Carreiras

Opinião - Como está o mercado de emprego em Portugal?



01.01.2000



  PARTILHAR




Como está o mercado de emprego em Portugal?
(17-02-2006)

Ana Luísa Teixeira
Country manager da MRI Worldwide Portugal


Em Janeiro de 2006 foi conduzido pela MRI Worldwide Portugal um inquérito, através dos seus seis escritórios especialistas, a 459 empresas de praticamente todos os sectores de actividade em que a empresa actua em Portugal. O que se tentava avaliar era sobretudo da intenção das empresas em reduzir, manter ou aumentar o seu quadro de pessoal neste 1º semestre. Trata-se do 57º Hiring Survey levado a cabo em simultâneo nos 35 Países onde opera a multinacional de Executive Search, MRI. O estudo, realizado duas vezes por ano, compreendeu entrevistas a Directores Gerais ou Directores de Recursos Humanos de empresas de todas as dimensões.

Os dados obtidos indicam que durante o primeiro semestre de 2006, cerca de 86% das empresas perspectiva manter ou aumentar o seu quadro de pessoal. A percentagem de empresas que pretende aumentar ou manter o nº de colaboradores é equivalente à do 2º semestre de 2005, com variação de somente um ponto percentual .

Continua a verificar-se que a maior parcela deste conjunto reflecte uma tendência para a manutenção do nº de colaboradores, ainda que o peso relativo que esta assume neste 1º semestre de 2006 seja superior em 8 pontos percentuais aos valores obtidos no 2º semestre de 2005 e em 7 pontos percentuais a igual período do anterior ano.

Na resposta á questão “Planeia aumentar, manter ou diminuir o nº de colaboradores”, de realçar ainda como nota muito positiva a diminuição em 2 pontos percentuais do número de empresas que pretende reduzir os seus quadros, face ao último semestre de 2005, e em 3 pontos face ao 1º semestre do mesmo ano.

Na mesma linha dos resultados que vêm sendo obtidos desde o 1º semestre de 2005, continuamos a assistir a um peso maior das empresas que pretendem aumentar ou manter o nº de colaboradores face ás que pretendem reduzir. Este é um indicador de consistência e de uma certa estabilidade no mercado de trabalho. Um outro indicador bastante favorável é o facto de se notar que a percentagem de empresas que pretende diminuir o nº de colaboradores neste 1º semestre baixou, e vem a baixar desde há um ano, facto que parece consolidar uma viragem. Dentro de um clima de certa contenção e de manutenção, estes indicadores permitem-nos começar a perceber que os momentos vindouros são de maior optimismo e bonança.

Estes dados continuam a reforçar a nossa opinião de que, apesar de os últimos tempos terem sido tempos de instabilidade económica e financeira não só para Portugal mas a nível mundial, as empresas parecem ter aprendido a viver com esta realidade e estão mais consistentes e determinadas no caminho a seguir, dando mostras de uma viragem.

O sector das Tecnologias da Informação apresenta-se claramente como o sector com maior percentagem de empresas que pretende aumentar os seus quadros. Contudo esta percentagem tem vindo a diminuir desde igual período de 2005, passando de 58% nesse período para 47% no 2º semestre de 2005 e para 43% neste 1º semestre de 2006. Logo a seguir, nas intenções de contratação vêm os sectores Farmacêutico , Logística e Segurador. De notar que o sector Farmacêutico e Cuidados de Saúde , que tinha apresentado na intenção de contratação no 2º semestre de 2005 uma baixa significativa de 17 pontos percentuais face ao 1º semestre do mesmo ano (21,2% face a 38%) retomou o dinamismo com 37% de empresas a referirem tencionar aumentar o nº de quadros.

Um caso relevante de queda na intenção de contratação cabe ao sector da Construção Civil e Obras Públicas que passa de um percentual de 32% no ano de 2005 para 13,5% no 1º semestre de 2006. Também no sector do Grande Consumo se verifica uma queda de 6 pontos na percentagem de empresas que pretende aumentar o nº de colaboradores face aos valores do 2º semestre de 2005, remetendo-nos contudo para valores inferiores em somente 1 ponto percentual se compararmos com os obtidos em igual período de 2005.

Se pensarmos na dimensão, manter o número actual de colaboradores parece ser a atitude generalizada das empresas de todas as dimensões, com maior peso para as que integram menos de 100 colaboradores .Reduzir tem a sua expressão mínima nas empresas com menos de 100 trabalhadores. No que respeita ao aumento do seu quadro de pessoal as empresas com mais de 1000 colaboradores são sem dúvida as que se destacam nesta intenção.

No mesmo estudo os representantes das empresas foram questionados sobre se antecipavam sentir dificuldades em encontrar os candidatos certos e com as competências de que necessitavam, nos próximos 6 meses. De realçar que 66% dos inquiridos antecipam como muito difícil ou difícil, encontrar os profissionais qualificados e com as competências de que necessitam, nos próximos seis meses. Destes, 60% referem que essa dificuldade irá sobretudo centrar-se em funções de Chefia de Nível Intermédio ou Operacionais e Técnicos altamente especializados, sendo os departamentos Técnico (41,6%) e Comercial (24,5%) os que maiores preocupações levantam na identificação do candidato ideal. Estas podem ser dicas preciosas para quem se quer especializar.

Comparando os resultados de Portugal com os obtidos nos EUA pode constatar-se que os resultados nos EUA reflectem grande confiança na economia com 55,5% das empresas a planear aumentar o seu nº de quadros nos próximos seis meses, um aumento de 5.1 pontos face à segunda metade de 2005. Temos consciência de que a economia dos EUA é um barómetro para o resto do mundo pelo que os dados são animadores.

Com o mesmo estudo tentou-se também perceber até que ponto a geração do “baby boomer”, que andará actualmente na casa dos 60 anos, irá incrementar a taxa de reformas nas empresas. Questionadas sobre essa problemática apenas 5,9% das empresas inquiridas considerou a possibilidade de um significativo aumento de reformas durante este ano de 2006, e 15,5% algum incremento. Destas, somente 36% consideram ir tomar medidas para manter os colaboradores com ligação á empresa, podendo mesmo evitar reformas, tendo sido abordadas soluções que passaram por facilidades em regimes de trabalho especiais tais como part-time ( 4% ), status de consultor independente ( 12,4%), horário flexível (2%), partilha de funções com outro colaborador a tempo inteiro ( 3%) ou todas as anteriores ( 16%).

Também o recurso ao outsourcing como forma de contratação poderá aumentar para 60% dos inquiridos, sendo que estes se dividem entre pouco incremento (27%) e significativo incremento(6,2%).

Parece que “os ares” do emprego em Portugal começam a ficar mais límpidos e a tempestade a dar mostras de passar, lentamente mas com consistência. Há que ser positivo a saber identificar e aproveitar as oportunidades que o mercado oferece.






DEIXE O SEU COMENTÁRIO





ÚLTIMOS EMPREGOS