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2010: tempo de criar trabalho

2010: tempo de criar trabalho

Apesar das visões mais optimistas a retoma do mercado de trabalho pode não chegar ainda em 2010. Contudo, os especialistas colocam a sua esperança em sectores como o energético ou as obras públicas que poderão ajudar a criar novos postos de trabalho em Portugal.
30.12.2009 | Por Cátia Mateus


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Em Outubro deste ano Portugal ultrapassava a mítica barreira dos 10% de desemprego, ao deixar sem trabalho 10,2% da população. 2009 fica por isso marcado pela palavra crise e pelas ambições de uma rápida retoma que segundo os especialistas pode ainda não chegar em 2010. Os sectores das energias renováveis, telecomunicações, distribuição, construção e obras públicas poderão gerar novas oportunidades de criação de emprego, mas para Ana Loya, administradora da Ray Human Capital, “há medidas urgentes e prioritárias para que seja possível travar a subida do desemprego”.

Entre as obras de construção das várias autoestradas e a implantação do TGV, o Governo estima a criação, para 2010, de cerca de 50 mil empregos ligados ao sector da construção. A estes números já de si optimistas, acrescem as melhores previsões para o sector energético em muito impulsionadas pela expansão da rede eléctrica nacional e pelos projectos de construção de várias barragens que poderão gerar quase 20 mil novos postos de trabalho. Uma estimativa a que acrescem também empregos gerados pelo sector petrolífero e do gás, bem como telecomunicações e rede de distribuição que deverão também gerar novos empregos.

Ana Loya aplaude o cenário optimista, mas com cautela. É que para a administradora da Ray Human Capital, “existem indícios de criação de emprego, mas como nos últimos temos, dependem da concretização de negócios”. A especialista argumenta que “existem projectos grandes de obras públicas e, quando assim é há vários sectores envolvidos quer ao nível da construção quer ao nível dos materiais que podem beneficiar com isto e ter um impacto directo na criação de emprego”. As energias renováveis estão na linha da frente destas perspectivas de retoma, mas Ana Loya acredita que “nas áreas dos serviços muito se poderia fazer em matéria de criação de emprego se as empresas tivessem mais apoios”.

A líder nacional da Ray Human Capital defende que “seriam necessárias e urgentes medidas de apoio às PME's, criadoras de emprego e desenvolvimento da economia nacional”. Na verdade, um dos graves problemas que segundo a especialista mais se tem sentido este ano nas empresas tem a ver com a liquidez. “Excepto ao Estado, primeiro devedor e implacável credor, as empresas entraram num círculo vicioso de pagar atrasado. Há negócio mas o dinheiro é virtual e uma medida de apoio importante do Estado seria criar planos de moratória para o pagamento de impostos”, defende adiantando, contudo, que “isto não é o ovo de Colombo e não creio que o Executivo escute, como tem demonstrado, quaisquer sugestões apesar de existirem várias, algumas de validade real e já testadas noutros países que poderiam contribuir para mudar esta curva do desemprego nacional”.

Ana Loya confessa que “num ano em que os serviços de consultoria baixaram 40% em todo o mundo, se nada mudar a taxa de desemprego vai seguramente continuar a subir e os novos projectos perspectivados em nada mudaram o actual estado das coisas”. A administradora da Ray Human Capital acredita que “manter-se-ão as diferenças entre as zonas mais urbanas e as outras” e diz estar convencida de que “muitas organizações não aguentarão as necessidades de tesouraria e terão de diminuir os seus quadros ou mesmo encerrar, a indústria continuará a revelar problemas e o mesmo se passará com grades companhias que, independentemente do sector, criarão serviços centrais partilhados noutros países. Tudo porque Portugal não consegue criar condições para a apetência de os criar cá”.

Para que este ciclo pare Ana Loya relembra que há medidas públicas que poderiam criar um travão nesta tendência, ainda que reconheça não saber se seriam exequíveis em termos de finanças públicas. Mas também existem medidas privadas no seio das organizações como sejam “a contenção de custos, o congelamento de aumentos – viável devido à taxa de inflação – o esforço para viabilizar os pagamentos e não recear investimentos estratégicos”, frisa.



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