Há 40 anos atrás, um profissional era definido pela empresa onde estava integrado e pela função que exercia. Hoje, garante Paula Rodrigues, responsável pelo departamento de Desenvolvimento de Carreiras e Gestão de Pessoas da Porto Business School, o cenário mudou. “Já ninguém pergunta a um profissional o que faz, mas sim o que tem feito e para quem”, avança a especialista considera que o melhor trunfo que um profissional pode utilizar a seu favor é encarar todos os empregos como etapas de carreira e preparar-se não para estar empregado, mas para ser sempre “empregável”. Uma mudança de mentalidade na qual as instituições de ensino também têm um papel decisivo.
“Todos os empregos da nova economia são temporários e por isso é fundamental que cada profissional saiba criar a sua própria marca, explica a líder do departamento de carreiras da Porto Business School. A velha máxima de que ser bom já não chega, é necessário ser o melhor e ter paixão pelo que se faz é, muito possivelmente, redutora para o atual cenário do mercado laboral onde, garante Paula Rodrigues “o personal branding é já uma questão de sobrevivência”. Segundo a especialista, as empresas procuram hoje profissionais que acrescentem valor em áreas-chave, algumas até onde não existia até aqui uma lógica de profissionalização e que ganham agora, por força da nova economia, uma importância estratégica. “Nos últimos anos, desapareceram do panorama profissional inúmeras funções e outras tantas surgiram, a uma velocidade de tal forma alucinante que ainda não há no mercado profissionais com experiência nessas áreas”, realça. ?
O novo contexto está a lançar novos desafios aos recrutadores e candidatos. Os primeiros passaram a recrutar mais com base no talento e menos na experiência. Os segundos passam a ter nas mãos a capacidade de demonstrar que são mais do que um simples currículo e que são capazes de se motivar por projetos e desenvolver com visão crítica missões em setores ou áreas diversas. “Um profissional são muitos profissionais. Tantos quantas as missões que abraça”, explica Paula Rodrigues, para quem “é mais importante hoje ser empregável do que estar empregado”. O que um profissional tem de assegurar hoje é que se mantém, pela sua imagem no mercado, pelas suas competências comportamentais, pela solidez da sua formação, pelo desempenho na suas funções ou pela abertura à mudança e a novos desafios, atrativo para os recrutadores. Esta é, garante a especialista, a melhor forma de ser um profissional de sucesso a quem não falta trabalho.
O papel das escolas
Nesta missão, as instituições de ensino têm um papel determinante, indo além dos padrões normais de ensino. “Hoje, um MBA não vale por si só no mercado de trabalho. É importante ter um MBA e competencias comportamentais muito bem treinadas”, realça a especialista enfatizando que “escolas como a Porto Business School estão focadas em mudar a vida dos seus alunos e esse é um trabalho que não se faz só ao nível da transmissão de conhecimentos técnicos, mas também treinando as ferramentas necessárias para os aproximar ao mercado e servindo de ponte para esta ligação”.?
À luz desta estratégia, a escola tem desenvolvido nos últimos sete anos formas criativas e out of the box de apresentação dos seus alunos aos empregadores. Depois de no ano passado ter transformado os alunos do The Magellan MBA (que leciona) em super-heróis, a escola de negócios criou este ano a Magellan Valley, uma plataforma online inspirada em Silicon valley, onde cada aluno atua como se de uma startup se tratasse e onde as empresas podem pesquisar o perfil de cada um dos alunos. “A base do conceito criativo sustenta-se na importância da promoção da personal brand enquanto simbolo da sua singularidade profissional”, explica a responsável enfatizando que o sucesso que a plataforma tem registado junto das empresas e dos recrutadores, demonstra que a inovação, a criatividade na abordagem ao mercado e as soft skills são hoje a alicerces para a estratégia de empregabilidade de qualquer candidato. Mais do que mostrar o seu passado e a experiência, os candidatos de hoje têm de mostrar o seu talento, competência e versatilidade.