57% dos jovens querem uma experiência internacional
Os dados mais recentes do Eurobarómetro revelam que mais de metade dos jovens portugueses sonham com uma experiência de trabalho além fronteiras. O valor supera a média europeia e pode estar a ser impulsionado pela instabilidade económica do país que tem tido um impacto crescente no mercado de trabalho.
24.06.2011 | Por Cátia Mateus

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Relação direta ou não, a realidade, é que os portugueses têm uma histórica tendência de emigração.
Os dados são claros e espelham uma tendência que há muito é notória nos bancos das universidades: a maioria dos jovens portugueses sonha com uma experiência profissional além fronteiras. Os últimos dados do Eurobarómetro, recentemente divulgados, referem que 57% dos estudantes portugueses querem trabalhar lá fora. Um valor que supera em quatro pontos percentuais a média apurada na Europa, onde a mesma percentagem não excede os 53%.
É inquestionável o contributo que uma aprendizagem à escala internacional pode aportar a um jovem em início de carreira e, para as empresas e especialistas, este é um dos critérios de seleção mais utilizados quando se trata de recrutar jovens profissionais sem grande experiência laboral. Mas enquanto se fala nas mais-valias de conhecer o mundo, começam também a elevar-se vozes para os riscos associados a uma partida sem regresso do capital intelectual do país, motivada não apenas pela curiosidade e pela ambição profissional, mas também pela conjuntura adversa que tem vindo a fazer crescer a taxa de desemprego e diminuir as oportunidades de progressão profissional.
Com o desemprego cifrado nos 12,6% a luz dos dados do Eurostat, a opção de procurar o tão ambicionado cargo de sucesso lá fora torna-se cada vez mais viável e presente para muitos jovens. Um estudo realizado pela empresa internacional de estudos de mercado GFK junto de 29 países, conclui que Portugal é o 9º país do mundo onde os cidadãos manifestam maior predisposição para mudar de país com objetivo de encontrar um emprego melhor.
Os resultados do estudo levam a concluir que “o risco da fuga de cérebros é uma ameaça em todo o mundo, mas atinge mais alguns países”. America Central e América do Sul são apontados como os mercados onde este risco é mais acentuado e a predisposição para a emigração atinge seis em cada dez trabalhadores. No México, 57% dos trabalhadores ativos sonham rumar a outras paragens, cento na Colômbia, a percentagem atinge 52% da força de trabalho. Brasil e Perú, com 41 e 38% de intenções de emigração, figuram também no ranking dos que podem perder força de trabalho para outros pontos do mundo.
Em Portugal os resultados são mais tímidos, mas ainda assim preocupantes. Muito embora o Presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia, João Sentieiro, tenha referido na passada semana perante uma plateia de académicos dos países de língua oficial portuguesa, em Bragança, que “não há fuga de cérebros em Portugal. Essa é uma ideia errada”, a realidade é que à luz deste estudo, 27% dos portugueses ativos colocam estariam dispostos a emigrar para conseguir um melhor emprego.
O presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia comprova a sua teoria com um estudo que avalia o universo total de doutoramentos realizados em Portugal entre 1979 e 2008 e que aponta para uma taxa de permanência no país de 84% e acrescenta mesmo que “há mais investigadores estrangeiros a fixarem-se em Portugal”. Mas segundo os especialistas, a avaliação não pode ser feita apenas neste patamar.
Segundo o relatório da GfK, a tendência de emigração é global e não se restringe apenas aos mercados em desenvolviemnto. “A Turquia figura em terceiro lugar neste ranking, com 46%, a Hungria está em 7º lugar (33%) seguida pela Rússia (29%) e Portugal e o Reino Unido estão na nona posição, com 27%”. E mesmo nos EUA e no Canadá, países reconhecidos pelo seu relativo desinteresse em viver no estrangeiro, “um quinto dos trabalhadores afirma que está disposto a mudar de país para conseguir um emprego melhor”.
Em Portugal, revela o documento, 43% da população procura ativamente novo emprego e mais de um quanto não coloca de parte a opção da emigração. “Os nossos resultados indicam um risco efetivo de fuga de cérebros no próximo ano, o que originará problemas significativos para as empresas e para os países que procuram recuperar da recessão”, explica o diretor da GfK Portugal, António Gomes.
Portugal apresenta, segundo o responsável tendências similares aos outros países, e segundo o responsável, “um terço dos empregados na área de I&D também estão dispostos a mudar de país e esta é uma área que Portugal assume como crucial para a recuperação”, alerta.Uma realidade que reforça a estatística do INE, segundo a qual, desde o início da crise económica, mais de 23 mil portugueses já emigraram.
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