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Opinião - Liderar Pessoas e Projectos com Inteligência Emocional



01.01.2000



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Liderar Pessoas e Projectos com Inteligência Emocional
(08-08-2006)

Maria Márcia Trigo
Directora do MBA Executivo de Liderança - UAL Business school


1- Racional & Emocional?

As recentes investigações das Neurocências, com destaque para dois investigadores portugueses (António Damásio e, mais recentemente, Miguel Sousa Lobo, da Duke University dos EUA), demostram, contrariando a visão racionalista e fundadora da cultura em que a maioria de nós se formou e formatou, que os dois cérebros (direito\cérebro emocional e esquerdo\cérebro lógico) contribuem, cada um à sua maneira, para a construção da inteligência, da consciência de si e a consciência dos outros, através de uma extraordinária rede neuronal que não conhece fronteiras e se influência mutuamente, independentemente do sexo e da raça.
O conhecimento do mapa cerebral, respectivas funções e interacções, revelam (com Howard Gardner, investigador em Neurologia, em Harvard), a existência de oito tipos de inteligência, sendo que a Inteligência mais complexa é a que abrange a chamada inteligência lógica e a inteligência emocional, ambas indispensáveis ao funcionamento e sucesso das demais inteligências (espacial, cinestésica, musical, lógico-matemática, linguística, interpessoal, intrapessoal, existencial, etc.)
Para percebermos esta influência, foi da maior importância a descoberta das funções relevantes de outras zonas do cérebro, para além da Zona Pré-Frontal ou Neocortex, sede do cérebro racional (Armazém Emocional de todas as nossas vivências) e a Amígdala (funcionando como um gatilho que desencadeia as respostas emocionais). Se cortarmos a ligação entre a Amígdala e o Tálamo, podemos continuar a ver e ter pensamentos, mas não podemos ter sentimentos sobre esses pensamentos e não saberemos decidir e optar. Por isso, as neurociências afirmam que "sem emoções, as competências ficam na gaveta", como se não existissem na realidade. Ou seja, o Cérebro Emocional está ligado e envolve todos os demais cérebros que constante e continuadamente influenciam. E, nesta perpectiva, ele é estruturante de todo o pensamento complexo que caracteriza a economia global competitiva.

Se acrescentarmos que "o papel do líder é primal", isto é, vem em primeiro lugar, em dois sentidos - é o primeiro acto do exercício da liderança e, ao mesmo tempo, é o mais importante - percebemos melhor a importância estruturante do cérebro emocional. De facto, os circuitos cerebrais que interligam o pensamento e os sentimentos são a base neural da Liderança Primal, sendo que os centros emocionais, ou cérebro límbico, comandam o resto do cérebro, em especial em situações de emergência, em situações de criação, inventiva, conflito, e negociação complexa.

2 - A Liderança Emocional é mais Eficaz?

Não há um melhor e único modelo ou estilo de Liderança, pois a sua eficácia correlaciona-se, também, com o contexto, o projecto e as características das pessoas lideradas.

A investigação das Neurociências revelam também que as pessoas produzem mais e melhor quando bem lideradas e que os grandes líderes nos emocionam, exercendo "atracção limbíca" sobre os liderados.

A anatomia neurológica da liderança e dos liderados revela, em termos de função cerebral, que a exstência de ressonãncia entre líder e liderados (por oposição à dissonância) pressupõe que os centros emocionais das pessoas estão sincronizados de forma positiva.Ora, todo o tipo de inteligência emocional e de competências e comportamentos emocionais exerce um efeito altamente positivo e motivador sobre os demais, com base em quatro competências de inteligência emocional, distintivas dos grandes líderes: 1) Energia positiva; 2) Capacidade de iniciativa; 3) Capacidade de trabalhar em equipa; 4) Capacidade para conduzir equipas para a acção e alcançar resultados (David McClelland, Harvard).

Acrescente-se que todas estas dimensões podem ser desenvolvidas, pois não são inactas nem estáticas. É aqui que entra o papel crítico da Educação e o papel estruturante da formação avançada para quadros, executivos e líderes. A Liderança aprende-se.

Mas, liderar com emoção não é o mesmo que liderar com o coração. Esta última expressão constitui apenas uma forma popular de afirmar que é preciso Liderar com a Inteligência Emocional, "popularmente correlacionada com o coração", como sede das emoções, o que não é verdade, como se explicou, pois "a sede das emoções está igualmente no cérebro". Entendo mesmo que a expressão "liderar com o coração" pode mesmo retardar a inclusão nas nossas empresas - com uma cultura muito masculina e supostamente mais racional - de uma liderança mais emocional, e por isso, também, da inteligência e do cérebro todo, em vez de uma gestão, com recurso a apenas metade das nossas competências, do nosso cérebro e da nossa inteligência.






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