Cerca de 65% dos jovens atualmente em formação defendem que o atual programa escolar não está a desenvolver ou a melhorar as suas competências digitais, falhando assim a meta de potenciar a sua competência para agarrar as novas oportunidades profissionais que o digital está a gerar. A conclusão é avançada pela consultora Accenture e resulta de um estudo realizado junto de mais de cinco mil estudantes no Reino Unido.
Não há grandes dúvidas de que uma percentagem significativa dos empregos atualmente criados resultam de negócios fortemente ancorados na tecnologia. Mas o que representa um um foco de esperança para as novas gerações de profissionais é também encardo com alguma preocupação. Segundo a Accenture, “os jovens que procuram empregos na economia digital estão preocupados pois acreditam não possuir as competências necessárias para aproveitar estas oportunidades digitais”.
Na base deste receio estará uma desadequação dos modelos de ensino face às reais necessidades das empresas neste setor. As conclusões do estudo revelam que 75% dos jovens inquiridos – entre os 12 e os 17 anos – acredita que as tecnologias digitais vão proporcionar-lhes mais oportunidades de emprego e, destes, metade acredita que economia digital vai ajudá-los a alcançar o seu “emprego de sonho”, em áreas emergentes que surgiram com a revolução digital, como os data scientists. Porém, neste quadro, nem tudo são maravilhas. Embora a faixa etária focada no estudo tenha nascido na era digital e esteja formatada para atuar neste contexto, 65% sentem que o atual currículo escolar não está a cumprir a missão de os preparar com as competências certas nesta matéria.
Para Pedro Lopes, managing diretor, responsável pela Accenture Digital em Portugal, realça que “é positivo que os jovens se sintam motivados pelas novas oportunidades na área digital, mas o facto de acharem que não estão a ser devidamente formados neste sentido é preocupante”. Para o responsável, “esta é a nova geração de profissionais e o futuro das empresas está nas suas mãos”. Pedro Lopes admite que as ofertas de emprego vão ser diferentes no futuro, como resultado do crescimento digital, mas reforça que “ainda que positivas, as mudanças nos programas escolares, tais como a introdução de cadeiras de programação, podem não ser suficientes”. Para o líder da Accenture Digital Portugal, é fundamental que aos jovens “seja dada a confiança necessária para poderem dar o seu contributo em organizações que querem tornar-se fundamentalmente digitais”.
Reinventar o trabalho
São reconhecidas pelos jovens as potencialidades do digital ao serviço do emprego, nomeadamente no que diz respeito aos índices de produtividade (fator destacado por 51% dos inquiridos), da criatividade (48%) ou da flexibilidade que permite para realizar o trabalho (54%). Porém, para Pedro Lopes “poucas organizações abraçaram e adotaram totalmente o digital”.
O especialista realça que “apenas através da conquista de uma estratégia digital relevante para os jovens é que as organizações podem garantir que estes continuem a ter sucesso e a moldar o futuro”. Trata-se, por isso, de utilizar o digital para reinventar a força de trabalho, ainda que metade dos pais inquiridos relembre que “o Homem deve programar as máquinas para efetuarem o máximo de trabalho possível, fazendo com que os humanos desempenhem tarefas mais interessantes e inovadoras”.
Para Pedro Lopes não restam dúvidas de que o digital aportará inúmeras oportunidades no campo laboral, mas acrescenta: “de forma a retirar todo o potencial da sua capacidade de trabalho, as organizações precisam de aumentar as tarefas criativas e automatizar as mais processuais”. Resta às empresas assumirem-se como facilitadores digitais, assegurando aos colaboradores que as suas vidas serão melhoradas pelas soluções tecnológicas adotadas pelas empresas. Este é o caminho para atrair e reter os talentos do futuro.