Foi durante muitos anos apontada como uma profissão de pleno emprego, mas com a atual conjuntura a realidade mudou para os licenciados em Ciências Farmacêuticas. Um estudo conduzido em finais de 2013 pelo Observatório da Empregabilidade do Sector Farmacêutico (OESF), junto de ex-alunos do Mestrado Integrado de Ciências Farmacêuticas, revela que para 80% dos diplomados foi difícil encontrar trabalho regular no fim do curso. Uma realidade que a OF confirma com dois números de peso: 260 profissionais comunicaram em 2013 situações de desemprego e 267 emigraram.
Fernando Ramos, coordenador do OESF, não tem dúvidas que o sector farmacêutico enfrenta hoje uma nova e desafiante realidade no que à empregabilidade diz respeito. “Atualmente existem em Portugal cerca de 14 mil farmacêuticos no ativo, a maioria dos quais (60%) a exercer a profissão nas farmácias comunitárias”, explica. Estimar o número real de desempregados que o sector já gerou desde o início da crise, não é tarefa fácil já que os profissionais não são obrigados a notificar a OF da sua situação. Os números mais fidedignos são por isso os pedidos de suspensão de inscrição por desemprego e as declarações solicitadas para exercer atividade no estrangeiro que “são uma realidade cada vez mais evidente”, refere Fernando Ramos.
O encerramento de muitas farmácias que conduz a despedimentos e, também, a necessidade de redução de custos fixos e de quadro de pessoal. estão entre as principais causas da escalada do desemprego entre os farmacêuticos tornando cada vez mais difícil a integração dos cerca de mil diplomados que saem por ano das universidades.“promover a empregabilidade tornou-se um grande desafio face às sérias dificuldades que os farmacêuticos, em especial os mais novos, mas não só, têm vindo a sentir”. Bastonário e coordenador do OESF estão de acordo no que consideram um dado-chave: “em alguns casos, os farmacêuticos são subvalorizados nas suas competências, em comparação com outros países, e tendo em vista o contributo que podem dar, em particular, na prevenção da doença e promoção da saúde, o que só por si poderia representar novas oportunidades para a sociedade, para o Estado e para os próprios farmacêuticos”.
Carlos Barbosa, bastonário da OF, assume que “promover a empregabilidade tornou-se um grande desafio face às sérias dificuldades que os farmacêuticos, em especial os mais novos, mas não só, têm vindo a sentir”. Bastonário e coordenador do OESF estão de acordo no que consideram um dado-chave: “em alguns casos, os farmacêuticos são subvalorizados nas suas competências, em comparação com outros países, e tendo em vista o contributo que podem dar, em particular, na prevenção da doença e promoção da saúde, o que só por si poderia representar novas oportunidades para a sociedade, para o Estado e para os próprios farmacêuticos”.
A maioria dos profissionais exerce funções em farmácias comunitárias, mas há oportunidades também no sector das análises clínicas onde trabalham 5% dos profissionais inscritos na OF, na indústria farmacêutica (5%), na distribuição grossista (4%), no ensino (1%) e na investigação (1%). Merece destaque o número crescente de profissionais (18%) que exercem atividade noutras áreas como as análises de alimentos, águas e toxicológicas, a genética, a radiofarmácia, a biotecnologia ou até a Administração Pública. É nas áreas de Farmácia Comunitária, Análises Clínicas e Indústria Farmacêutica que o desemprego está fazer mais vítimas.
Para contrariar o problema, a OF lançou hoje a sua Bolsa de Oportunidades (ver caixa), uma plataforma que visa aproximar diplomados e profissionais da área aos recrutadores. Mas esta não é a única iniciativa da OF na promoção do emprego. Carlos Barbosa explica que nos últimos anos a OF tem vindo promover, por exemplo, ações de formação para desempregados sobre matérias não abrangidas pelo currículo universitário e tem firmado parcerias com associações do sector para potenciar a troca de informação sobre ofertas de emprego. Mas para o bastonário mudar o atual cenário passa também por reconhecer a capacidade do farmacêutico para atuar além dos seus domínios atuais. “A ação dos farmacêuticos, em algumas áreas, encontra-se subaproveitada, em particular no âmbito da prevenção da doença e promoção da saúde. São áreas em que há margem para reconhecer a capacidade do farmacêutico e isso certamente levará a novas oportunidades”, conclui.
Montra de profissionais
Para ajudar a colmatar o flagelo do desemprego que afeta os profissionais do sector, OF lançou ontem uma plataforma virtual que reúne no mesmo espaço os perfis de profissionais farmacêuticos disponíveis para abraçar um novo desafio profissional e as oportunidades de trabalho no sector. A Bolsa de Oportunidades da Ordem, de acesso gratuito, é para Carlos Barbosa uma das principais ferramentas de atuação da OF no combate ao desemprego no sector.
Na plataforma, “podem ser disponibilizadas oportunidades de emprego, estágios profissionais, bolsas, incentivos e prémios a projetos realizados por farmacêuticos”. A Bolsa já está ativa a partir do portal da OF e permite aos farmacêuticos personalizarem o seu perfil, como se de uma rede social de âmbito profissional se tratasse. O Bastonário espera a curto prazo conseguir massificar a utilização desta plataforma que já soma cerca de duas dezenas de ofertas disponíveis e 200 profissionais inscritos.