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Porque os gestores não delegam



01.01.2000



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Porque os gestores não delegam

Estas condições, riscos e contra-indicações ajudam a explicar as razões pelas quais alguns gestores evitam delegar responsabilidades. Mas não as esgotam. Na verdade, outras podem ser aduzidas:

a) Alguns gestores explicam que gostariam de delegar tarefas nos seus colaboradores, mas logo afirmam a impossibilidade de concretizar tal desejo - alegando incapacidade e/ou ausência de vontade dos mesmos. Pelo menos em certas circunstâncias, essas aduções têm fundamento. Mas também é certo que, outras vezes, se trata de argumentos pseudo-racionais para esconder uma não-assumida incapacidade de abrir mão do controlo pleno das actividades da unidade organizacional que se dirige. Noutros casos, o argumento procura ocultar a insegurança e o temor secreto de que os colaboradores executem correctamente o trabalho e, assim, mostrem que, afinal... o chefe não é indispensável. Ou, então, o motivo real reside no receio de estar a criar concorrentes para o lugar! Trata-se, nestes casos, de uma espécie de culto do preceito que Maquiavel enunciou há séculos atrás ("o que permite a outro tornar-se poderoso arruina-se a si próprio"!!!), mas que os actuais modelos de empowerment combatem.

b)Alguns gestores, cientes das suas reais capacidades e/ou perfeccionistas, receiam ver a sua reputação negativamente afectada pelos erros dos colaboradores. Como consequência, nada delegam, privando os seus colaboradores de aplicarem as suas capacidades e/ou aprenderem com os erros. Por outro lado, ficam assoberbados com trabalho rotineiro que os afastam, física e mentalmente, das tarefas estratégicas que mais influenciam o desempenho da unidade organizacional a longo prazo.

c) Por vezes, os gestores têm receio de sobrecarregar ainda mais os seus colaboradores.

d) A delegação per se liberta o tempo dos gestores. Mas estas ocorrência só se verifica no médio/longo prazo. Com efeito, no curto prazo, é necessário despender tempo a formar o subordinado em tarefas novas. Mais: numa fase inicial, é necessário supervisionar o que está ocorrendo, sob pena de o resultado final poder ser desastroso e não haver oportunidade de remediar os fracassos. Por estas razões, alguns gestores preferem manter sob o seu controlo muitas actividades que, de outro modo, poderiam ser delegadas.

e) A responsabilidade pelo exercício de certas funções pode implicar o conhecimento de determinadas informações sensíveis, pelo que alguns gestores podem preferir não delegar para que não se viole a confidencialidade das mesmas.

f) O argumento de que a delegação é inviável (devido à incapacidade e/ou ausência de vontade dos colaboradores) é, frequentemente, válido. É inquestionável que alguns gestores gostariam de, efectivamente, abrir mão de algumas responsabilidades e competências, ficando libertos para actividades mais prioritárias e estratégicas. Há, contudo, um efeito muito conhecido dos especialistas do comportamento organizacional e que funciona como uma espécie de "pescadinha-de-rabo-na-boca": o efeito Pigmalião.
Trata-se de um fenómeno que, sucintamente, pode ser descrito da seguinte maneira: se um gestor espera que os seus colaboradores sejam capazes e produtivos, eles comportam-se como tal; em contrapartida, se as expectativas são negativas (se o gestor se comporta com os seus colaboradores como se eles fossem preguiçosos, incapazes e incompetentes), os colaboradores tenderão a fazer jus a essa postura, desempenhando mal as suas tarefas. Assim, um chefe não delega responsabilidades nos seus colaboradores porque não confia nas respectivas capacidades e dedicação; a essas expectativas, os colaboradores respondem com menos bom desempenho; este resultado reforça aquela convicção do gestor e torna-o ainda mais renitente em delegar... e por aí adiante.

É certo que a delegação constitui matéria difícil; muitas das reticências são legítimas e resultam de uma avaliação séria e sem preconceitos da situação e da capacidade e vontade dos colaboradores. Ninguém duvidará de que determinadas situações e decisões são incompatíveis com a delegação - mesmo que os colaboradores sejam capazes e empenhados. Por outro lado, gestor algum poderá iludir o facto de que, por vezes, mesmo que a situação seja susceptível de delegação, os colaboradores não possuem perfil adequado. Todavia, não pode esquecer-se o seguinte:

a cultura portuguesa é, tradicionalmente, paternalista, pouco propícia a uma participação alargada nas decisões organizacionais;

alguns gestores têm uma predisposição natural para a delegação, mas estão inseridos em organizações cuja cultura valoriza a centralização e o paternalismo.

Fonte RHM (continua)






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