Human Capital : Variáveis não controláveis
que influenciam os indivíduos
Nuno Nogueira
A literatura em capital humano normalmente distingue
entre capital humano específico e capital humano geral. Capital
humano específico refere-se à competências e conhecimentos
que são úteis para um único empregador e pelo qual
este está disponível a pagar, enquanto que capital humano
geral é útil para todos os empregadores (tal como a literacia,
por exemplo).
As teorias de desenvolvimento humano distinguem ainda entre vários
conceitos tais como capital social (a sua "herança" social),
o capital formativo (conhecimento partilhável e aprendível)
e o capital individual (a criatividade e capacidade de liderança
própria do individuo), como três partes distintas aplicáveis
pelos indivíduos na actividade económica. Pelo que na teoria
do desenvolvimento humano, quando falamos de capital humano é imprescindível
a combinação dos três conceitos.
Tal significa que o número de variáveis controláveis
pelo próprio indivíduo é muitas vezes limitado. Na
verdade e dependendo do contexto social em cada economia e sociedade,
o capital social tem mais importância e relevância do que
o próprio capital formativo ou de igual forma o capital individual
limita o desenvolvimento do capital formativo.
Aliás, Aprendemos e crescemos com a ideia de que a escola e as
instituições de ensino em geral, nomeadamente públicas,
existem para diminuir significativamente o diferencial de base (capital
social) e potenciar a igualdade de oportunidades ao proporcionar diferentes
níveis de realização e criatividade individual e
potenciando o desenvolvimento formativo para os mais capazes (considerando
o investimento realizado por cada um). Todavia, a realidade demonstra
que por vezes as desigualdades iniciais de capital social são reproduzidas
e até aumentadas nas instituições de ensino originado
discrepâncias significativas nas oportunidades profissionais e pessoais.
De facto, o capital humano é expansível, móvel,
acumulável e partilhável. Todas as suas componentes concorrem
para essas características o que implica que a ausência de
capital social (ou a sua reduzida expressão), implicam uma menor
expansão e acumulação do mesmo, em sentido geral
e por conseguinte obriga o indivíduo nessas circunstâncias
a investimentos adicionais e esforçados no seu capital formativo.
No entanto, se a hipótese de investimento no capital formativo
estiver condicionada no seu acesso, o capital humano contrai-se e diminui
em vez do contrário.
Outras variáveis não controláveis pelo indivíduo
incluem a segmentação do mercado de trabalho, discriminações
por sexo, por minorias étnicas e outras de carácter similar.
Todas concorrem para que a rentabilidade do capital humano seja diferente
para todos os indivíduos, mesmo que com similares investimentos
em capital formativo ou idêntica personalidade.
Embora a rentabilidade do investimento em capital humano seja futura
e por conseguinte de difícil percepção presente,
é responsabilidade do indivíduo criar condições
no sentido de potenciar as probabilidades subjacentes à obtenção
de índices mais elevados de rendibilidade, mesmo tendo em consideração
os efeitos contrários ou negativos de variáveis que não
domine inicialmente.