Durante a gestão de um processo de recrutamento, uma consultora pode, com facilidade, receber uma média de 36 mil candidaturas para 600 vagas disponíveis. E de cada vez que uma multinacional anuncia a abertura de um programa de estágios ou trainees, o mais certo é para 200 vagas surjam aproximadamente 18 mil candidatos. A estimativa nivela por baixo e é avançada pela diretora executiva do centro de desenvolvimento de carreiras (Career Development Center) da Católica-Lisbon, Ana Duarte, que coloca grande ênfase na capacidade dos candidatos, sejam eles jovens ou mais experientes, na construção do currículo, relembrando que esta continua a ser a primeira montra que o candidato tem ao seu dispor para se mostrar ao mercado e aos recrutadores.
“Os desafios de empregabilidade e as expectativas dos empregadores são diferentes, e por isso é fundamental que cada candidato tenha em consideração, quando se candidata a um emprego, o número médios de candidaturas que um recrutador recebe sempre que abre um processo de contratação”, explica a diretora. Ana Duarte, que lidera o centro de carreiras de uma universidade que pontua alto na taxa de empregabilidade dos seus alunos - “98% da Católica-Lisbon conseguem emprego após três meses da conclusão dos seus cursos e 84 % dos alunos finalistas estão empregados antes mesmo de se graduarem” - reforça que é fundamental que os candidatos saibam estruturar um currículo que lhes permita destacarem-se e “fazer-se notar no processo de recrutamento para que sejam um dos escolhidos”.
Entrar no radar dos empregadores
Para que um aluno, ou até um profissional com mais experiência, façam parte dos planos de contratação de uma empresa “é necessário que combinem uma formação de excelência e um currículo competitivo e diferenciador”. E para o segundo requisito, garante, a experiência de 20 anos do centro de carreiras da Católica-Lisbon demonstra que há algumas regras que podem facilitar a criação de CVs competitivos e diferenciadores (ver caixa). ?Segundo a especialista, há aspetos que têm obrigatoriamente de ser destacados, como a experiência internacional (se existir), as atividades extracurriculares, a participação em projetos de consultoria ou investigação ou até a integração de ações de voluntariado.
Outras valências, como o domínio de idiomas internacionais é altamente valorizado, mas “deve ser ajustado à realidade de cada empregador, considerando a presença geográfica da empresa a que se candidata”, explica. O candidato deve também apostar em expor, claramente, os resultados práticos de cada projeto que integrou. A regra principal na elaboração de um bom currículo, esclarece Ana Duarte, “é que o candidato se coloque sempre na perspetiva do recrutador, ajustando o seu CV à oferta a que se candidata, destacando aspetos que vão ao encontro da realidade e expectativas do empregador”.
O que os empregadores querem saber
Quando analisam um currículo, há aspetos que qualquer recrutador espera ver e que são essenciais para que o candidato possa capitalizar a seu favor o tempo de atenção que o empregador está a dar à sua candidatura. Tome nota.
Regra 1: Utilize verbos de ação. Privilegie a utilização de verbos de ação como gerir, organizar, alcançar ou liderar, que geram impacto.
Regra 2: Coloque-se sempre no lugar do empregador. Foque-se em perceber o que gostaria de ver num currículo se estivesse no lugar de quem o está a analisar. Ajuste o seu CV à função a que se candidata, destacando apenas os aspetos que se adequem à realidade da empresa.
Regra 3: Explore a mais-valia de uma experiência internacional, sempre que possível. Se desempenhou funções internacionais ou realizou algum intercâmbio, deve mencioná-lo no seu currículo, sobretudo se está a candidatar-se a uma função numa multinacional.
Regra 4: Não deixe de elencar as atividades extra-curriculares. Sim, os desportos que pratica ou as associações ou clubes a que está associado são relevantes para o empregador. Elas permitem reforçar as suas capacidades de liderança e espírito de equipa.
Regra 5: O voluntariado não deve ficar de fora. Mencione projetos e ações de voluntariado que tenha desenvolvido.
Regra 6: Não esqueça os projetos de consultoria ou investigação desenvolvidos durante a formação. Elencar cases, papers ou projetos onde tenha participado, pode ajudá-lo a destacar-se entre os restantes candidatos, realçando a sua capacidade de visão, foco e componente estratégica.
Regra 7: Restrinja os idiomas apenas ao que são relevantes para a empresa. O domínio de vários idiomas é relevante, mas apenas se se adequar ao contexto da empresa.
Regra 8: Apresente de forma clara as competências desenvolvidas ao longo do seu percurso académico e profissional. Enquadre os pontos fortes com exemplos concretos.
Regra 9: Exponha os resultados práticos dos projetos em que esteve envolvido, clarificando os objetivos estabelecidos e alcançados.
Regra 10: Inclua sempre palavras relevantes para o sector de atividade a que se candidata e que descrevam as competências pretendidas, como por exemplo “Comunicação”, “Liderança”, “Brand Manager”, etc.