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Timberland retém talentos através
do voluntariado
O investimento em projectos sociais pode ser um factor decisivo para
o sucesso comercial e elevar o nível de satisfação
e bem-estar dos funcionários nas empresas. Executivos afirmam que
oferecer aos empregados o papel de "bom-samaritanos" ajuda a
atrair e reter empregados talentosos, além de funcionar como um
tónico para a imagem da organização.
Segundo o CareerJournal, o jornal de emprego do Wall Street Journal, na
empresa norte americana Timberland Co., o incentivo ao voluntariado já
é uma imagem de marca e conta com a adesão de 95% dos funcionários
- dos quais 50% afirmam ser essa política a razão principal
para trabalhar na companhia.
Além de patrocinar programas sociais, a Timberland apoia a participação
de seus funcionários nessas actividades, permitindo-lhes que utilizem
uma semana de trabalho em cada ano junto a entidades de caridade locais.
Anualmente, as suas portas são encerradas por um dia, para que
os 5.400 empregados possam participar nos diversos projectos filantrópicos
patrocinados pela empresa. Nos últimos anos, os seus trabalhadores
ajudaram na construção e organização de centros
comunitários, parques infantis, e centros para sem- abrigos.
Os esforços em prol do voluntariado têm obtido resultados
positivos, e hoje em dia a Timberland é tão conhecida pelas
suas botas da moda como pelo seu altruísmo. Gestores desta companhia
são convidados constantemente para palestras e seminários
sobre política social em empresas. Até mesmo o presidente
Bush reconheceu o sucesso desta iniciativa, e citou há apenas um
ano a empresa como um modelo a ser seguido no mundo empresarial.
Com um orçamento anual de 1,2 bilhões de dólares,
dedicar um dia de trabalho ao voluntariado custa à Timberland cerca
de 2 milhões por ano em vendas perdidas e benefícios aos
trabalhadores. Embora negativo à partida, este esforço pelo
social reflecte-se numa maior valorização da empresa por
parte dos consumidores. Para Jeffrey Swartz, chefe executivo da companhia,
, as boas acções funcionam para aumentar as vendas de seus
produtos, já que "fazer o bem e ter sucesso estão
intrinsecamente ligados".
Além de bem-vista pelos consumidores e pelos concorrentes, a empresa
que aposta no voluntariado conquista a aprovação e os aplausos
de seus funcionários. Como prova o caso de Bonnie Monahan , vice
presidente da Timberland, que afirma ter preterido ofertas de salários
maiores em outras empresas para continuar a usufruir da política
social desta firma.
Já Helen Kellog trabalhou até 1999 em uma instituição
avessa a projectos sociais, quando ainda julgava que o apoio a estes projectos
por parte de uma empresa fosse mera estratégia de marketing. À
procura de um empregador "consciente" da realidade à
volta, Kellog finalmente integrou os quadros daquela empresa , onde ocupa
o cargo de "senior manager". Participante assídua de
diversos projectos voltados à comunidade, esta funcionária
afirma sentir-se completamente comprometida com a nova cultura empresarial.
Mas nem sempre o esforço pelo voluntariado foi bem recebido pela
comunidade profissional. Em 1992, Swartz convidou trabalhadores para uma
limpeza organizada por um grupo juvenil em New Hampshire, e contou com
apenas alguns candidatos. Descontente com a fraca resposta, Swartz criou
um departamento específico dentro da companhia para incentivar
a importância do serviço comunitário e criou uma lista
de projectos sociais para que seus empregados neles participassem. Além
disso, estabeleceu uma recompensa financeira no valor de 16 horas (actualmente
40) de trabalho aos funcionários que aderissem a estas actividades.
Ainda assim, muitos empregados e chefes de departamento hesitavam em "desperdiçar"
horas produtivas em actividades não laborais.
Um dos projectos mais notáveis organizado pela Timberland ocorreu
no 11 de setembro, numa escola básica localizada nas redondezas
do World Trade Center. Um grupo de 60 voluntários da Timberland
de New Hampshire e Massachusetts limpou os escombros no meio da fumaça
negra que cobria a cidade, num trabalho incansável que se prolongou
por todo o dia.
Cristina Parga