Recentemente, o nosso responsável financeiro partilhou com o board da empresa o índice de resiliência da OCDE, ou seja, a análise dos sectores mais ou menos resilientes (neste caso, face à crise relacionada com a pandemia). Como vimos, a covid-19 impactou empresas e trabalhadores de maneira diferente, dependendo da sua área de atividade, e o grau como cada organização e profissional é vulnerável a choques económicos depende significativamente das características do sector. Este índice fez-me refletir. Perante o atual teatro global, há que ter alguma cautela — e é inegável que a sentimos junto de alguns dos nossos clientes —, mas temos também de continuar a desenvolver o negócio, a recrutar e formar as equipas com o melhor talento e a procurar oportunidades num contexto económico desafiante.
Sete em dez economistas inquiridos pelo Fórum Económico Mundial afirmam que é pelo menos um pouco provável que venhamos a assistir a um abrandamento da economia. Contudo, creio ser fundamental entender que precaução não deve significar paralisação e que nunca devemos pôr o penso antes de ter a ferida. Se faz parte do executivo de uma empresa, estará natural e sensatamente cauteloso. Mas não deixe que a análise ponderada dos desafios que se avizinham tenha como reverso a perda de oportunidades de negócio, a estagnação da inovação ou o enfraquecimento do capital humano. As características de cada sector podem ajudar a explicar a propagação de choques económicos e, consequentemente, a sua análise pode ajudar a implementar medidas direcionadas e eficazes — tanto durante um período desafiante como para promover a resiliência de longo prazo. Uma perspetiva da indústria pode, portanto, ajudar os líderes a antecipar preocupações que afetam as empresas e os trabalhadores.
A posição financeira da empresa, a forma como produz e fornece os seus serviços, os padrões de procura, o comportamento dos clientes/consumidores… todos os detalhes podem e devem ser meticulosamente analisados e otimizados para tirar o maior partido das oportunidades — que, mesmo quando são em menor quantidade, não desaparecem totalmente. E, acima de tudo, não perca o foco da gestão do seu talento — ele continuará a ser o recurso mais valioso da sua empresa.