas de grande dimensão (mais de mil colaboradores) e com presença internacional, as que mais reconhecem o potencial do digital na expansão do negócio e na ampliação de resultados (76%).
Uma consciência que ganha particular relevância nos sectores financeiro, dos seguros, da tecnologia, dos media e das telecomunicações. No total, revela o estudo, “78% das empresas consideram que estão ou irão estar envolvidas num processo de transformação digital do seu negócio e que estão preparadas para o mesmo”. Ainda assim, é nítida a dificuldade de algumas empresas, sobretudo as de pequena e média dimensão, no processo de adequação ao contexto digital.
A difícil luta pelo talento
A partir da análise do estudo, é possível concluir que aproximadamente 60% das empresas destaca dificuldades em atrair talento. Não se trata de não saberem do que precisam, ou desconhecerem as competências críticas que precisam de atrair para enfrentar o contexto digital, mas de saberem onde as podem encontrar. Uma dificuldade que é particularmente clara em sectores como o financeiro e o dos seguros onde, enatiza o relatório da Ray Human Capital, “mais de metade das empresas afirmam desconhecer qual o talento de que necessitam para alcançar o sucesso neste processo de adaptação ao digital”.
Cerca de 56% não tem identificadas as fontes de recrutamento de perfis digitais críticos, não sabendo por isso onde atrair, selecionar e recrutar este tipo de talentos, hoje vitais para as organizações. Conclui a Ray Human Capital que “o recrutamento através das redes sociais é a técnica digital mais utilizada pelas empresas mais jovens, enquanto os canais corporativos de oferta de emprego continuam a figurar nas preferências das empresas mais consolidadas”. Somente uma minoria das organizações (sobretudo multinacionais) aposta tudo na inovação e recorre ao Mobile Marketing, Mobile Recruitment e Employer Branding como solução ideal de recrutamento para esta área. O estudo destaca ainda que apesar da crescente utilização de estratégias digitais para recrutamento de talento, a maioria das empresas continua a conciliar as estratégias digitais com as mais tradicionais nos seus processos.
Inerente a esta revolução digital é também a necessidade de adaptar os modelos de gestão de recursos humanos das empresas às novas práticas e aos novos perfis. 69% das empresas inquiridas no estudo da Ray Human Capital destacam a necessidade de adotar ambientes digitais e aplicá-los às práticas de gestão de RH, mas 40% não dispõem ainda de ferramentas orientadas para a gestão e avaliação de talento.
Com a maioria das empresas (63%) a admitirem a existência de uma cultura de colaboração social através de plataformas digitais, não resta senão às organizações nacionais apostar na formação dos seus quadros para o desenvolvimento transversal desta cultura digital, conclui o estudo da consultora que inquiriu 100 empresas, de distintas dimensões e sectores de atividade, à escala ibérica.